Filhos da Terra
A humildade pode ser definida como um estado ou condição do ser humano, parte integrante de seu caráter e de suas virtudes, sendo o contrário do orgulho, da vaidade, da soberba e da prepotência. A palavra humildade vem do latim húmus, que significa “terra” ou “filhos da terra”. A humildade é uma qualidade que pode ser perfeitamente conquistada. Claro que, como toda conquista, se obtém aos poucos, com esforço, dedicação, disciplina e perseverança, mas, depois de consolidada, só nos traz benefícios, das mais variadas ordens.

Humildade verdadeira nada tem a ver com submissão. Também não é um mero aspecto de nossa personalidade, não é um traço psíquico. É, antes de tudo, uma forma de encarar a vida. É importante notar que ser humilde não é viver na miséria. O pobre que é humilde sabe aceitar sua situação com resignação, e o rico que é humilde sabe aproveitar sua riqueza em favor do próximo, porque, acima de tudo, a humildade é riqueza espiritual.

Lições de humildade de Jesus
Em Jesus, o Cristo de Deus, encontramos o maior exemplo de Humildade.  Ele veio do Mundo Espiritual, aceitando como berço uma simples manjedoura e o lar humilde de um carpinteiro. Como Mestre, viveu entre os humildes e consolou os tristes, despedindo-se do mundo pelos braços da cruz, ao lado de dois malfeitores. 

Jesus disse: “Bem-aventurados os humildes, pois deles é o reino dos céus”. Não por acaso ele proferiu essas palavras. Como sábio que era, tinha plena consciência que os humildes estão muito mais próximos de Deus do que os arrogantes e egoístas. A humildade é uma precondição para a liberdade espiritual. O egoísmo sempre foi considerado como a fonte de todos os males do mundo e deve ser superado, para que a simplicidade, a tranquilidade e a naturalidade possam despertar e se tornarem o caminho para a libertação espiritual.

O Evangelho Segundo o Espiritismo, em seu capítulo VII, nos traz importante mensagem para refletirmos: “A humildade é uma virtude muito esquecida entre vós. Os grandes exemplos que vos foram dados pouco são seguidos. Entretanto, sem humildade, podeis ser caridosos com o vosso próximo? Oh! não, pois este sentimento nivela os homens, dizendo-lhes que todos são irmãos, que se devem auxiliar mutuamente e os conduz ao bem. Sem a humildade, apenas vos adornais de virtudes que não possuís, como se trouxésseis um vestuário para ocultar as deformidades do vosso corpo. Lembrai-vos daquele que nos salvou; lembrai-vos da sua humildade, que o fez tão grande e o colocou acima dos profetas”.

Virtude conquistada
A humildade é uma das maiores conquistas do Espírito, e quem consegue conquistar esta virtude, aceita, sem constrangimento, a obrigação de trabalhar e servir em benefício de todos, sem alarde dos próprios recursos que possui.

A Doutrina Espírita, para citar um único exemplo, em variadas passagens de suas cinco obras básicas, recomenda que as leiamos e as estudemos de modo continuado e permanente, a fim de a conhecermos e a compreendermos para nos tornarmos melhores, mais úteis, muito mais felizes, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade melhor e mais justa, com influência direta e positiva na melhoria das relações humanas e sociais. Para que assim, nos tornando pessoas melhores, compreendendo a verdadeira realidade em que estamos inseridos, possamos contribuir para a evolução do nosso planeta e caminhando rumo à perfeição, à fraternidade universal.

Assim, uma pessoa humilde está sempre disposta a aprender e deixar brotar no solo fértil da sua alma a boa semente. A verdadeira humildade é firme, segura, sóbria, e jamais compartilha com a hipocrisia. É uma das mais nobres virtudes, pois somente predispõe o seu portador à sabedoria real. 

Uma pessoa humilde se compromete e realiza. Respeita aqueles que lhe são superiores e trata de aprender algo com todos. O humilde sempre faz algo mais, além da sua obrigação. Compartilha suas experiências com colegas e amigos e está sempre disposta a ouvir todas as opiniões e a reter as melhores. Quem é humilde cresce sempre e evolui, quem é orgulhoso fica estagnado, iludido na falsa posição de superioridade.

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.