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O legado histórico da poesia de Gonçalves Dias

12/03/2025 09:29 - por Tiago Vargas tiagovargas.uab@gmail.com

Antônio Gonçalves Dias foi um dos mais importantes poetas do Romantismo brasileiro, especialmente conhecido por sua contribuição ao movimento indianista.

Nascido no Maranhão, estudou Direito na Universidade de Coimbra, em Portugal, onde teve contato com a literatura romântica europeia. 

De volta ao Brasil, destacou-se como poeta, dramaturgo e historiador, ajudando a consolidar a identidade nacional por meio da literatura.

Sua poesia exalta a natureza, os povos indígenas e o sentimento nacionalista. Seu poema “Canção do Exílio”, escrito em 1843, tornou-se um dos mais conhecidos da literatura brasileira, sendo frequentemente citado e parodiado ao longo da história.

A carreira de Gonçalves Dias foi interrompida precocemente quando ele faleceu em um naufrágio na costa do Maranhão, aos 41 anos. Mesmo com sua curta vida, deixou um legado literário, influenciando gerações de escritores.

I-Juca-Pirama
Este é um dos principais exemplos do indianismo na literatura romântica. A narrativa em versos conta a história de um guerreiro tupi capturado por uma tribo inimiga. O poema destaca valores como coragem e honra, e um dos trechos mais emblemáticos é:

“Meninos, eu vi!”
Essa exclamação final dá uma carga emocional intensa ao relato do ancião que testemunhou a valentia do guerreiro.
“Um velho Timbira, coberto de glória, 
Guardou a memória 
Do moço guerreiro, do velho Tupi! 
E à noite, nas tabas, se alguém duvidava 
Do que ele contava, 
Dizia prudente: — “Meninos, eu vi! “
Eu vi o brioso no largo terreiro 
Cantar prisioneiro 
Seu canto de morte, que nunca esqueci: 
Valente, como era, chorou sem ter pejo; Parece que o vejo,  Que o tenho nest’hora diante de mi.
“Eu disse comigo: Que infâmia d’escravo!
Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi! 
E à fé que vos digo: parece-me encanto 
Que quem chorou tanto, 
Tivesse a coragem que tinha o Tupi!”
Assim o Timbira, coberto de glória, 
Guardava a memória 
Do moço guerreiro, do velho Tupi. 
E à noite nas tabas, se alguém duvidava 
Do que ele contava, 

[...] Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor [...]

No entanto, Canção do Exílio, escrito em 1843, é sua obra mais popular.

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