Existe um pequeno mistério cercando uma tela exposta na casa-museu Charlote em Agudo, um mistério lindo para quem neles acredita.

Primeiramente, vale lembrar que o local foi inspirado na obra do escritor cachoeirense Mildo Fenner. Cada peça, cada móvel foi organizado conforme a descrição do livro Charlote, que narra os desafios dos imigrantes alemães em terras brasileiras, sob a perspectiva de uma mulher: Charlote. 

Para começo de conversa, Charlote, realmente existiu e isso já faz a coisa mudar de figura. A ficção se torna um detalhe ao tratar de um personagem verdadeiro em situações totalmente realistas. Charlote representa muitas pessoas. Charlote nos faz pensar naqueles que construíram o mundo que hoje habitamos. E talvez por isso a casa inspirada em sua vida tem uma atmosfera diferente, sentimento relatado por muitos dos visitantes do local.

Assim deve ter sentido o artista que recebeu a missão de pintar uma tela com a imagem de Charlote, que está instalada na sala, notável desde a entrada da casa. A descrição para a imagem veio do livro Charlote, mas, ao final, o artista adicionou uma rosa-vermelha nas mãos da moça. O livro não fala na rosa e o artista não sabe explicar porque sentiu a necessidade de fazer esta adição.

A verdade é que a tela ficou maravilhosa, Charlote está lá, em seu olhar gracioso para todos os visitantes. Para a rosa em suas mãos há diversas teorias, também tenho as minhas, prezado leitor, mas acredito que o belíssimo mistério que combina com o livro de Mildo Fenner, não deva ser resolvido com especulações.

Charlote tem um livro. Charlote tem uma casa. Charlote tem uma rosa. Todos temos um pouco de Charlote.