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desamarrando teias

por Daniela Romcy em 21/12/2016 às 18h24

Bem é tanta miscelânea de informação errada e ignorante (no sentido de quem desconhece algo) que não sei se choro, ou dou risada. Mas como eu sou uma otimista de carteirinha vou tentar desmembrar algumas coisas: Primeiro: A quem fala que o Bar América é do povo, sugiro humildemente a leitura da tese de doutorado intitulada: Muito além da praça José Bonifácio, as elites e os “outsiders” em Cachoeira do Sul, pela voz do Jornal do Povo. Estudar não dói e é de graça. Segundo: Quando se fala que a família tradicional não é a principal forma de junção familiar, isso não quer dizer que à famílias homossexuais são em maior número (esse pensamento ocidental que vê tudo a partir de opostos é podre e incompleto, as coisas são muito mais complexas que o preto ou branco). Mas a verdade é que a família no Brasil é plural, algumas famílias são feitas dos avós com seus netos, da mãe chefe de família, compostas por tios e seus sobrinhos etc... Terceiro: O Gabinete da vice-prefeita é uma coisa, o Espaço Cultural Orelhinha é outro e o Estação Juventude é outra, há uma confusão da população sobre isso. O que é normal, visto que as pessoas adoram falar sem conhecer sobre. Terceiro: O programa federal Estação Juventude, se propõem a empoderar a juventude cachoeirense e propor atividades de mobilização tendo como carro chefe os cines-debates. Não há nada de doutrinação marxista, a capoeira é dada por um membro do PMDB, a oficina de espanhol, por um filho de um vereador do PSDB e por pessoas que não são de partido nenhum, inclusive neste momento tem um monte de senhorinhas ali vendendo artesanato (será que são um bando de mulheres comunistas a tricotar?). Só pra finalizar este ponto: quem ali trabalha não é CC, passou em um edital público e de livre concorrência, na qual qualquer um dos senhores poderiam ter passado, se assim quisessem. Quarto: É um espaço aberto e plural para todas as pessoas que queiram participar, o local está aberto. Inclusive se o menino ali quiser dar oficina de churrasco, de futebol, só chegar, mas dizer que isso é questão de macho, é não saber a mínima diferença entre identidade sexual e identidade de gênero, uma confusão bem comum para as pessoas que não tem a mínima ideia do que estão falando. Quinto: O Governo do PT em Cachoeira perdeu, mas não foi exclusivamente pelo Orelhinha, é dar poder demais pra quem não tem. Essa relação simplista é de quem ou é ignorante ou se utiliza de má-fé. E voltando ao outro ponto, pensaria que se fosse doutrinação marxista, muito mal feito ele foi, vide as eleições que os senhores estão adorando trazer a tona. Sexto: Quanto ao coletivo ele pode e deve continuar independente do Espaço, mas o lugar foi fundamental para efetivação das mobilizações juvenis como do Coletivo LGBT, do RAP, das mulheres e de outros tantos grupos. As ações do projeto estão disponíveis na página do Estação Juventude Cachoeira do Sul. Sétimo: Pra finalizar deixo aqui o depoimento da coordenadora do Projeto Estação Juventude sobre este lugar tão improdutivo: “ E o que tenho vivenciado através desse instrumento público conhecido por Espaço Cultural Orelhinha desde que cheguei em Cachoeira foi exatamente isso: o desabrochar da consciência de uma juventude que está viva e atuante na cidade. Vi jovens periféricos evoluírem em suas rimas e se constituindo enquanto um movimento forte e resistente; vi mulheres se informando e se levantando contra relacionamentos abusivos e contra violência para poder resistir e ajudar outras mulheres, mulheres resistindo contra o machismo através também de arte e cultura; vi jovens negros/as debatendo sobre o extermínio de sua juventude e sobre como combater o racismo; vi o coletivo lgbtt nascer e em seguida esse mesmo coletivo sair às ruas em memória e por justiça ao assassinato brutal de uma jovem negra e trans; vi jovens jogando capoeira, mantendo viva a historia real do nosso povo, além de se mantendo saudáveis tanto o corpo quanto a alma; vi jovens se aperfeiçoando para o mercado de trabalho e para a vida com oficinas de fotografia, espanhol, ingles, braile, etc; vi a saúde da juventude ser debatida com seriedade e através do apoio de diversos profissionais de saúde trazendo campanhas e debates sobre doenças, prevenções e sobre suicídio, um dos grandes tabus da sociedade que se não for discutido não tem como ser combatido; vi a cultura que não recebe incentivo pra acontecer mas mesmo assim segue resistindo através da criatividade e o talento da juventude cachoeirense através do artesanato, grafite, teatro, dança e muita (mas muita mesmo) música boa; vi o cinema acontecer ali de forma pública e gratuita, vi nessas sessões pessoas que nunca entraram em uma sala de cinema por não ter dinheiro; vi solidariedade de uma juventude q saiu as ruas para buscar agasalhos aqueles que necessitavam no inverno, vi a juventude buscando o espaço para estudar para entrar em universidade (e entrar), fazer trabalhos da escola, algus voltarem pra escola, vi a juventude tocar violão, jogar xadrez, jogar truco, até mesmo procurar pokemons; vi uma torcida mista e pacífica assistindo a grenais (dalhe grêmio); vi fortes laços de amizades se criando ali, alguns amores também ♥; vi tudo isso é muito mais acontecendo de forma coletiva, de forma construtiva, com respeito as diferenças e com muito mais muitooo amor e esperança envolvidos! Vi e continuo vendo todos os dias o brilho nos olhos dessa juventude que se sabe sujeito da própria história e que encontrou nesse espaço um lugar para contribuir também na história da cidade onde vive. Vi e continuo vendo uma juventude a margem desse jogo político sujo, que é incapaz de manter uma política pública tão importante para tantos jovens por intriga partidária e ideológica. Vi e continuo vendo uma juventude que nunca precisou ter no bolso o dinheiro para comprar lanche algum em troca de viver tudo isso que relatei acima.( vi muitas vezes essa juventude juntando os trocados para fazer lanches coletivos, onde quem tinha apoiava, mas quem não tinha não deixava de comer por isso) Vi e continuo vendo tudo isso porque o ESPAÇO CULTURAL ORELHINHA existe e porque ele é da JUVENTUDE e de todos/as que acreditam nesses/as jovens! E suas memórias por mais recentes que sejam, continuam vivas e pulsantes enquanto esse espaço (RE)EXISTIR!”

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