Blog dos Espíritos
As virtudes: fé
A fé raciocinada
Derivada do latim fides, a palavra fé significa crença. Assim, ter fé é acreditar com convicção em algo sem ter provas materiais para crer. A fé pode ser cega ou raciocinada. A fé cega aceita sem qualquer verificação aquilo que lhe é exposto e em excesso pode gerar fanatismo. Já a fé raciocinada examina o objeto da crença para verificar se aquilo que se diz é verdade ou não, e tem como base o estudo sério do assunto exposto.
A Doutrina Espírita possui três aspectos: Filosofia, Ciência e Religião, e isso confere a ela autoridade para falar em fé raciocinada. No Evangelho Segundo o Espiritismo vamos encontrar o apoio a esta autoridade do Espiritismo: “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade. A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada”.
A fé raciocinada deixa de possuir conotação de algo obtido por uma graça, por um mistério que não pode ser explicado. Ela, portanto, difere de tudo o que caracteriza a fé religiosa cega, porque baseia-se na busca do entendimento e do discernimento. Há uma lucidez maior dos conhecimentos adquiridos e uma melhor captação de conhecimentos novos. O indivíduo que a possui já experienciou no passado vivências, aprendizados, dores, que hoje lhe transmitem toda uma certeza e confiança no futuro.
O alicerce forte da fé
O Espiritismo facilita a reparação dos erros numa experimentação consciente e nisto está o fortalecimento da nossa fé. Todo este entendimento nos conduzirá à certeza, à confiança e à esperança, proporcionando-nos encarar de frente a razão em todas as épocas da humanidade.
A fé precisa ser alicerçada pelo conhecimento e pela razão, uma vez que analisando as diversas situações que se apresentam diante de nós, podemos compreender de maneira racional qual é o tipo de acontecimento que está presente naquele momento e como ele pode ser contornado ou solucionado. E, diante de fatos sem solução, continuamos com fé na justiça divina, na bondade e no acolhimento proporcionados pelos ensinamentos do Evangelho, que comprovam que nenhuma ovelha será perdida e abandonada e que, portanto, ninguém está sozinho ou entregue à própria sorte dentro do imenso universo.
Essa fé que remove montanhas, mas não montanhas de terra ou de areia, e sim os desafios que estão presentes na nossa vida o tempo todo, desde pequenos acontecimentos a grandes tragédias, mas que podem ser superados com a presença sempre bem-vinda da fé. Podemos concluir, portanto, que fé inabalável, é aquela que está ancorada no conhecimento e na análise racional que traz luz aos fatos e nos dá segurança para prosseguir com confiantes na grande jornada evolutiva da vida.
A fé ativa
Ter fé não significa esperar de braços cruzados que as soluções de nossos problemas caiam dos céus. A fé deve ser ativa, e não passiva. Como bem nos ensina o Evangelho Segundo o Espiritismo: “A fé é o sentimento inato, no homem, da sua destinação. É a consciência das prodigiosas faculdades que traz em germe no íntimo, a princípio em estado latente, mas que ele deve fazer germinar e crescer, através da sua vontade ativa”. Ao que Allan Kardec complementa essa importante lição dos Espíritos Superiores da Codificação: “A fé precisa de uma base e essa base é a perfeita compreensão no que se deve crer. E, para crer, não basta ver: é preciso, sobretudo, compreender”.
Que a fé possa oferecer a esperança em todos os momentos da vida, sustentada pela razão que dá discernimento necessário de forma coerente à renovação interior. Sobre o crer e o sentir, o conhecimento e o amor se fortalecem quando o despertar dessa consciência é acompanhado de ações práticas. É o que nos ensina Jesus a respeito do reconhecimento do verdadeiro Cristão: “A fé se não tiver obras, é morta em si mesma”.
KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
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