Blog dos Livros
A trajetória de um disco
“A cidade não para, a cidade só cresce/o de cima sobe e o debaixo cresce” é uma das rimas mais conhecidas da música brasileira, criadas pelos precursores do chamado manguebeat, movimento liderado por um grupo de pernambucanos que incluem o músico Chico Science e a Nação Zumbi. A música faz parte do álbum “Da lama ao caos,” de 1994, que é esmiuçado no lançamento de “Da lama ao caos: que som é esse que vem de Pernambuco?,” nova publicação das Edições Sesc São Paulo. Escrito pelo paraibano radicado no Recife, o jornalista e crítico musical José Teles, o livro reconstrói a trajetória do disco que transformou a música brasileira.
José Teles entrevistou músicos, produtores, empresários, diretores de gravadoras, designers, fotógrafos e jornalistas para recontar a história e os bastidores do disco que colocou Recife –a quarta pior cidade do mundo,” de acordo com relatório de 1991, da ONU, no centro de toda a cena cultural dos anos 1990. O livro é o primeiro da Coleção Discos da Música Brasileira, organizada pelo crítico musical Lauro Lisboa Garcia.
A obra relata com detalhes impressionantes toda a a trajetória de Chico Science, desde a primeira vez em que foi ao Jornal do Commercio para informar aos jornalistas da festa intitulada “Black Planet,” que aconteceria dia primeiro de julho de 1991, em Olinda. O rapaz, franzino, mas de fala empostada, disse que ele e sua turma “lucubravam “ novas sonoridades, e gostaria de propagar a música que eles tinham criado. “O ritmo chama-se mangue,” definiu o garoto chamado Francisco de Assis França, que se tornou Chico Science. Foi a primeira publicação dos garotos na imprensa.
Em uma série de livros, a coleção Discos da Música Brasileira apresenta em cada volume a história de um importante álbum que marcou a música, seja pela estética, por questões sociais e políticas, pela influência sobre o comportamento do público, como representantes de novidades no cenário artístico ou, também, por seu impacto no mercado fonográfico.
José Teles é jornalista, crítico de música e cronista do Jornal do Commercio, de Recife, desde 1980. O paraibano radicado no Recife, que assina este volume, é um dos mais conceituados jornalistas de música do Brasil, com atuação em publicações como Correio de Pernambuco e O Pasquim. É autor de livros sobre o Quinteto Violado, Manezinho Araújo e Chico Science, além do antológico “Do frevo ao manguebeat.”
Trecho:
“Naquele fim de década, o mundo não estava ainda tão conectado pela internet, mas as novidades não demoravam tanto para chegar ao Brasil, sobretudo porque houve uma nova abertura dos portos com a volta da democracia ao país. Até um pouco antes, desde o fim da censura em 1979, as mudanças procediam a passos largos. Os computadores domésticos começavam a se tornar acessíveis. Quem tinha grana comprova um 286, de memória lerda, e quantidade limitadíssima de armazenamento.”
(Página 33)
DEU EMPATE
Pela primeira vez, deu empate entre dois livros na escolha do Prêmio AGES Livro do Ano de 2023. “Júpiter Marte Saturno,” de Irka Barrios, e “Lápis preto na linha d’água,” de Adriana Maschmann, empataram nos votos secretos de autores e autoras da Associação Gaúcha de Escritores (AGES). O prêmio é conferido entre as obras publicadas em 2022, em primeira edição, por escritores e escritoras naturais ou residentes no Rio Grande do Sul.
FRENTE PARLAMENTAR
Na semana passada foi recriada na Câmara dos Deputados a Frente Parlamentar em Defesa do Livro, da Leitura e da Escrita, com mais de 200 assinaturas de parlamentares. Tendo como líder a deputada federal Fernanda Melchionna, que é bibliotecária, a frente tem como objetivo propor, acompanhar e cobrar a implantação de leis já existentes que visam ao fomento e democratização do livro e da leitura, além de envolver atores sociais e entidades nacionais nesta luta.
Leituras:
“E assim é o ser humano: tão vazio que se preenche com qualquer coisa, por mais insignificante que seja.”
(Blaise Pascal (1623-1662), matemático, escritor, físico, inventor, filósofo e teólogo francês, com trabalhos significativos nas ciências naturais, ciências aplicadas e estudo dos fluídos).
Destaques:
A PRAIA DE SOPHIA
Autores: Mário César Both e Maria do Carmo Both
Este livro é dirigido para crianças e adolescentes, em uma história contada por uma menina. Na obra, há registros de 34 espécies de baleias, botos e golfinhos, além de sete espécies de leões-marinhos. Maria do Carmo Both é médica veterinária de animais silvestres, fotógrafa da natureza, ilustradora, artista postal e observadora de aves. Ela já identificou mais de cem espécies de aves em nosso litoral, mais especificamente nas áreas próximas à praia de Curumim, no município de Capão da Canoa. Irmão da ilustradora, Mario Both é médico em Cachoeira do Sul, onde foi cronista do Jornal do Povo e O Correio. Com vários livros publicados, participou também de quatro edições da coletânea “Médicos Pre (escrevem).”
Editora Farol 3. 28 páginas. R$ 45,00.
A SOMBRA ENTRE O ROSA E O AMARELO
Autores: Alunos do Colégio Sinodal Barão do Rio Branco
Sob a coordenação da professora Valéria de Campos Loreto, a turma do nono ano do Colégio Sinodal Barão do Rio Branco de Cachoeira do Sul escreveu este romance que conta a história de dois jovens que residem no local de nome Volta da Charqueada, no município. A turma é composta pelos seguintes alunos: Ana Clara G. Wayss, Bernardo B. Machado de Oliveira, Catherine Elisa P. Rupp, Eduardo João de Matos, Estêvão Berthold, Felipe de Araújo Ceolin, Gustavo da Silveira Lima, Isabela M. Paz, Isabela Simone G. Oliveira, João Alfredo Mombach, João Francisco Files, João Francisco W. C. da Silva, João Gabriel V. Dias, João Pedro F. Neves da Fontoura, Júlia da Cunha da Rosa, Laura Costa Nunes. Laura C. Garske, Livia R. de Lara, Luiz Antônio R. Carbonari, Maria Clara P. Magalhães, Maria Fernanda Bartmann Carneiro, Matheo N. Dias, Pedro Peixoto D’Elia, Sofia S. Cauduro e Théo H. Nunes. As ilustrações são de Marllon Silva.
Editora Júnior. 72 páginas. R$ 30,00.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul).
Encontrou algum erro? Informe aqui