Blog dos Espíritos

Espiritismo e meio ambiente

29/07/2024 09:03 - por Rosane Sacilotto

Planeta Terra
O meio ambiente é o conjunto de todos os elementos, todas as coisas vivas e não-vivas que fazem parte da Terra e que afetam a vida dos humanos, dos animais e do todo ao nosso redor. É tudo que nos rodeia: o ar, as plantas, os animais, as indústrias, os aeroportos, os aviões, etc. O Planeta Terra, com quase 511 milhões de km2 de área total, sendo um quinto desta área de terra e o restante água. Forma um ecossistema único, mas finito, radiado pela luz solar. Possui, ainda, um campo magnético que o defende de partículas de alta velocidade, vindas do Sol e do espaço.

Os animais, utilizando o instinto, só consomem aquilo que satisfaz as suas necessidades. Vivendo naturalmente, eles não causam desastres ecológicos, porque a própria natureza incumbe-se de manter o equilíbrio. Já o homem, para o provimento de suas necessidades, é obrigado a transformar os recursos naturais, mas o ponto de equilíbrio está em usar os bens naturais de forma conservativa, isto é, sem perder o equilíbrio.

Na Doutrina Espírita
Porém, desde que o homem surgiu no cenário planetário os impactos sobre o meio ambiente se lhe acompanharam. O homem, sendo o elemento racional, nem sempre age racionalmente. Acaba interferindo na natureza e desequilibrando o meio ambiente. Allan Kardec ao tratar em “O Livro dos Espíritos” da Lei de Conservação e da Lei de Destruição oferece-nos subsídios para avaliarmos a questão.

Na pergunta 705, questiona a espiritualidade “por que nem sempre a terra produz bastante para fornecer ao homem o necessário?”, nos trazendo a seguir a resposta dos Espíritos Superiores: “É que, ingrato, o homem a despreza! Ela, no entanto, é excelente mãe. Muitas vezes, também, ele acusa a Natureza do que só é resultado da sua imperícia ou da sua imprevidência. A terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se (…)”.

Com esta resposta, a Espiritualidade nos mostra que o materialismo exacerbado, que o “ter por ter”, cada vez mais presente nos dias atuais, promove a produção de bens de consumo sempre mais caros e sofisticados, pois nenhum de nós se contenta apenas com o necessário. A publicidade se encarrega de despertar o consumismo do que não é necessário, daquilo que é supérfluo, renovando a cada nova campanha a promessa de felicidade que advém da posse de mais um objeto.

Você já parou para pensar como anda nossa relação com o ambiente em que vivemos? E o que temos a ver com a emissão de carbono na atmosfera, o consequente aquecimento global, a produção exagerada de lixo e um possível esgotamento dos recursos naturais no nosso planeta? Acha que não tem nada a ver com isso? Que até faz algo, mas que sozinho não pode mudar o mundo? A verdade é que cada um de nós é responsável por tudo isso. Assim, não importa se suas ações podem parecer pequenas diante do universo, mas se elas acontecerem, irão influenciar as do seu vizinho e muito provavelmente de toda uma sociedade, educando pelo exemplo.

É preciso que nos lembremos que o meio ambiente somos nós, o meio que nos cerca e as relações que estabelecemos com ele. Nossa qualidade de vida depende da forma como estabelecemos essa relação. Para a Doutrina Espírita esse alerta contra o materialismo tem duplo aspecto: de proteção ao meio ambiente, que não suporta as crescentes demandas de matéria-prima e energia da sociedade de consumo, onde a natureza é vista como um grande e inesgotável supermercado, e ao nosso espírito imortal, já que uma das características predominantes dos mundos inferiores da criação é justamente a atração pela matéria, impedindo a evolução moral a que devemos nos empenhar. 

Na pergunta 799 de “O Livro dos Espíritos”, quando Kardec pergunta “de que maneira pode o Espiritismo contribuir para o progresso?”, a resposta é taxativa: “Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade”. Deste modo, precisamos refletir sobre o que é necessário e supérfluo em nossas vidas, reduzir a nossa atração pelo que é apenas matéria. Nos dando conta de que quando o planeta adoece, nosso projeto evolutivo fica comprometido. 

Preparando o mundo de regeneração
Emmanuel, em “O Consolador”, nos diz que o meio ambiente influi no espírito. Aos espíritas que mantém uma atitude comodista diante desse cenário, escorados talvez na premissa determinista de que tudo se resolverá quando se completar a transição da Terra (de mundo de expiações e de provas para mundo de regeneração), é bom lembrar do que disse Santo Agostinho no capítulo III de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.

Ao descrever o mundo de regeneração, Santo Agostinho diz que, mesmo livre das paixões desordenadas, num clima de calma e repouso, a humanidade ainda estará sujeita às vicissitudes de que não estão isentos senão os seres completamente desmaterializados; há ainda provas a suportar (…) e que “nesses mundos, o homem ainda é falível, e o espírito do mal não perdeu, ali, completamente o seu império. Não avançar é recuar e se não está firme no caminho do bem, pode voltar a cair nos mundos de expiação, onde o esperam novas e terríveis provas”. Ou seja, não há mágica no processo evolutivo: nós já somos os construtores do mundo de regeneração.

Da Natureza recebemos a água indispensável à nossa existência, os animais que nos sustentam e ajudam em várias tarefas, as plantas que nos alimentam, as flores que ornamentam nossa vida, o ar puro que respiramos, pelo que o respeito à Criação constitui simples dever a todos nós. Preservando a pureza das fontes e a fertilidade do solo, cooperando espontaneamente na arborização e no reflorestamento, prevenindo-se contra a destruição e o esbanjamento das riquezas da terra em exploração abusivas, estaremos assim garantindo o nosso pão. 

Naturalmente, a atenção do Homem tem sido chamada para a questão de suas relações com o meio ambiente do planeta em que habita, e essa questão encontra sua base na educação. Essa arte de educar os caracteres é a chave para que as futuras gerações tenham uma visão mais larga sobre o papel do ser humano, como agente causador da destruição do planeta em que vivemos. Aos homens do futuro – que hoje são crianças e adolescentes – nos cabe oferecer uma consciência mais apurada e uma noção mais plena sobre preservação do meio ambiente.

A educação do Espírito, que consiste em implantar novos conceitos ético-morais no indivíduo, é completa. Fala ao homem sobre seu papel no mundo. Educa-o para a convivência fraternal com todos os seres – humanos, animais e vegetais. E prepara-o para cuidar do lugar em que vive. E, no dia a dia, essa educação se mostra no combate aos desperdícios de toda espécie, na economia dos recursos naturais, no respeito integral a toda forma de vida.

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
XAVIER, Francisco C. – Emmanuel. “O Consolador”.

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