Blog dos Espíritos

Ansiedade, fé e espiritismo

10/06/2024 08:43 - por Rosane Sacilotto

Contra a ansiedade
A ansiedade tem se transformado, nos últimos anos, em um dos maiores inimigos do homem. Ficar ansioso em determinadas situações de grande estresse ou expectativa é normal, mas a ansiedade patológica, aquela em que se deseja antecipar tudo o que imagina ser importante, pode provocar uma sensação de mal-estar físico e psíquico diante de qualquer situação cujo o futuro é incerto. Vão se acumulando momentos de ansiedade, renovando-os, mantendo-nos em um estado ansioso perene, constante. 
Nestes casos, a ansiedade traduz desarmonia interior, insegurança e insatisfação.

É a exteriorização do inconformismo, do qual decorre a incerteza em torno das ocorrências do cotidiano. Não podemos controlar todas as variáveis da vida, pois sempre haverá situações que escapam do nosso alcance, fogem do nosso controle. Nesses momentos, nos quais fizemos tudo o que nos cabia, nos quais utilizamos de todos os recursos possíveis, cabe-nos apenas aguardar os desígnios da vida. E será nesse exato momento que agirá a nossa fé.

A fé é construída no entendimento de que Deus provê todas as nossas necessidades e de que tudo que nos ocorre está sob os desígnios divinos. A fé nos tranquiliza e acalma na dificuldade. Porém essa fé, que combate a ansiedade, não nasce do nosso emocional, ela é trabalhada na razão, na compreensão da presença de Deus e Jesus em nossas vidas e na certeza desse amparo amoroso e cuidadoso.

No Brasil, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde de 2020, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. Isso seria o equivalente a cerca de 18,6 milhões de pessoas. A ansiedade é uma ocorrência comum na criatura humana. Ao nascer, trazemos a incerteza da trajetória que precisamos para a nossa missão principal: evoluir. Essa incerteza decorre das inúmeros existências que tivemos e nas marcas que trazemos gravadas em nosso espírito.

Na Codificação Espírita
Allan Kardec, em pergunta aos Espíritos Superiores, questionou sobre essa característica comum que existe em nossa personalidade, e que se agrava, num dado momento, sem que percebamos: “Na incerteza em que se vê, quanto às eventualidades do seu triunfo nas provas que vai suportar na vida, tem o Espírito uma causa de ansiedade antes da sua encarnação?”. Ao que os Espíritos Superiores lhe deram como resposta: “De ansiedade bem grande, pois que as provas da sua existência o retardarão ou farão avançar, conforme as suporte” (O Livro dos Espíritos, questão 341). 

Jesus, Mestre incomparável, conhecendo profundamente a alma humana, no inigualável Sermão do Monte, deixou-nos o seguinte ensinamento com o objetivo de nos prevenir contra a ansiedade: “Não vos inquieteis por saber onde achareis o que comer para sustento da vossa vida, nem de onde tirareis vestes para cobrir o vosso corpo. Não é a vida mais do que o alimento e o corpo mais do que as vestes? Observai os pássaros do céu: não semeiam, não ceifam, nada guardam em celeiros; mas, vosso Pai celestial os alimenta.

Não sois muito mais do que eles? — e qual, dentre vós, o que pode, com todos os seus esforços, aumentar de um côvado a sua estatura? Por que, também, vos inquietais pelo vestuário? Observai como crescem os lírios dos campos: não trabalham, nem fiam; — entretanto, eu vos declaro que nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. — Ora, se Deus tem o cuidado de vestir dessa maneira a erva dos campos, que existe hoje e amanhã será lançada na fornalha, quanto maior cuidado não terá em vos vestir, ó homens de pouca fé!

Não vos inquieteis, pois, dizendo: Que comeremos? ou: que beberemos? ou: de que nos vestiremos? — como fazem os pagãos, que andam à procura de todas essas coisas; porque vosso Pai sabe que tendes necessidade delas. Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo. — Assim, pois, não vos ponhais inquietos pelo dia de amanhã, porquanto o amanhã cuidará de si. A cada dia basta o seu mal” (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXV).
O espírito Emmanuel, que também foi mentor de Chico Xavier, quando participou em espírito do surgimento do Espiritismo, na Codificação, assina uma belíssima mensagem em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, intitulada “O egoísmo”, que nos diz: “O egoísmo, chaga da Humanidade, tem que desaparecer da Terra, a cujo progresso moral obsta.

Ao Espiritismo está reservada a tarefa de fazê-la ascender na hierarquia dos mundos. O egoísmo é, pois, o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem apontar suas armas, dirigir suas forças, sua coragem. Digo: coragem, porque dela muito mais necessita cada um para vencer-se a si mesmo, do que para vencer os outros. Que cada um, portanto, empregue todos os esforços a combatê-lo em si, certo de que esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho é o causador de todas as misérias do mundo terreno. É a negação da caridade e, por conseguinte, o maior obstáculo à felicidade dos homens”.

A certeza de que Deus nos provê as necessidades passa a substituir o sentimento de ansiedade, quando não o de medo e insegurança perante a vida. Dessa forma, se nos percebermos por demais ansiosos, busquemos a meditação, a reflexão profunda nos ensinamentos de Jesus e na nossa relação com Deus. Utilizemos a oração para nos amparar na construção da fé raciocinada, da compreensão da vida, da confiança em Deus. E também a caridade, tudo isso constitui importante antídoto contra a ansiedade. 

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

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