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Drop – Ameaça Anônima: perigo digital
O que aconteceria se o seu celular fosse bombardeado por mensagens misteriosas dizendo para você matar alguém? Ok. Deixe de imaginar o que você faria, apenas assista ao thriller de suspense e mistério “Drop: Ameaça Anônima” (2023). Dirigido por Christopher Landon (de “A Morte Te Dá Parabéns”), o filme começa como um romance leve e termina como um pesadelo tecnológico. Violet (Meghann Fahy), uma mãe viúva, prepara-se para seu primeiro encontro com Henry (Brandon Sklenar), um fotógrafo charmoso que conheceu online.
Enquanto sua irmã Jen (Violett Beane) cuida de seu filho Toby, Violet se dirige a um restaurante luxuoso — até que seu celular é invadido por mensagens anônimas: "Mate seu acompanhante ou sua família morrerá". O que segue é um jogo de gato e rato em tempo real, onde Violet precisa desvendar a conspiração por trás das ameaças antes que seja tarde.
“Drop” é um thriller eficiente, do tipo que entrega tensão imediata sem pretensões artísticas — um "junk food" cinematográfico quase perfeito. O diretor Landon equilibra com talento elementos de suspense (sequestro, conspiração e assassinato) com a ansiedade cotidiana de um primeiro encontro, criando um contraste que potencializa o desconforto. A estrutura enxuta e as reviravoltas complexas lembram os trabalhos de M. Night Shyamalan (do recente “Armadilha” e do icônico “Sexto Sentido”), porém com mais sarcasmo e dinamismo.
O realizador de “Drop” aproveita ao máximo o cenário claustrofóbico do restaurante (ponto de encontro do casal) e as alturas vertiginosas de seu entorno, transformando o luxo em uma armadilha dourada. A direção precisa mantém o espectador em alerta por mais de uma hora, enquanto a fotografia e a edição destacam o terror do dispositivo mais banal do século XXI: o onipresente celular. Violet, capturada por câmeras de vigilância e pelo próprio aparelho que deveria salvá-la, personifica a paranoia tecnológica contemporânea — onde um clique errado ou um sequestro de dados podem desencadear tragédias.
Meghann Fahy (da série The White Lotus) brilha como Violet, transmitindo vulnerabilidade e resiliência sem cair no melodrama. Brandon Sklenar (da série 1923) é um par convincente, cujo charme esconde camadas misteriosas. Violett Beane, como a irmã cínica, mas leal, adiciona alívio cômico sem quebrar a tensão. O roteiro de Jillian Jacobs e Christopher Roach ainda encontra espaço para subtramas secundárias que, gradualmente, convergem para o conflito central — um detalhe que enriquece a narrativa.
Nem tudo funciona. A tentativa de abordar temas pesados (como violência doméstica) em um filme que prioriza entretenimento rápido soa deslocada. Além disso, o clímax revela-se previsível, perdendo o fôlego construído na primeira metade. No entanto, o diretor compensa com estilo. As revelações, ainda que convencionais, são entregues com emoção sincera e um elenco afiado, elevando “Drop” acima de outros thrillers genéricos com premissas semelhantes.
“Drop: Ameaça Anônima” absolutamente não é inovador, mas é um thriller competente e envolvente. O filme acerta ao explorar nossos medos modernos — a fragilidade da privacidade, a dependência da tecnologia — sem sacrificar o ritmo ou o apelo comercial. Se as revelações finais são pouco surpreendentes, a jornada até elas é repleta de tensão bem dosada e performances cativantes. Para fãs do gênero, é um prato cheio: rápido, saboroso e, acima de tudo, divertido.
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