Liga Operária prepara eleição

A comissão provisória autoproclamada no comando da Liga Beneficente Operária Cachoeirense prepara uma eleição de diretoria para recolocar a entidade nos trilhos. A previsão é promover o pleito em novembro deste ano. O presidente da comissão é o comerciante aposentado Adão Luiz Pereira, que esteve no Jornal do Povo para falar dos planos. Ele deseja ver a Liga funcionando novamente e até menciona um sonho de que ela funcione como uma clínica para dependentes químicos. 

O presidente da comissão anunciou uma reunião com todos os sócios remidos no próximo dia 18, para discutir o futuro da Liga. O encontro será na sede da Liga, na Saldanha Marinho, 188. Adão tem como vice Paulo Sérgio Dias, ex-presidente do Conselho Municipal de Saúde. 

“NADA VAI PARA FRENTE”
“Tivemos de ir a um cartório em Porto Alegre oficializar nossa comissão porque em Cachoeira nada vai para frente”, disse, relatando que seu grupo não conseguiu reconhecer nos cartórios locais a chapa provisória. Ele sustenta que a Liga estaria à revelia em Cachoeira. “A última eleição foi em 2016 e o mandato se encerrou dois anos depois”, afirma, dizendo que a última diretoria também estaria irregular por ter em seus membros diversas pessoas da mesma família, o que seria contra o estatuto.

Quem vai mandar na Liga?
A diretoria autoproclamada precisa comprovar legitimidade, dentro do processo judicial de desapropriação do imóvel, para poder movimentar o recurso depositado pela Prefeitura, de R$ 1,684 milhão pelo prédio do Hospital da Liga. Desde que a posse foi confirmada ao Município na Justiça, a Liga deixou de receber aluguel do imóvel, cerca de R$ 10 mil mensais. 

Hoje, quem tem acesso à conta da Liga e às chaves dos prédios é o ex-vereador Paulão Trevisan. Ele não responde quando questionado se pretende concorrer à presidência da Liga ou lutar contra a tomada de comando pelo grupo autoproclamado no comando. “Só o que eu quero é que a Liga fique nas mãos de pessoas responsáveis”, desconversa. Paulão afirmou que todas as contas de água, luz e IPTU da Liga estão em dia e destacou que a entidade tem R$ 252 mil depositados em uma conta judicial. Segundo ele, o rendimento do valor seria suficiente para manter as contas em dia. 

FUNCIONAMENTO
Sobre uma eventual retomada de funcionamento da sede social, Paulão não tem tanta esperança. “O grande problema é que o prédio está interditado”, diz, lembrando uma ação do MP. 

UMA PERGUNTA

Qual é a situação da Liga Operária?
A entidade possui hoje uma sede social e uma casa de repouso na cidade, na Rua Saldanha Marinho. O prédio do hospital foi desapropriado judicialmente pela Prefeitura, com plano de instalar lá o curso de Medicina, onde seria construído um prédio novo. Com o anúncio da desapropriação, a situação legal da diretoria da Liga começou a ser questionada. A reportagem apurou que a entidade não registrou atas em cartório desde 2017. Assim, veio à tona que o último presidente eleito da Liga seria José Carolino Dornelles, que já teria tido o mandato vencido, mas quem efetivamente tomava as decisões pela entidade era o ex-vereador Paulão Trevisan. Também por isso, um grupo de sócios remidos se uniu para assumir o comando da entidade.