COTIDIANO
Devoção diária à Santa Josefa
Diversos cachoeirenses tiram momentos ao longo da semana para rezar junto ao túmulo
Diversos cachoeirenses tiram momentos ao longo da semana para terem um momento de espiritualidade, rezando junto ao túmulo da Santa Josefa. A santa que era escrava e teria sido morta por seu dono por razões fúteis é uma das lendas religiosas mais antigas e populares de Cachoeira do Sul e a capela dedicada a ela, na Rua Comendador Fontoura, é ponto de visitas frequentes de dezenas de devotos.
Um desses devotos é o autônomo Ubiratan de Souza, 55 anos. Ele conta que diariamente vai até o local e reza para agradecer e pedir bênçãos. “Minha mãe, que já é falecida, vinha sempre. Herdei dela o costume e faço questão de vir pois quando ela esteve doente, foi graças à santa que tive alguns dias mais ao lado dela”, contou.
Junto ao túmulo e no muro ao lado, são dezenas de placas de agradecimento fixadas por graças alcançadas. “Muitos vêm agradecer pela saúde”, conta Nilton Moreira Soares, aposentado que mora na vizinhança e se desloca duas vezes por semana para cuidar do espaço. Segundo ele, um dos casos mais emblemáticos é de um senhor que sofria de câncer de próstata e que depois de vencer a doença pagou pela cobertura que fica sob o túmulo.
PLAQUINHAS
O aposentado fez um pedido aos devotos, para que evitem fixar no local placas com material de maior valor. “Aqui haviam colocado algumas de cobre, mas foram roubadas. O melhor é utilizar materiais mais simples”, sugeriu. No próximo dia 16, o movimento negro de Cachoeira do Sul fará a segunda procissão em homenagem à Santa Josefa – com percurso iniciando na Praça José Bonifácio e com a imagem dela sendo levada até a capela.
Nilton: aposentado que cuida do túmulo orienta a evitar placas de bronze
ATENÇÃO
A lenda mais popular conta que o túmulo de Santa Josefa vertia sangue e que um tempo depois foram abrir seu caixão e teriam encontrado seu corpo intacto. A história se popularizou e se mantém uma tradição de devoção à santa que é centenária. A existência de seus restos mortais no túmulo é um mistério.
Diversos devotos fixam mensagens de agradecimento por graças alcançadas
Devoção à santa desde a infância
Tais com a filha Sofia e o neto Theo: Santa Josefa deu amparo em momento difícil / divulgação
A advogada Taís Schmidt Bordignon conta que sua ligação com a Santa Josefa vem desde sua infância. “A história da Santa Josefa foi contada pela minha mãe, quando eu ainda era criança, deveria ter uns 5 ou 6 anos. Como eu era asmática e tinha crises muito fortes, iniciei os pedidos de ajuda à santa. Lembro de sentir uma sensação de alívio após cada oração. Durante a infância, a adolescência e já na fase adulta, segui sendo devota dela”, conta.
Há quatro anos, quando sua filha Sofia engravidou, seu neto nasceu com três cardiopatias congênitas, e precisou ser internado e passar por uma cirurgia de alto risco, realizada ano passado. “Foi Santa Josefa quem mais me trouxe amparo neste período difícil. Após a cirurgia, UTI e poucos dias no quarto do hospital, tivemos alta. Hoje, ele é uma criança saudável. Fiz uma placa de gratidão por ela nos acompanhar nesta jornada, fixei junto ao túmulo dela. A fé nela me manteve em pé”, relembra.
IMPORTANTE
Tramita na Câmara de Vereadores um projeto de lei da vereadora Telda Assis para incluir no calendário oficial do Município a data de 16 de novembro como marco para festividades alusivas à Santa Josefa, que chegam em 2024 ao segundo ano. A ideia de celebrar a santa que foi escrava é também de estabelecer em Cachoeira os chamados territórios negros, locais que têm significado histórico para os afros no Brasil, que representem sua luta e resistência. A capela e o túmulo de Josefa seriam um destes espaços encarados dessa forma.
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