Blog dos Espíritos

A oração que Jesus nos ensinou

10/03/2025 09:32 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

O "Pai Nosso", oração ensinada por Jesus, é um dos maiores legados espirituais que ele deixou à humanidade. Essa prece possui um profundo significado, refletindo não apenas um pedido a Deus, mas também uma orientação moral e espiritual para o ser humano. Na Doutrina Espírita, a oração não é apenas um ato de súplica ou de petição, mas também uma forma de elevação moral e de sintonia com o plano espiritual e, principalmente, um ato de gratidão. Ela nos conecta com a nossa verdadeira essência e com os princípios divinos que regem a vida, nos liga ao nosso espírito protetor, ou anjo de guarda, que vem em nosso auxílio para nos guiar pelo bom caminho. 

No Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec nos esclarece: “Os Espíritos hão dito sempre: ‘A forma nada vale, o pensamento é tudo. Ore, pois, cada um segundo suas convicções e da maneira que mais o toque. Um bom pensamento vale mais do que grande número de palavras com as quais nada tenha o coração”.

 “A qualidade principal da prece é ser clara, simples e concisa. Cada palavra deve ter alcance próprio, despertar uma ideia, pôr em vibração uma fibra da alma. Numa palavra: deve fazer refletir. Somente sob essa condição pode a prece alcançar o seu objetivo. O "Pai Nosso", por sua simplicidade e profundidade, sintetiza todos esses aspectos, servindo como uma bússola moral para os Espíritos encarnados.

"Pai Nosso, que estais nos céus"
A abertura da oração nos faz lembrar da transcendência e da soberania de Deus sobre tudo e todos. Ele não está apenas no céu físico, mas em tudo que é puro e elevado. Segundo a Codificação Espírita, Deus é a inteligência suprema do universo, e este reconhecimento da nossa pequenez diante da imensidão divina nos auxilia a desenvolver a humildade. Entender que Deus está em todos os lugares e em tudo nos ensina que o Criador é a fonte de todo bem, e a oração nos aproxima desse bem.

"Santificado seja o vosso nome"
Aqui, Jesus nos convida a reconhecer a santidade de Deus, que é perfeita em sua essência. Para a Doutrina Espírita, o respeito e a veneração ao nome de Deus não são apenas um ato de devoção, mas também um convite à moralização da nossa conduta. Santificar o nome de Deus é buscar viver em conformidade com os ensinamentos divinos, a começar pela prática do amor ao próximo, da caridade e da fraternidade.

"Venha a nós o vosso Reino"
O Reino de Deus, de acordo com o Espiritismo, não é um lugar distante ou celestial, mas um estado de perfeição e harmonia moral que devemos buscar construir em nós mesmos e em nosso entorno. Allan Kardec, nas obras "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "O Livro dos Espíritos", fala sobre a necessidade de transformação moral do indivíduo para que ele possa atingir a verdadeira felicidade. O "reino" é, portanto, um estado de consciência onde a paz e o amor prevalecem.

"Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu"
A aceitação da vontade divina é um dos maiores desafios espirituais. Na Doutrina Espírita, a resignação diante dos desígnios de Deus é o caminho da evolução. Kardec nos explica que a dor e o sofrimento que enfrentamos são resultados das nossas transgressões às leis divinas, do nosso livre-arbítrio, que na maioria das vezes nos desviam do caminho reto que visa ao aprendizado e ao progresso do espírito. Assim, aceitar a vontade de Deus com fé e confiança nos ajuda a desenvolver a paciência e a compreender que tudo o que ocorre conosco é resultado da Lei de Causa e Efeito, e tem como finalidade nossa evolução e aprimoramento. 

"O pão nosso de cada dia nos dai hoje"
Este pedido é um lembrete da necessidade de humildade e de reconhecimento das bênçãos diárias que recebemos. Aqui o pão representa muito mais do que a comida material; ele simboliza a sustentação espiritual que precisamos para nosso corpo e alma. A oração nos ensina a pedir não apenas pelo sustento físico, mas também pela saúde mental, emocional e espiritual. Allan Kardec alerta que devemos buscar a verdadeira nutrição, que é a educação do espírito e o cultivo de virtudes.

"Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido"
O perdão é uma das principais lições de Jesus e é central no Espiritismo. Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", enfatiza que o perdão é uma das mais altas expressões de caridade e amor ao próximo. Perdoar não é apenas liberar o outro, mas também libertar a si mesmo das amarras do ódio e da vingança. Ao pedir a Deus que nos perdoe, fazemos um compromisso de também perdoar aos outros, reconhecendo que todos somos imperfeitos e em processo de evolução. Essa é talvez uma das partes mais importantes dessa prece, e também a mais difícil de ser praticada, no estágio de imperfeição que ainda nos encontramos. Porém, devemos nos esforçar para refletir e pôr em prática esse ensinamento tão vital.

"Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal"
Este pedido final reflete o nosso desejo de orientação e proteção espiritual. De acordo com o Espiritismo, as tentações são desafios que surgem em nossa jornada evolutiva e a oração é um meio de buscar a força necessária para superá-las. Kardec ensina que as tentações, seja no mundo material ou espiritual, são parte da experiência de aprendizado, mas a oração nos ajuda a encontrar equilíbrio e discernimento para agir com sabedoria e evitar o mal. Todos nós temos conosco espíritos protetores, anjos de guarda e espíritos queridos que vem em nosso auxílio e buscam nos inspirar para o bem; devemos pedir sempre orientação para que possamos vencer as más inclinações, as dificuldades e os vícios, superando esses desafios.

Deste modo, o "Pai Nosso" é uma verdadeira lição de vida, pois, ao ensiná-la, Jesus nos direciona a viver segundo os princípios divinos. A Doutrina Espírita, interpreta essa oração como uma chave para a evolução moral do ser humano, convidando-nos a refletir sobre nossas atitudes, a praticar o bem e a buscar a transformação interior. Cada frase da oração é uma etapa no caminho do autoconhecimento, da melhoria moral e da proximidade com Deus, que é a fonte de toda luz e amor. Centelha divina da qual todos nós temos um pouquinho, basta que busquemos interiormente esta parte de Deus em nós, para nos reconectarmos ao nosso Criador.

 KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.

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