Blog dos Espíritos

As virtudes: perdão

26/08/2024 09:25 - por Rosane Sacilotto

Doar além
Perdoar vem de uma expressão latina per donare, que significa doar além, doar um pouco mais. Deste modo, perdoar é o ato de doar a nossa compreensão, o nosso entendimento e aceitação a alguém, afinal somos todos imperfeitos em um planeta-escola, onde nos encontramos para nossa evolução.

E se nós prestarmos atenção no Evangelho, o tempo inteiro Jesus Cristo nos fez essa proposta, para doar sempre um pouco mais. O Evangelista Lucas chega a dizer que se sentia um servo infiel por ter feito somente o que era do seu dever. Porque a ideia de Jesus era a da importância de darmos sempre um pouco mais.

Perdoar é um processo mental e espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição.

Jesus e o perdão
No Capítulo X de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, intitulado “Bem-aventurados os que são misericordiosos”, encontramos o ensinamento de Jesus a Simão Pedro, transcrito pela instrução dos Espíritos Superiores a Kardec: “Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração.

Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre. Ele, o justo por excelência, responde a Pedro: – perdoarás, mas ilimitadamente; perdoarás cada ofensa tantas vezes quantas ela te for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que torna uma criatura invulnerável ao ataque, aos maus procedimentos e às injúrias; serás brando e humilde de coração, sem medir a tua mansuetude; farás, enfim, o que desejas que o Pai celestial por ti faça”.

Imperfeitos que somos, em nossa jornada evolutiva, inúmeros têm sido os nossos erros, quem nos ofende hoje, provavelmente esteja retribuindo aquilo que lhe oferecemos no pretérito. Quando Jesus nos recomenda perdoar setenta vezes sete vezes, está nos concitando a perdoar sem restrições, quantas vezes forem necessárias, em favor do nosso próprio equilíbrio espiritual.

Da nossa imperfeição moral é que vem a dificuldade que temos em perdoar. Muitas vezes somos ofensores impiedosos daqueles que nos rodeiam, entretanto, quando nos tornamos vítimas, a nossa dor parece infindável e maior do que a dor que podemos provocar em outrem, ao ponto de nos acharmos injustiçados.

Lições de Chico
Chico Xavier já nos alertava: “No meu ponto de vista, a virtude mais difícil de ser posta em prática é a do perdão; perdoar exige um esforço de autossuperação muito grande”. Quando erramos e reconhecemos o nosso erro, desejamos receber o perdão daquele que foi vitimado por nós, todavia, muitas vezes não somos capazes de perdoar. Há uma dificuldade muito grande em se colocar no lugar do outro. Esquecemos que somos falíveis e costumamos apontar os erros alheios.Falta-nos compreensão e tolerância. 

Todos nós, sem exceção, já erramos muito no passado, continuamos errando no presente e ainda erraremos no futuro. Assim, devemos perdoar os erros dos nossos semelhantes da mesma forma como gostaríamos que os outros perdoassem as nossas faltas. Se o perdão fosse utilizado por nós, sem dúvida, seríamos pessoas mais saudáveis, mais alegres, mais felizes. Porque o perdão beneficia, fundamentalmente, não apenas a pessoa que o recebe, mas principalmente a criatura que o oferece.

Normalmente, os indivíduos que são perdoados não estão liberados da própria culpa, são perdoados, mas não limpos. Aqueles contra quem erraram são capazes de perdoá-los, mas eles, que cometeram o erro, ainda continuam carregando em si, muitas vezes, o peso daquele erro.

 Chico Xavier também nos aconselhou: “Perdoa agora, hoje e amanhã, incondicionalmente. Recorda que todas as criaturas trazem consigo as imperfeições e fraquezas que lhe são peculiares, tanto quanto, ainda desajustados, trazemos também as nossas”.

O perdão liberta
Podemos observar que a criatura que tem dificuldades para perdoar os outros, também é aquela criatura que não se perdoa a si mesma. E isso não é um sinal de justiça e consciência, mas sim de orgulho. Ela imagina que jamais poderia ter praticado aquele desatino, jamais poderia ter cometido aquele delito, nunca poderia ter errado. Para ela o problema não é ter errado, é ter alguém tomado conhecimento do seu erro. E neste caso, além do erro, temos o orgulho e a vaidade a dominar as ações a atrasar a evolução e o entendimento.

Perdoar faz bem para o corpo e para a alma. Todos nós almejamos a felicidade e para ser feliz é necessário viver em harmonia, buscando a paz interior. Para isso é necessário manter a consciência tranquila e o coração livre de sentimentos negativos como o ódio, o rancor e a mágoa. Quando nós paramos para pensar nisso, nos damos conta de que o perdão resolveria tudo. Basta que estejamos com o coração aberto para doá-lo e recebe-lo.

KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

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