Agro gaúcho vem a Cachoeira

Pelo menos 10 mil produtores rurais de todo o Rio Grande do Sul são esperados, amanhã, a partir das 8h, em Cachoeira do Sul para uma grande manifestação em defesa da reconstrução do agronegócio gaúcho. A concentração acontecerá no parque da Fenarroz. A pauta é extensa e o movimento S.O.S RS Agro é espontâneo, criado a partir dos grupos de WhatsApp de produtores e técnicos ligados ao agronegócio, mas ganhou apoio da Farsul, Fecoagro, Fetag, Federarroz e outras entidades setoriais que devem enviar representantes ao evento. Ministros, governador, secretários estaduais, senadores e deputados gaúchos estão convidados. Sindicatos rurais de diferentes regiões estão organizando caravanas para os agropecuaristas.

O governo federal está atento à mobilização dos agropecuaristas e pretende amenizar o impacto de eventual desgaste já incluindo alguns anúncios de apoio à recuperação do agro gaúcho no Plano Agrícola e Pecuário 2024/25, o Plano Safra, que será anunciado hoje, às 15h, pelo presidente Lula da Silva e os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira. Pelo menos R$ 475 bilhões serão anunciados em recursos para a próxima safra brasileira, R$ 100 bilhões a menos que o reivindicado pelo setor e pela Frente Parlamentar da Agricultura.

Ontem, no final da tarde, os organizadores do movimento se reuniram com outras lideranças setoriais na sede da Farsul, em Porto Alegre, para ajustar a pauta. O foco principal é a renegociação dos custeios e financiamentos de investimentos que venceriam, inicialmente, em 15 de julho. Diante da tragédia climática, o governo federal prorrogou para 15 de agosto o pagamento das operações de crédito agrícola no Rio Grande do Sul. 

PERDA TOTAL
A questão é que muitos produtores perderam a safra toda, máquinas, sistemas, estruturas e até as casas e não terão como pagar nem em agosto e nem antes da próxima safra, e ainda perderão o acesso ao crédito e não poderão plantar a próxima safra. A Farsul reivindica a criação de uma linha de crédito com juros de 3% ao ano, prazo de pagamento de 15 anos e dois anos de carência.

“A situação se agrava porque além de tudo o que aconteceu nas terras baixas, estamos vindo de dois anos de seca, com muitas perdas também em lavouras de coxilha, que agora teve milho, soja e outras atividades afetadas pelo excesso de chuvas. E isso descapitalizou o produtor, que precisa de soluções para voltar a plantar”, explica Lucas Scheffer, um dos líderes do movimento.

ATENÇÃO
Carlinhos Wachoolz, presidente da União Central de Rizicultores (UCR) considera a manifestação muito importante para Cachoeira e região. “A nossa região foi a mais atingida no Rio Grande do Sul e as perdas são muito significativas, no caso estrutural, principalmente no arroz, mas também na produção de soja, milho e na pecuária. Vamos levar décadas para nos recuperar deste tombo”, avaliou. Segundo ele, as dificuldades de acesso, com desvios e pontes provisórias na RSC 287, em Santa Maria, na BR 153 em Cachoeira, e na RSC 287 em Candelária e em Venâncio Aires, já antecipará aos participantes a gravidade das perdas setoriais.

IMPORTANTE
O objetivo do movimento SOS Agro RS, que se declara apartidário e acima de interesses político-partidários, é mostrar que o campo tem pressa por soluções para os prejuízos causados pelas cheias de maio e para as dívidas remanescentes das últimas temporadas afetadas pelas estiagens. O movimento busca respostas para a destruição no campo, e convidou os ministros Carlos Fávaro e Paulo Pimenta. Ontem houve reunião com o secretário estadual da Agricultura, Clair Kuhn. Sindicatos rurais de diferentes regiões estão organizando caravanas para levar os agropecuaristas.

O MANIFESTO
S.O.S RS AGRO

Prejuízos levam produtores a temerem não conseguirem semear a próxima safra

Inclusão e representatividade
Todos os produtores, independentemente do porte ou especialização (seja na agricultura familiar, pequena, média, grande, do setor leiteiro, pecuária, orizicultura, uva, piscicultura, apicultura, soja, hortaliças, fruticultura, toda a cadeia produtiva, etc.), são essenciais e bem-vindos.

Apartidarismo e foco no produtor
Nosso movimento é apartidário, sem uso de quaisquer bandeiras, centrado nos desafios e necessidades dos produtores, acima de quaisquer interesses políticos. Todo aquele que tiver interesse contrário, pedimos que se retire voluntariamente, e se, identificado, será retirado do grupo e responderá por quaisquer atitudes que não sejam as do objetivo do grupo. Buscamos aqui renegociação de dívidas que os produtores já vêm sofrendo primeiro com a seca dos últimos 3 anos e por último as chuvas que devastaram parte de nosso estado. Se esse não for seu objetivo ou não concordar com estas regras, pode se retirar do movimento SOS Agro RS.

Apoio à Farsul
Comprometemos-nos integralmente com as demandas e propostas apresentadas pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).

Defesa da agricultura e pecuária e de toda sua cadeia produtiva
Nossa missão é assegurar que as políticas públicas atendam efetivamente às demandas da agricultura e pecuária gaúcha, garantindo sua viabilidade e crescimento sustentável.

Transparência e democracia
Todas as decisões do movimento serão tomadas de forma transparente e democrática, assegurando a participação igualitária de todos os membros.

Mobilização responsável
Nosso engajamento será sempre pacífico e responsável, respeitando integralmente as leis e regulamentações vigentes.

Diálogo e negociação
Priorizamos o diálogo contínuo com autoridades e instâncias pertinentes, buscando a negociação como principal meio de alcançar nossos objetivos.

Respeito e solidariedade
Celebramos a diversidade de opiniões e experiências entre os produtores, promovendo um ambiente de respeito mútuo e solidariedade.

Compromisso com o futuro
Assumimos o compromisso de trabalhar incansavelmente pelo futuro próspero da agricultura e pecuária no Rio Grande do Sul, garantindo sua sustentabilidade para as gerações vindouras. Queremos possibilitar a permanência dos agricultores no setor e assim contribuir para reerguer o estado do Rio Grande do Sul.
FONTE: S.O.S RS AGRO