Blog do Mistério

A Maldição do Natal

19/12/2024 08:32 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Um conto de Natal...

Na cidadezinha de Boa Vista do Sol, no interior do Brasil, o calor escaldante do Natal trazia consigo uma lenda antiga. Há mais de cem anos, um morador local, Seu Benício, foi cruelmente roubado e assassinado por três homens enquanto retornava da feira com presentes para sua família. No dia seguinte, as águas do rio próximo à cidade subiram misteriosamente, inundando tudo, mas poupando a capela onde Benício costumava rezar. Desde então, acreditava-se que o espírito do homem vagava nas noites de Natal em busca de justiça.

Na véspera de Natal, um grupo de jovens decidiu desafiar a superstição. Reunidos à beira do rio, riam e contavam histórias de terror enquanto assavam carne na brasa. Sem perceber, a temperatura caiu de forma abrupta, algo incomum para aquela época do ano. De repente, um dos amigos notou pegadas molhadas no chão seco que pareciam vir do rio, mas não havia ninguém por perto.

Um silêncio pesado caiu sobre o grupo quando uma figura encapuzada surgiu à margem do rio. Sua voz, rouca e baixa, os acusava de zombarem da memória dos mortos. Assustados, os jovens tentaram correr, mas o chão se tornou lamacento, como se o rio quisesse engoli-los. Apenas um deles, Pedro, conseguiu gritar uma prece improvisada, pedindo perdão em nome do grupo.
Ao amanhecer, os jovens foram encontrados na margem do rio por pescadores locais, tremendo de frio sob o calor do sol.

Todos estavam cobertos de lama, mas vivos. Pedro, no entanto, segurava um antigo amuleto que ninguém na cidade reconhecia. Ele foi levado à capela, onde confessou o ocorrido ao padre local. O objeto foi guardado como um símbolo de reconciliação.

Desde aquele dia, os moradores de Boa Vista do Sol iniciaram uma nova tradição: na noite de Natal, eles acendem lamparinas à beira do rio e fazem orações pela alma de Seu Benício. Os mais velhos juram que, nas noites mais silenciosas, é possível ouvir passos na margem e ver uma figura solitária carregando um saco de presentes que nunca chegam ao destino.

A lenda continua viva, um aviso para respeitar as memórias do passado e a força dos mistérios que o verão abrasador esconde.

 

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