Nascido em 13 de maio de 1901, foi um poeta mineiro que fez parte da 2 ª Geração Modernista. Publicou seu primeiro livro, Poemas, em 1930 e, destacou-se por escrever poemas com expressivas características surrealistas, recusando-se a reproduzir padrões textuais convencionais. 

Assim como os poetas de sua geração, utilizou de versos livres e brancos e usou da ironia e do sarcasmo como mote em sua criação literária.

Além dessas referidas características, sua poesia apresentou um teor metafísico, apresentando por vezes traços religiosos, conflitos espirituais e existenciais.

Seu livro de estreia foi bastante influenciado pela primeira geração.

Poemas reúne poemas-piadas, sátiras e criticidade por meio de fino sarcasmo e humor.

Um dos poemas mais conhecidos dessa obra foi Canção do Exílio, em que Murilo Mendes faz uma paródia da obra homônima de Gonçalves Dias, importante poeta do Romantismo Brasileiro.

No poema citado, Mendes faz uma critica a respeito da visão “pura” de nacionalismo, afirmando que sua terra na verdade, é feita das mais diversas misturas.

A partir de 1934, o autor passa a produzir poemas fortemente influenciados pelo surrealismo, vanguarda que trazia como proposta artística um olhar afastado da racionalidade e mais próximo do inconsciente.

A presença de elementos surrealistas na poesia de Murilo Mendes está mesclada com a preocupação existencial do poeta com sua própria história, juntamente com o caráter social.

Desomen é um poema síntese dessa fase do poeta.

O termo, dá origem ao “não homem’’, ou seja, aquele que tira a humanidade do mundo, que se desfaz da arte e da religiosidade. O poema ainda cita elementos da 2ª Guerra Mundial, como câmaras de gás e campos de concentrações. 

Na poesia de Mendes, o sagrado, o místico e o transcendental dividem espaço com o social.

Sua escrita revela um modo de reconstruir, lidar e se libertar das dores, do caos e das mazelas existenciais. 

Em resumo, trata-se de um poeta fortemente influenciado pela estética surrealista e influenciado pelo contexto histórico de guerra e ditadura militar, trazendo, consequente a seus poemas reflexões a respeito das mazelas do mundo. 

Murilo Mendes fez parte da segunda geração modernista (1930-1945), que é assim caracterizada:
- Escritores e escritoras passam a dedicar-se à reflexão do mundo contemporâneo.
- Questionamento sobre o sentido da existência, do porquê de estar-se no mundo.
- Necessidade de resgatar a crença na espécie humana, apesar de a realidade inspirar o pessimismo.
- Conflito espiritual: como acreditar na existência de Deus diante de uma realidade tão atroz?
- Poesia focada no contexto sociopolítico.
- Liberdade para utilizar todo tipo de recurso formal: versos livres (sem rima e sem métrica), brancos (com métrica e sem rima) ou regulares (com métrica e rima).
- Marcas do surrealismo

O desomem
O desomem sem h desova o desomem a desmulher a descriança
O desomem desova o desamor o antissemitismo o anticristicismo
as câmaras de gás
os campos de concentração o pânico o serrote o martelo a torquês
o pânico dos pânicos
O desomem desova a desarte a despoesia a desmúsica a despedida do homem
O desomem desova a fome a peste a guerra a morte