Blog da Poesia
A poesia contemporânea de Ana Martins Marques
Ana Martins Marques nasceu em 1977, em Belo Horizonte. É autora de Vida Submarina, Da arte das armadilhas, entre outros. Essas obras mencionadas foram vencedoras do Prêmio Cidade De Belo Horizonte e do Prêmio Biblioteca Nacional de Literatura em 2007 e 2012, respectivamente.
O livro das Semelhanças, outra obra importante da autora, reflete sobre a vida e os espaços explorando as fronteiras sentimentais entre o mundo sensível e a folha em branco, entre o real e o imaginário. Em resumo, refletem sobre a essência da produção textual da autora.
O que eu sei?
Sei poucas coisas sei que ler
é uma coreografia
que concentrar-se é distrair-se
sei que primeiro se ama um nome sei
que o que se ama no amor é o nome do amor
sei poucas coisas esqueço rápido as coisas
que sei sei que esquecer é musical
sei que o que aprendi do mar não foi o marque só a morte ensina o que ela ensina
sei que é um mundo de medo de vizinhança
de sono de animais de medo
sei que as forças do convívio sobrevivem no tempo
apagando-se porém
sei que a desistência resiste
que esperar é violento
sei que a intimidade é o nome que se dá
a uma infinita distância
sei poucas coisas
Relâmpagos
Certas máquinas são feitas para o esquecimento.
Há dias em que sinto trabalharem em mim
as confusões do relâmpago.
Então coleciono letras, órbitas, radares.
A linha que me liga aos quadris dessa noite imensa
é a mesma que sai da garganta aberta do dia.
Vejo as estrelas desenharem-se em constelações,
sei muitas coisas rápidas, precisas,
por alguns instantes.
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Plano piloto para poesia concreta [1958]
Por Augusto de Campos, Décio Pignatari e Haroldo de Campos