Blog dos Espíritos

O mundo regenerado depende de nós

27/01/2025 10:15 - por Rosane Sacilotto sacilottorosane @gmai.com

Provas e expiações
Na Doutrina Espírita, o conceito de mundo de provas e expiações refere-se a um dos estágios evolutivos pelos quais os espíritos passam em sua jornada de aperfeiçoamento moral e intelectual, através da reeencarnaçao. Esse estágio caracteriza-se por ser um ambiente onde predominam as dificuldades, os desafios e as desigualdades, servindo como cenário para o aprendizado e a superação das imperfeições. Como nos apresenta Allan Kardec em “O Livro dos Espíritos”, “as tribulações da vida são provas ou expiações. Felizes os que as suportam sem se queixar, porque serão recompensados!”.

A Terra é classificada como um mundo de provas e expiações. Isso significa que ela é habitada por espíritos em evolução que ainda trazem consigo imperfeições morais e resquícios de erros do passado. O objetivo desse tipo de mundo é oferecer oportunidades de reparações dos erros cometidos em vidas passadas, desenvolvimento moral, através da convivência com diferentes pessoas e em estágios evolutivos distintos

Kardec nos explica, principalmente em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, que as características de um mundo de provas e expiações incluem a predominância do mal, através do egoismo, do orgulho e da ignorância, que ainda são frequentes, embora exista o surgimento cada vez maior dos esforços para vencê-los e superá-los; as desigualdades e sofrimentos como oportunidades que permitem ao espírito compreender a necessidade de mudança interiror para superar e evoluir; a Lei de Causa e Efeito, que nos ensina que todos os desafios que enfrentamos são consequência de nossos erros, atitudes e escolhas que fizemos e que nos conduzem aos caminhos mais ditosos ou mais atribulados, de acordo com o nosso livre-arbítrio.

“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em seu capítulo III, nos apresenta: “Que vos direi dos mundos de expiações que já não saibais, pois basta observeis o em que habitais? A superioridade da inteligência, em grande número dos seus habitantes, indica que a Terra não é um mundo primitivo, destinado à encarnação dos Espíritos que acabaram de sair das mãos do Criador. As qualidades inatas que eles trazem consigo constituem a prova de que já viveram e realizaram certo progresso. Mas, também, os numerosos vícios a que se mostram propensos constituem o índice de grande imperfeição moral. Por isso os colocou Deus num mundo ingrato, para expiarem aí suas faltas, mediante penoso trabalho e misérias da vida, até que hajam merecido ascender a um planeta mais ditoso”.

Momento de transição
Embora o mundo de provas e expiações seja marcado por sofrimento, ele não é um estado permanente. O Espiritismo nos ensina que a Terra está em transição para um mundo de regeneração, onde o bem começará a prevalecer sobre o mal e as provas não serão tão intensas quanto nos estágios anteriores. Essa transição depende diretamente do esforço coletivo e individual para a prática do amor ao próximo e da reforma íntima. Cada ação positiva e cada esforço para vencer as tendências inferiores contribuem para o avanço da humanidade rumo a uma nova etapa.

“Os mundos regeneradores servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes. A alma penitente encontra neles a calma e o repouso e acaba por depurar-se. Sem dúvida, em tais mundos o homem ainda se acha sujeito às leis que regem a matéria; a humanidade experimenta as vossas sensações e desejos, mas liberta das paixões desordenadas de que sois escravos, isenta do orgulho que impõe silêncio ao coração, da inveja que a tortura, do ódio que a sufoca. Em todas as frontes, vê-se escrita a palavra amor; perfeita equidade preside às relações sociais, todos reconhecem Deus e tentam caminhar para ele, cumprindo-lhe as leis”.

Divaldo Franco, um dos maiores divulgadores da Doutrina Espírita, frequentemente aborda o tema em suas palestras e obras, oferecendo reflexões profundas e consoladoras. Segundo ele, viver em um mundo de provas e expiações é resultado natural do estágio evolutivo em que a humanidade ainda se encontra. Ele enfatiza que a Terra é uma escola onde os espíritos são convidados a reparar o passado, assumindo a responsabilidade por suas escolhas equivocadas, superando imperfeições morais como o orgulho, o egoísmo, a inveja e a violência.  

A dor e os desafios são mestres que ensinam lições fundamentais para o espírito e o amor é a força capaz de transformar a humanidade, acelerando a transição para um mundo de regeneração. Cada espírito é responsável por sua evolução, mas deve aprender a viver em harmonia com o próximo, praticando o perdão e a solidariedade.

O mundo regenerado
A vivência em um mundo de provas e expiações não é um castigo, mas uma oportunidade grandiosa de aprendizado e evolução. Como espíritos imortais, todos estão destinados ao progresso, e cada desafio enfrentado é um passo em direção à felicidade plena e à harmonia com as leis divinas. Assim, ao compreender e aceitar as provas da vida com resignação e fé, o ser humano se torna agente de sua própria transformação e da transformação do mundo ao seu redor.

Estamos deixando o mundo de provas e expiações e caminhando para um mundo de regeneração, no qual o bem prevalecerá sobre o mal. Essa transição, no entanto, é marcada por turbulências e desafios, pois exige que a humanidade abandone velhos hábitos e desenvolva valores mais elevados. É um momento em que cada ser humano é chamado a contribuir para o progresso espiritual da Terra, renovando-se moralmente e auxiliando o próximo. 

Devemos cultivar a esperança e a fé durante os momentos difíceis, praticando o bem, utilizando-nos da prece e do estudo do Evangelho, importantes ferramentas para lidar com as provas e expiações. A visão espírita oferece consolo e entendimento, mostrando que tudo na vida tem um propósito educativo e que o sofrimento é passageiro. Cada um de nós pode contribuir para a regeneração da Terra ao adotar atitudes mais elevadas, como o amor, o perdão e a caridade. O progresso espiritual é inevitável e todos estamos destinados a alcançar a plenitude e a felicidade, conforme seguimos as leis divinas.

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Encontrou algum erro? Informe aqui

Faça seu login para comentar!