Blog dos Espíritos
A reencarnação e a justiça de Deus
Objetivos da reencarnação
No Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo IV, vamos encontrar a definição: “A reencarnação é a volta da alma ou Espírito à vida corpórea, mas em outro corpo especialmente formado para ele e que nada tem de comum com o antigo”. Mas afinal, qual seria o objetivo da reencarnação? A resposta encontramos em O Livro dos Espíritos, pergunta 167: “Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?”.
A reencarnação se baseia nos princípios da misericórdia e da justiça de Deus. Na misericórdia divina porque, assim como o bom pai deixa sempre uma porta aberta a seus filhos faltosos, também Deus – por intermédio das vidas sucessivas – dá oportunidade para que os homens possam corrigir-se, evoluir e merecer o pleno gozo de uma felicidade duradoura. Na justiça divina porque os erros cometidos e os males infligidos ao próximo devem ser reparados na atual ou em novas existências, a fim de que, experimentando as mesmas dificuldades infringidas, os homens possam resgatar seus débitos e conquistar, assim, o direito de ser felizes.
A unicidade das existências é injusta e ilógica, pois não atende às sábias leis do progresso espiritual. É injusta porque grande parte dos erros humanos é resultante da ignorância e, numa única existência, não nos é possível o resgate de todos nossos erros, principalmente quando o arrependimento nos sobrevém quase no final da existência. É preciso dar oportunidades ao arrependido, para que ele comprove sua sinceridade por meio das necessárias reparações. E é ilógica porque não pode explicar as grandes diferenças de aptidões e condições das criaturas humanas desde a infância, as ideias inatas e os instintos precoces, bons ou maus, independentemente do meio em que a pessoa tenha nascido.
Oportunidades redentoras
Assim, as reencarnações representam para as criaturas imperfeitas valiosas oportunidades de resgate e de progresso espiritual. Como nos ensina Emmanuel: “Para todos nós, que temos errado infinitamente, no caminho longo dos séculos, chega sempre um minuto em que suspiramos, ansiosos, pela mudança de vida, fatigados de nossas próprias obsessões”.
“É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em prática resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justas são elas, no entanto, como espólio do passado – herança que serve à nossa romagem para a perfectibilidade”. (Allan Kardec, “O céu e o inferno”).
Já em “O Livro dos Espíritos”, pergunta 171, os Espíritos Superiores da Codificação vêm complementar, respondendo o questionamento “em que se funda o dogma da reencarnação?”: “Na justiça de Deus e na revelação, pois incessantemente repetimos: o bom pai deixa sempre aberta a seus filhos uma porta para o arrependimento. Não te diz a razão que seria injusto privar para sempre da felicidade eterna todos aqueles de quem não dependeu o melhorarem-se? Não são filhos de Deus todos os homens? Só entre os egoístas se encontram a iniquidade, o ódio implacável e os castigos sem remissão”.
Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova. “Cada encarnação é como se fora um atalho nas estradas da ascensão. Por esse motivo, o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma bênção divina, quase um perdão de Deus”. (Emmanuel)
Apesar da bondade e misericórdia divina, não devemos nos esquecer da lei de causa e efeito, achando que podemos permanecer sem reparar nossos erros. Sobre essa questão, Allan Kardec vem trazer, na obra “O céu e o inferno”: “A misericórdia de Deus é infinita, sem dúvida, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado e, enquanto não houver satisfeito a justiça, sofre a consequência dos seus erros. Por ser de infinita misericórdia, não devemos pensar que Deus seja inexorável: deixa sempre abertas as portas da redenção”.
Vida futura e esperança
A justiça da reencarnação se expressa na oportunidade do retorno para aprender, recomeçar o que foi deixado inacabado, consertar o que foi destruído, dar continuidade aos projetos maiores da vida. Ser otimista é de extrema importância, avaliar que frequentemente nos aparecem situações que nos propiciam fazer o certo, fazer o bem e sermos felizes o quanto podemos neste abençoado planeta Terra.
O comentário de Allan Kardec à questão 171 reforça a esperança no futuro e nas oportunidades de regeneração que nos são apresentadas sempre: “A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde a ideia da justiça de Deus, com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam. O homem que tem consciência da sua inferioridade encontra na doutrina da reencarnação uma consoladora esperança”.
A Doutrina Espírita afirma que o Espírito nunca regride moral e intelectualmente. Ou estaciona ou evolui. Portanto, basta vermos nossas atitudes atuais para termos ideia do que fomos e tomarmos consciência do que precisamos ser. Ao desencarnarmos e chegarmos no mundo espiritual, nossa verdadeira pátria, nosso Espírito irá rever algumas de suas vidas passadas e compreenderá o porquê das dificuldades da última existência. Absorverá toda a experiência para chegar ao progresso almejado. Reencarnação, portanto, é sinônimo de justiça e bondade de Deus. Façamos nossa parte, procurando sermos melhores hoje do que fomos no dia de ontem. Com certeza, a vida nos sorrirá com mais frequência, abrindo-nos novos horizontes, sem as dores e frustrações atuais.
XAVIER, Francisco C. Emmanuel. “Justiça divina”; “Emmanuel”.
KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”; “O céu e o inferno”.
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