Blog dos Espíritos

As virtudes: caridade

09/09/2024 09:26 - por Rosane Sacilotto

Caridade é ação
A caridade, segundo o Espiritismo nos ensina, é o exercício do bem e do verdadeiro amor (puro, incondicional, sem interesse de qualquer recompensa) e ao mesmo tempo um dever de cada indivíduo para com os demais, em todas as circunstâncias. É, portanto, uma ação, indo além da interpretação que comumente se lhe atribui, de apenas benevolência material, de oferecimento de esmola ou do sentimento de piedade em favor de alguém que esteja em situação de inferioridade em relação àquele que o pratica; trata-se sim de um movimento íntimo de amor ao próximo, de empatia, saber se colocar no lugar e na situação daquele que naquele momento necessita de nossa atenção, de nossa caridade. 

Esta virtude é tão fundamental para o ser humano, que ela é uma das leis de Deus para a evolução das criaturas. Não foi sem razão que os Espíritos Superiores ensinaram que “fora da caridade não há salvação”. A interpretação espírita acerca da caridade parte do estudo da Lei de Justiça, Amor e Caridade, contida nas obras básica da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, especialmente em “O Livro dos Espíritos”, sendo a mais importante de todas as leis em razão de que ela resume todas as outras nove leis. Esta divisão da lei natural em dez partes, abrange todas as circunstâncias da vida.

A justiça humana procura simplesmente se ajustar à lei, que por si só é fria, é letra morta, diz respeito a uma norma. A obediência cega a uma lei pode levar a uma injustiça, e é neste caso que o amor e a caridade entram como um complemento da lei de Justiça, uma vez que amar ao próximo é fazer-lhe todo o bem que gostaríamos que nos fosse feito.

A virtude mais importante
“A caridade é a virtude fundamental que deve sustentar todo o edifício das virtudes terrenas. Sem ela não existem as outras. Sem caridade não há fé nem esperança, porque sem a caridade não há esperança de uma sorte melhor, nem interesse moral que nos guie. Sem a caridade não há fé, porque a fé é um puro raio que faz brilhar uma alma caridosa; ela é a sua consequência decisiva.

Quando deixardes que o vosso coração se abra à súplica do primeiro infeliz que vos estender a mão; quando lhe derdes sem se perguntar se sua miséria é fingida ou se seu mal tem um vício como causa; quando deixardes toda a justiça nas mãos de Deus; quando deixardes a cargo do Criador o castigo de todas as falsas misérias; enfim, quando praticardes a caridade pelo só prazer que ela proporciona, sem questionardes a sua utilidade, então sereis os filhos que Deus amará e que chamará para si” (S. Vicente de Paulo).

Caridade é uma conquista do ser humano no seu caminho de evolução, na medida em que as criaturas compreenderem melhor o significado profundo da caridade, buscando praticá-la em todos os pensamentos e atos, estarão se modificando para melhor e caminhando para uma sociedade mais justa e igualitária, onde a dor e o sofrimento de uns, dirão respeito aos demais, movimentando as criaturas para serem, de fato, mais humanos. 

Caridade e transformação íntima
Este sentimento busca a transformação moral do ser para melhor, em um processo que se dá de dentro para fora, ou seja, o ser humano, na medida que vai despertando para a sua realidade espiritual, percebe a necessidade de atuar em si próprio, dá-se conta que o maior desafio da criatura humana é vencer-se a si mesmo, então dedica-se a esta transformação gradual, que principia pelo conhecimento, de si próprio, da vida, de Deus, das criaturas. E a caridade se faz o caminho mais eficaz para esta transformação, em razão de que combate frontalmente o egoísmo e o orgulho, que são as duas maiores chagas da humanidade.

Meritória é a atitude dos que distribuem o pão, o agasalho, o remédio e o socorro para o corpo, pois, assim, praticam a solidariedade, ensinando-a aos que observam. Mas acima dos bens materiais que detemos provisoriamente, por empréstimo divino, todos possuímos valores espirituais que devemos igualmente oferecer àqueles que de nós se aproximam. A caridade se expressa na alegria e no bom ânimo com que procuramos contagiar os tristes e os aflitos.

Consiste na paz, felicidade e confiança que irradiamos no lar, no trabalho, na escola e na sociedade em que vivemos. Se já sabemos distribuir o pão do corpo, aprendamos a distribuir o pão da fraternidade e o tesouro da amizade sincera com todos aqueles que compartilham a experiência evolutiva na Terra.

O apóstolo Paulo define que a caridade é maior das virtudes: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e até mesmo a língua dos anjos, se não tiver caridade, sou apenas como um metal que soa e um sino que tine; e ainda que tivesse o dom de profecia, e penetrasse em todos os mistérios, e tivesse uma perfeita ciência de todas as coisas; e se tivesse toda a fé possível, capaz de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada serei”.

Por mais que transcorram os milênios, os ensinamentos de nosso modelo e guia, Jesus, são sempre atuais, pois os valores que enobrecem o ser não mudam nunca e os desafios permanecem os mesmos ao longo dos milênios. O verdadeiro e maior desafio da criatura humana prossegue sendo “vencer a si mesmo” e sem caridade este desafio se torna intransponível. Direcionemos nossos melhores recursos na prática da caridade e colhamos os frutos benignos do amor pelo árduo caminho de ascensão que todos necessitamos trilhar.

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. “O Livro dos Espíritos”; “Revista Espírita de agosto de 1958”.

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