Blog do Mistério

O sepulcro isolado de uma princesa

16/01/2025 09:34 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

A princesa Sofia Matilde, provavelmente encontrou na morte algo que sempre lhe foi negado durante a vida: estar no mundo real.
O Kensal Green Cemitery, um dos mais antigos e históricos da Inglaterra, guarda um túmulo que é uma obra de arte, isto porque não é comum para a realeza britânica ser enterrada em cemitérios públicos. A beleza do sepulcro atrai muitos curiosos até o local, mas a história de quem reside nele é pouco conhecida.

A princesa Sofia desejou com veemência ter uma vida que se aproximasse da normalidade para a família real, mas isto nunca lhe foi permitido. Sofia foi a décima segunda criança do Rei George III e da Rainha Charlotte, que recentemente voltaram aos holofotes graças a um seriado de televisão. Sua vida foi agitada desde a infância, pois o casamento dos pais era repleto de altos e baixos. O rei sempre tratou bem as filhas e segundo relatos oficiais, dava mais atenção à elas do que aos filhos homens. O pai amoroso, porém, não era suficiente para dissipar o medo que as princesas sentiam da própria mãe.

Charlotte não tinha boa relação com as filhas e obrigou-as a ficar reclusas no palácio lhe fazendo companhia, o tempo todo. O Rei não gostava da ideia de casar suas meninas, mas comprometeu-se em procurar por maridos adequados quando elas estivessem em idade, porém a loucura bateu à porta do palácio real, insano, George não pôde cumprir com esta obrigação e Charlotte não permitiu que ninguém as cortejasse. 

Desta forma, Sofia ficou ao lado da mãe até sua morte. Costumava a reclamar de sua vida juntamente às irmãs no palácio, pois passavam os dias bordando ou ouvindo a mãe ler sermões bíblicos. As princesas costumavam a dizer que viviam em um convento, Sofia chegou a escrever em uma carta: “não sei porque não nos colocam em um saco e nos jogam no Tâmisa”.

Havia um rumor de que a princesa dera à luz a um filho ilegítimo, ainda na adolescência. Alguns historiadores dizem que o pai seria um dos militares empregados do palácio, que teria criado o menino; outros afirmam que a criança nasceu de uma relação incestuosa e abusiva com um de seus irmãos e que o nascimento do filho foi a garantia de que Sofia perderia privilégios dos monarcas, entre eles, a garantia do descanso eterno no castelo de Windsor. Mas, na versão oficial, nada disso aconteceu.

Quando a mãe faleceu, Sofia já não tinha idade para voltar aos círculos sociais, nem sabia o caminho. Acabou reclusa, com uma sobrinha, em outro palácio da realeza britânica. Nos últimos dez anos de sua vida esteve totalmente cega, quando morreu foi sepultada no Kensal Green, segundo relatos não confirmados, atendendo ao próprio desejo.

Teria seu descanso eterno em um lugar populoso, a princesa que nunca “viveu no mundo”, conforme um diário da família datado do dia de sua morte. O túmulo isolado não representa mais tristeza do que a vida de quem o habita.

 

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