Blog dos Espíritos
A criança e a reencarnação
Nossos filhos são espíritos
É tão desenvolvido, quanto o de um adulto, o Espírito que anima o corpo de uma criança? “Pode até ser mais, se mais progrediu. Apenas a imperfeição dos órgãos infantis o impede de se manifestar. Obra de conformidade com o instrumento de que dispõe”. Com esta resposta à pergunta de Allan Kardec, os Espíritos Superiores nos ensinam a complexidade e responsabilidade das relações entre pais e filhos, constituindo um dever sagrado e importantíssimo o de zelar e cuidar daqueles que recebemos para orientar e educar.
Na infância, o Espírito reencarnante está contido em um corpo delicado e meigo dependente de seus pais para seu sustento e desenvolvimento físico e moral. Neste período, os pais através do amor e do desvelo ao pequeno ser auxiliam a evolução deste Espírito, que graças ao Pai, não se lembra do passado e busca o afeto como forma de alimento ao seu Eu. É nesta fase que devemos corrigir as más tendências trazidas no inconsciente destes pequeninos, e assim auxiliá-los verdadeiramente em sua nova jornada. Não basta apenas alimentos, presentes, boas escolas, e sim se faz necessário o verdadeiro amor.
Kardec ainda nos explica, no Livro dos Espíritos, que o esquecimento do passado ocorre de forma providencial na reencarnação da criança, uma vez que, se os pais reconhecem no bebê de colo o inimigo do passado, todo o resgate estaria comprometido. A ciência explica que a fragilidade do bebê leva não apenas a mãe, mas todos que o rodeiam a ter cuidados especiais e uma maior atenção.
Educação, a base da infância
Conforme cresce, a criança aprende com os pais conceitos de como se portar em sociedade, moral e atitudes. Algumas dessas atitudes são trazidas como parte de sua memória de vidas passadas, necessitando da atenção dos pais para corrigi-las ou incentivá-las.
Receber um filho é muito mais do que escolher o nome, a escola em que a criança vai estudar e sonhar com a profissão que ela vai ter. Receber um filho é um compromisso muito grande, onde nem sempre quem recebe é um espírito afim. Podemos estar em um momento de resgate de vidas passadas, onde exista uma animosidade sem explicação esquecida nessa experiência para que os envolvidos possam resolvê-la e ser diluída com o amor. Ou estamos recebendo alguém que sobre nossa tutela veio aproveitar essa experiência para crescer e evoluir enquanto espírito. Essa é uma das grandes responsabilidades que recebemos ainda no plano espiritual, nos preparando para reencarnar.
Na questão 208 de “O Livro dos Espíritos” está escrito que o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação; isso é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado.
Ainda nas obras da Codificação, no Evangelho Segundo o Espiritismo, recebemos mais um alerta ante nossa responsabilidade: “(…) compreendei agora o grande papel da Humanidade; compreendei que, quando produzis um corpo, a alma que nele encarna vem do espaço para progredir; inteirai-vos dos vossos deveres e ponde todo o vosso amor em aproximar de Deus essa alma; tal a missão que vos está confiada e cuja recompensa recebereis, se fielmente a cumprirdes. Os vossos cuidados e a educação que lhe dareis auxiliarão o seu aperfeiçoamento e o seu bem estar futuro”.
Somos, portanto, responsáveis pela educação de nossos filhos e pela base que os levarão a fazer boas escolhas no futuro. Devemos ter em mente que não só as palavras, mas os nossos atos diante das situações do mundo educam muito mais. Se os pais não ligam importância alguma a isso e confiam a educação dos filhos tão somente à escola, não poderão mais tarde surpreender-se com a conduta ou a insensibilidade dos seus filhos.
A reencarnação e suas etapas
Toda criança é um espírito repleto de vida e de história. É muito importante saber trabalhar com esta história e aproveitar os recursos que foram arduamente desenvolvidos em dezenas (ou centenas) de encarnações.
A reencarnação e o início na vivencia corporal é composta por várias fases. André Luiz, no livro, “Missionários da Luz”, nos esclarece que a reencarnação se inicia na fecundação e se completa por volta dos 7 anos de idade, já que é um processo e, portanto, não possui um ponto limite, uma fronteira a não ser seu início e seu fim.
Anete Guimarães, médica e espírita, comenta algumas fases de desenvolvimento do espírito e da criança após o nascimento, conforme abaixo:
a) De 0 a 6 meses de vida, o espírito fundamenta o seu “eu” e forma a base da sua personalidade. Neste período ele passa a maior parte do tempo dormindo, pois está se adaptando a sua nova encarnação. Esta fase é fundamental para o seu equilíbrio e se houver algum problema como: violência física, verbal ou rejeição, poderá surgir no futuro transtornos psicológicos de alta gravidade, pois ainda tem a consciência de sua vida adulta anterior e que irá influenciar muito no comportamento emocional do adulto.
b) Entre 6 meses e 4 anos de vida, o espirito já começa a ter a consciência de sua nova vida atual, desenvolve o reconhecimento das pessoas que vivem ao seu redor. É comum a lembrança de suas experiências passadas e por isso às vezes são vistos como gênios. Eles têm intensa atividade cerebral e multiplicação de neurônios.
c) De 4 a 7 anos de idade, começam a estabelecer as hierarquias, o julgamento de valores, as preferencias afetivas, a sua personalidade. Por isso é uma fase perfeita para sua educação moral e espiritual.
d) Aos 7 anos o sistema orgânico (corpo) já está totalmente ligado ao espirito. Nesta fase a personalidade da criança em termos estruturais já estará formada.
Criança, o renascimento da esperança
A criança é o símbolo vivo da oportunidade que o Espírito recebe para novas experiências no plano físico. Sem a presença da criança no mundo, este perderia todas as suas expressões de amor e beleza, no entanto, sem a orientação segura da criança o mundo se comprometeria irremediavelmente.
O sorriso contagiante da criança é um bálsamo e ao mesmo tempo um hino de reconforto e esperança que se renovam para vida no plano terreno. Do mesmo modo que os adultos e os velhos necessitam garantir às crianças e aos jovens os recursos para o seu futuro tranquilo e harmonioso, cabe aos meninos e moços respeitar o papel daqueles que, mediante lutas e sacrifícios, buscam preservar a sua jornada física e espiritual na Humanidade que nos acolhe.
Se difíceis são determinados momentos que vivemos, principalmente nas épocas de transição, todos devem se unir, crianças, jovens adultos e velhos no esforço conjunto de melhorar os corações e o mundo em que vivemos, valorizando assim os recursos divinos que recebemos da misericórdia de Deus.
XAVIER, Francisco Cândido (André Luiz) – “Missionários da Luz”.
KARDEC, Allan – “O Livro dos Espíritos”, “O Evangelho Segundo o Espiritismo”
Federação Espírita Brasileira (FEB) – Evangelização Infantil
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