Blog dos Livros
O poder da literatura
Inspirada na história real das poucas livrarias que sobreviveram aos bombardeios na Segunda Guerra Mundial, “A última livraria de Londres” (Editora Arqueiro, 269 páginas, R$ 59,90), de autoria de Madeline Martin, é uma narrativa atemporal sobre perda, amor, heroísmo e o poder perene da literatura.
Este livro foi muito elogiado pela crítica e os direitos de tradução foram vendidos para 12 países. Segundo o Booklist, “esta mistura envolvente de livros, romance e guerra também tem sua cota de tragédia, mas o final inspirador vai deixar os apaixonados por livros com os olhos cheios d’água.” De acordo com Karen Robards (autora de “A mulher do senador”), a obra é “uma declaração de amor ao poder dos livros de manter o mundo unido quando tudo em volta está desmoronando.”
Ainda, nas palavras do Scotland Library Journal, “em tempos de crise, quem pode duvidar do consolo trazido pela leitura? Reconfortante e talentosamente escrito, este livro é um testemunho de sobrevivência em um momento desafiador.”
Em agosto de 1939, a jovem Grace Bennett abandona sua vida no interior da Inglaterra e chega a Londres com o sonho de esquecer seu passado conturbado e recomeçar a vida. Só que o clima sombrio que encontra não tem nada do charme consmopolita que tanto idealizou. Nos meses que se seguem, as forças de Hitler começam a varrer a Europa e o ataque alemão à cidade se torna iminente.
Neste cenário, a população londrina é assolada pelo medo. As crianças são evacuadas e tem início o racionamento de comida. O único emprego que Grace consegue é na Primrose Hill, uma livraria atulhada e confusa situada no coração da cidade.
Em meio aos blecautes e bombardeios, Grace continua administrando a loja, e vê que o poder das palavras e de contar histórias une sua comunidade de maneiras que ela nunca imaginou -uma força que triunfa até mesmo nas noites mais tenebrosas da guerra.
Autora da obra, Madeline Martin escreve ficção histórica com vários livros na lista de mais vendidos do The New York Times. Ela mora na Flórida com duas filhas e o marido.
Trecho:
“Grace lutou para recuperar o fôlego, ofegante pela dor que se abrira dentro dela, abrasadora e visceral. Uma pequena flor de jornal pintado que ela havia confeccionado para a vitrine rolou sobre cacos de vidro e poeira, parando na ponta de seu sapato. Ela se abaixou para pegá-la. Seu caule de papel retorcido estava frio e duro, as pétalas cor-de-rosa tão imaculadas e limpas quanto no dia em que ela as moldou.
Ela precisava entrar. Precisava ver por si mesma. No mínimo para garantir que os preciosos livros dentro do cofre tinham sobrevivido.
Grace entrou pela porta escancarada e caminhou devagar pela desordem, tomando cuidado para não pisar nos livros caídos. Eles precisariam ser recuperados. Se ainda fosse possível.”
(Página 246)
O LADO DIFÍCIL
“Coisas piores” (Editora Moinhos, 104 páginas, R$ 54,00), de Margarita García Robayo, apresenta relatos inquietantes sobre a morbidez, a falta de comunicação e o desencontro. São sete histórias contadas com habilidade por esta escritora falando sobre personagens que simplesmente não conseguem se encaixar no mundo, sempre optando pelo lado mais difícil das coisas. Com uma escrita rápida e bem-humorada, mas por vezes brutal, o livro confronta o leitor com as pequenas e as grandes misérias da vida.
DESAFIOS DO COTIDIANO
Com muitas doses de humor e uma linguagem descontraída, a professora Carla Mutuano estreia na literatura com “Lua de Mel” (Editora Dialética, 120 páginas, R$ 52,00), com histórias que ora divertem, ora levam à reflexão. São mulheres frente aos desafios do cotidiano, como a mãe que para estar com o filho precisa enfrentar um furacão de verdade, a menina cuja boneca de porcelana assiste à perda da sua inocência e o sujeito bonito que cai nas garras de uma guru inconsequente.
Leituras:
“Geralmente aqueles que sabem pouco falam muito e aqueles que sabem muito falam pouco.”
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), escritor, filósofo e músico nascido em Genebra, Suíça, considerado uma das grandes figuras do chamado Século das Luzes).
Destaques:
JOÃO DA ÁGUA
Autora: Patrícia Engel Secco
Nesta lenda budista contada por Patrícia Engel Secco com ilustrações de Maria Eugênia, um menino chamado João acordava bem cedo e, antes mesmo do sol raiar, caminhava até o riacho fundo para pegar água. Levava sempre nos ombros um pedaço de bambu com dois latões amarrados, um de cada lado e, por isso, era chamado de João da Água. Este livro é distribuído gratuitamente pela Fundação Educar DPaschoal, criada em 1989 para a promoção da educação cristã como estratégia de transformação social.
Editora Fundação Educar DPaschoal. 16 páginas.
O BEBEDOR DE HORIZONTES
Autora: Mia Couto
Neste último volume da trilogia “As areias do imperador,” Mia Couto reconstrói a epopeia de captura do imperador moçambicano Ngungunyane pelos portugueses, que o relegaram para um distante exílio nos Açores. Nascido em 1955 em Moçambique, Mia Couto é autor de mais de trinta livros, entre prosa e poesia. Seu romance “Terra sonâmbula” é considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX. Recebeu inúmeros prêmios, entre eles o Camões em 2013, e é membro correspondente da Academia Brasileira de Letras.
Editora Companhia das Letras. 320 páginas. R$ 54,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul).
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