Blog dos Espíritos
É tempo de semear
Semear e colher
A vida é um processo contínuo de aprendizado, evolução e aperfeiçoamento. O conceito de "tempo de semear" é uma metáfora grandiosa, que remete à importância de plantarmos boas ações e pensamentos, sabendo que, mais cedo ou mais tarde, colheremos os frutos de nossos esforços, conforme a Lei de Causa e Efeito.
Este princípio está ligado à Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, que nas suas obras básicas nos ensina que tudo o que fazemos, pensamos e sentimos tem consequências. Nossas ações, sejam elas boas ou más, são sementes lançadas no solo da existência, e o momento de colher chega de acordo com o tempo de maturação dessas sementes.
No “Evangelho Segundo o Espiritismo”, por exemplo, Kardec enfatiza que o homem é responsável por seus atos e que tudo o que ele planta, seja no campo material ou moral, inevitavelmente terá uma colheita. Essa colheita, no entanto, não ocorre de imediato; existe um tempo necessário para o amadurecimento de cada ação, e muitas vezes essa colheita vem em outras existências, através da reencarnação.
É também no “Evangelho Segundo o Espiritismo” que encontramos as lições da Parábola do Semeador, considerada a maior de todas as parábolas, em que Jesus nos convida a sermos solo fértil, aceitarmos as sementes de suas lições e produzirmos nossos próprios frutos e sementes, para que sejamos também nós os semeadores do Evangelo de Jesus e das Leis de Deus.
O semear e o uso do livre-arbítrio
O livre-arbítrio, um dos maiores dons dados por Deus aos espíritos, é a capacidade de escolher suas ações, pensamentos e caminhos, o que torna ainda mais relevante o tempo de semear. Cada escolha é uma semente plantada, que refletirá no futuro do espírito. Quando Kardec aborda o livre-arbítrio, ele lembra que, embora o ser humano tenha a liberdade de escolha, ele também está sujeito às leis divinas, que são justas e imutáveis.
A reencarnação complementa essa visão. Ao reencarnarmos, temos a oportunidade de semear de novo, corrigir os erros cometidos em existências anteriores e avançar na jornada de aprimoramento moral e intelectual. Portanto, o tempo de semear não é limitado a uma única vida, mas estende-se por várias existências, onde o espírito pode plantar novas atitudes e pensamentos que conduzirão à evolução.
O verdadeiro objetivo do semear não está na obtenção de bens materiais ou vantagens egoístas, mas no aprimoramento moral e espiritual do indivíduo. Kardec nos ensina que o caminho da felicidade verdadeira está em semear a caridade, o amor, a solidariedade, o perdão e a paciência. Esses valores, quando cultivados com sinceridade, conduzem o espírito à verdadeira paz e à elevação moral.
Colheita: a justiça Divina
A colheita do que foi semeado ocorre segundo a justiça Divina, que é perfeita e imparcial. Em “O Livro dos Espíritos”, Kardec afirma que a Lei de Causa e Efeito funciona de acordo com a justiça infinita de Deus, sem falhas ou injustiças. Não há sorte ou acaso no processo de colheita, mas sim a consequência natural das ações anteriores. Quando o espírito semeia com amor e retidão, ele colhe em abundância a paz, a felicidade e a sabedoria. Quando semeia com egoísmo, orgulho ou ódio, os frutos serão de sofrimento, mas sempre com a oportunidade de aprender e corrigir os erros.
Essa colheita, no entanto, não ocorre de forma imediata. Muitas vezes, as consequências das ações só se manifestam em futuras encarnações, de modo que o ser humano, ao longo de sua trajetória evolutiva, tem várias oportunidades de corrigir seus erros e continuar semeando virtudes. Isso está em sintonia com a Lei de Progresso, que nos diz que o espírito está em constante evolução e, a cada nova existência, tem a chance de semear mais sabedoria e compaixão.
O tempo de semear é um chamado para que cada ser humano tome consciência de suas responsabilidades diante das escolhas que faz. Na Doutrina Espírita, a mensagem de Allan Kardec é clara: o semear é um ato de amor, responsabilidade e fé no processo de evolução. As sementes que plantamos em nossas vidas, no mundo material e no campo espiritual, terão consequências inevitáveis, mas também nos oferecem oportunidades de crescimento.
A verdadeira felicidade vem da semeadura das virtudes, que germinam no coração e se espalham pela alma, refletindo-se nas relações e nas atitudes do espírito ao longo de sua jornada evolutiva. Portanto, é essencial que aproveitemos o tempo de semear com sabedoria, para que a colheita seja de paz, equilíbrio e verdadeira evolução. E esse tempo de semear pode ser hoje, amanhã ou qualquer dia, basta que tomemos essa decisão.
KARDEC, Allan. “O Evangelho Segundo o Espiritismo”; “O Livro dos Espíritos”.
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