JP/24ª CRE NA SALA DE AULA
Enchente tem culpado?
Rio Grande do Sul vive sua maior tragédia natural
O Rio Grande do Sul vive desde o dia 1º de maio a sua maior tragédia natural, uma intensa chuva que provocou a maior enchente da história do estado e um dos maiores desastres ambientais já vividos no Brasil. Mais de 400 municípios gaúchos foram atingidos, destruindo estradas, pontes, represas, lavouras e casas, derrubando as comunicações, desabastecendo cidades de gasolina, luz, água e internet por pelo menos duas semanas. Famílias perderam tudo e empresas correm risco de nunca mais abrirem, provocando perda de empregos e arrecadação.
A culpa é apenas das chuvas? Não. Existe responsabilidade também de governos, interesses econômicos ou o próprio comportamento ambiental das pessoas. O primeiro momento é de salvar vidas e reconstruir as cidades, mas em algum momento este tema terá de ser abordado e nada melhor que inicie nas salas de aula, onde está quem futuramente irá conduzir este estado.
Parte da tragédia foi causada pela ação do homem, que construiu em locais onde não deveria construir, em áreas de alagamento, e na falta de leis que regrassem a ocupação urbana no passado e a falta de fiscalização conforme estas leis foram surgindo. Como definiam os índios no passado, a várzea pertence às águas, mas também é terreno mais fértil para a agricultura, principalmente de arroz. O RS é o maior produtor de arroz do país, 72% do que é produzido no Brasil e o arroz é o principal alimento para matar a fome dos povos.
O fenômeno também é natural. As chuvas em excesso são causadas pela mudança climática, mas também estas mudanças têm o dedo do ser humano. O clima está mudando em razão do excesso de gás carbônico na atmosfera, causado pela poluição da indústria e dos combustíveis fósseis, como gasolina, diesel e carvão. O gás carbônico aquece a atmosfera e vem provocando o desequilíbrio da natureza, como derretimento de geleiras, elevação do nível do mar e alteração no regime de chuvas. Ano passado, o RS já havia enfrentado uma grande enchente que destruiu Muçum e Roca Sales, amplamente divulgada na imprensa.
ESCOAMENTO DA ÁGUA
A questão geográfica também é muito importante. As águas caíram em todo o estado e desembocaram nos rios Jacuí, Taquari, Caí e Sinos e seus afluentes, como Pardo, Vacacaí, Botucaraí, etc... Toda esta água chegou ao Guaíba e seus afluentes, que banham a grande Porto Alegre, hoje também inundada. De lá, a água precisa correr para a Lagoa dos Patos, até chegar à zona sul e desembocar no Oceano Atlântico. Isso leva dias, podendo completar um mês se as chuvas não pararem.
REFLEXÃO PARA OS PAIS
Os pais têm uma função fundamental no entendimento que os filhos terão de uma tragédia como a superenchente do Rio Grande do Sul. A criança não está tão preocupada com o mundo exterior, uma abstração que pouco entende, mas tem ouvidos atentos para o que mais lhe interessa: seus pais. Se ela não tiver informação, ao ver seus adultos nervosos, criará sua própria teoria. Além disso, pode até imaginar que ela, a criança, seja o motivo do desgosto de seus pais. A verdade é o melhor caminho. Não é possível, nem necessário, falar toda a verdade, mas usando a linguagem dela é urgente revelar o que está acontecendo e o quanto é necessário ser solidário também neste momento.
A ENCHENTE
Estádio Beira-rio alagado: 93% dos municípios gaúchos foram atingidos pela superenchente
- A tragédia no Rio Grande do Sul atingiu 2,3 milhões de pessoas. A cada 10 gaúchos, dois sofrem com o impacto das chuvas.
- Milhares tiveram suas casas, móveis, eletrodomésticos, livros e memórias destruídos.
- Morreram 157 pessoas e 88 ainda estão desaparecidas. Estes números já podem ter aumentado no momento em que a reportagem chegar às escolas.
- As cidades atingidas chegaram a 463 (93% do total).
CANTINHO DOS BAIXINHOS
- Choveu muito no Rio Grande do Sul e os rios encheram demais. A água se espalhou para dentro das cidades.
- Com tanta água, muitas pessoas tiveram de sair de casa. Muita gente perdeu tudo: roupas, alimentos, TV, móveis, geladeira e até a própria casa.
- Nem todas as casas foram atingidas. Então aqueles que escaparam da enchente devem tentar ajudar os atingidos, doando roupas, brinquedos, comida e material de higiene para que eles possam reconstruir suas vidas.
A SUPERENCHENTE
O que está acontecendo com o Rio Grande do Sul
PLANETA
O excesso de chuvas no RS é causado pelo desequilíbrio natural provocado pela destruição da natureza no planeta com o consumo acelerado de energia e a falta de uma legislação que proteja mais a relação com a natureza. A atmosfera aqueceu com o desmatamento e mudou o regime de ventos, de chuvas e de temperatura. No RS surgiram os ciclones, agora comuns no território gaúcho, e as chuvas intensas. O estado sempre teve enchentes, como as maiores, de 1941 e 1983, mas elas estão mais constantes e intercaladas com secas muito fortes no verão. Alertas nunca faltaram: os ambientalistas avisam destas mudanças há 50 anos.
CIDADES
As cidades também precisam crescer e oferecer habitação para uma população que também cresce e com exigências maiores de canalização, esgoto e redes de água e luz. A construção civil gera empregos e impostos, mas há também a especulação imobiliária, com ocupação de espaços e derrubada de áreas verdes, algo que poderia ser controlado com leis. Para isso existe o Plano Diretor, que tenta colocar ordem no crescimento urbano, mas isso exige fiscalização.
PRODUÇÃO
O aumento da população provocou a procura por mais comida. Áreas foram desmatadas para dar mais lugar às lavouras. Nos últimos 40 anos, a agropecuária absorveu 12,41% do território do Rio Grande do Sul para as suas atividades, de acordo com dados do site Mapbiomas. A grande maioria dos municípios, por serem de economia rural, necessitam deste crescimento também para gerar riquezas e arrecadar imposto para as obras necessárias em suas comunidades, como pavimentação e prédios para escolas e postos de saúde. Não é um problema fácil de ser solucionado.
ESTADO
O Estado também precisa arrecadar e incentiva como pode a expansão de projeto das grandes empresas no campo e nas cidades. Assim, o Estado teria condições também de investir em formas de abrir novas áreas verdes, preservar mata nativa, essencial para controlar temperaturas e climas, e construir sistemas que protegessem os municípios das enchentes, enxurradas e secas, como diques e reservatórios. Ocorre, entretanto, que historicamente estas medidas de contenção dos desastres não são seguidas. Isto talvez mude diante da previsão de que eventos extremos como este no RS vão se repetir a cada ano.
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