Blog da Poesia

Luiz Coronel

12/07/2023 09:15 - por Tiago Vargas tiagovargas.uab@gmail.com

Luiz Coronel é poeta, compositor, publicitário, bacharel em direito, sociologia e política. Nasceu em Bagé em 1938, completou no último dia 16 de julho 80 anos de idade. Atualmente reside em Porto Alegre. Autor prolífico, contumaz; publicou mais de 70 obras, entre os quais, destaque para Mundaréu, Retirantes do Sul, Cavalos do tempo, Baile de Máscaras, Pirâmide noturna...

Desde 1996 publica semanalmente poemas na seção "Arte e Agenda'' no jornal Correio do Povo de Porto Alegre. Coronel consagrou-se como compositor com Gaudêncio sete luas, música vencedora da Califórnia da Canção Nativa em 1972. Na poética sua obra é voltada preferencialmente para a temática da terra, retomando a tradição do cancioneiro sul-rio-grandense, trazendo para o regionalismo recursos explorados na poesia brasileira e estrangeira.

Alquimista das letras, da concisão de versos de significados de freqüência rara. Poeta das imagens, dos sons, da luz, do clima.  Das coisas simples. Para ler... devagar. Segundo Carlos Nejar; "A poesia de Luiz Coronel é um domingo ensolarado. Bom leitura e bom divertimento.

A Paixão
A paixão é um incêndio 
na fábrica de fogos de artifício. 
A paixão é um balé 
à beira do precipício. 
Quando a paixão termina 
o mito se quebra. 
E resta a sensação de uma viagem 
contra uma chuva de pedra. 
Luiz Coronel

Luiz Coronel

CORDAS DE ESPINHO
Geada vestiu de noiva
os galhos da pitangueira.
Ainda caso com Rosa
caso ela queira ou não queira.
Acordei minha viola
com seis cordas de espinho.,
Meu canto em cor de sangue
teu beijo gosto de vinho.
Pra domar o meu destino
comprei um buçal de prata.
Nenhum pesar me derruba
qualquer paixão me arrebata.
Fui aprender minha milonga
na água clara da fonte.
O canto do quero-quero
mais que um aviso é uma ponte.

LUA CHEIA
Duas gotas de sangue nas dunas,
duas rosas rubras na areia.
Se foi prazer ou suplício,
sabe o amor e a lua cheia.
Foi de amor esse gemido?
Ou foi de gozo esse grito?
Sabem tudo e nada dizem
as estrelas no infinito.

GAUDÊNCIO SETE LUAS FALA DE CARTEADOS
Faço de banco a montanha,
ponho o sol de lamparina.
Um carteado tem mais manhas
que o vento na casuarina.
Se é mesa verde a colina,
Gaudêncio é carta marcada.
Rei-de-ouros para as chinas,
pros valentes rei-de-espadas.
Carteador dança ciranda,
nestas noites de serão.
Se o destino é quem nos manda,
tenho o destino nas mãos.

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