Blog do Mistério

O Chamado dos Bastões: A Lenda de Makulelê

14/11/2024 09:54 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

A noite caía densa sobre a mata, e os tambores soavam com uma cadência quase hipnótica. Entre as árvores, uma figura solitária avançava com movimentos precisos, os bastões de madeira em suas mãos girando em ritmo de batalha e dança. Diziam que aquele jovem era o escolhido dos ancestrais, guiado por sombras antigas e por ecos de histórias perdidas no tempo.

Quando os invasores chegaram, seus passos foram abafados pelo som dos bastões que se chocavam, vibrando como trovões na escuridão. Ninguém sabia de onde o rapaz surgia, mas ao ouvi-lo, sentiram a coragem esmorecer. O som crescia rápido, como se as próprias raízes da terra o sustentassem, e, com cada nova batida, parecia convocar um poder desconhecido que desafiava o mundo visível.

Makulelê não falava – não havia necessidade de palavras. Seus olhos brilhavam com um fogo quase sobrenatural, e, ao enfrentar seus oponentes, ele parecia fluir entre as sombras, inatingível, como se o mundo ao seu redor fosse apenas um palco. À medida que seus inimigos caíam, um silêncio mortal se instalava, cortado apenas pelo som dos tambores distantes que se misturavam aos sussurros da floresta.

Ao amanhecer, a mata estava serena, como se as rixas daquela noite jamais houvessem existido. As pegadas desapareciam, os bastões repousavam no chão úmido, e o nome de Makulelê se tornava mais uma lenda entre aquelas aldeias. Mas quem testemunhara aquela dança sabia que ele voltaria – em noites de lua cheia, onde o perigo e o desconhecido se entrelaçam.

Assim, Makulelê é ainda hoje um segredo no coração da floresta, uma lenda respeitada, pois seu espírito pode ser despertado para uma nova dança, trazendo novamente o som dos bastões e o brilho incandescente de seus olhos.

 

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