Blog dos Livros
O trauma da descoberta
“Eclipse” (81 páginas), terceiro livro do jornalista e escritor piauiense Hermes Coêlho, reúne poemas que abordam a força do que não parece ser visível, mas se faz presente ainda assim, para abordar o trauma da descoberta de que foi contaminado pelo vírus HIV e seus desdobramentos. A obra, publicada pela Editora Patuá, conta com a orelha assinada pelo poeta mato-grossense Nicolas Behr, prefácio do escritor cearense Pedro Jucá e posfácio do também autor piauiense Adriano Lobão Aragão.
Ora pessoal, ora quase filosófico, “eclipse” encerra o que o autor nomeia de “Trilogia do trauma.” “Nu” e “Violado,” suas publicações anteriores, compõem, junto do lançamento do momento, uma série de livros de poemas em que o autor expõe angústias que relacionam pertencimento e experiências humanas.
Na presente obra, o poeta destrincha a experiência da descoberta do vírus em seu corpo, escancarando os silencionamentos impostos a quem recebe o rótulo de pessoa vivendo com o HIV e lida com o estigma social que isso significa até hoje. Segundo o autor, a premissa do livro é trabalhar “o trauma de viver na companhia de um inimigo íntimo, um vírus que, tratado, não oferece risco a ninguém, mas que invisibiliza socialmente, segrega, exclui.”
Dividido em quatro partes (a letra h, eclipse, invisíveis e divindades), a coletânea de poemas explora a linguagem para falar de questões humanas. O efeito fonético da letra h, que muitas vezes parece uma letra invisível, ganha protagonismo ao trazer à tona temas relacionados com a homossexualidade, o próprio vírus e até mesmo, como bem lembra Pedro Jucá, no prefácio, a letra inicial do nome do autor.
Hermes Coêlho nasceu em Teresina/PI e atualmente vive em Brasília/DF. Jornalista formado pela Universidade Estadual do Piauí, atuou nas afiliadas das TVs Globo, Record e Brasil, em Teresina. Desde 2010, é repórter e editor da TV Senado, em Brasília. Atualmente, é chefe de reportagem da emissora e apresentador do programa Cidadania. Com seu livro “Nu,” em 2000 venceu o Concurso Novos Autores, pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves.
Trecho:
“acostumei-me tanto
a deixar-me invadir
or lutadores leais
que nem percebi
o cavalo de Troia
hackeando sistemas
vencendo firewalls
eclipse do sol
armário reinstalado
nome proibido
assunto censurado
nas notícias de jornal
nas mesas da repartição
no bar da esquina
no almoço de margarina
dos pais das mães das tias
não é o vírus que mata
é o silêncio de ouro
feito bala de prata.”
(página 38)
CONSUMO DE LIVROS
Na quinta-feira, dia seis, a Câmara Brasileira do Livro e a Nielsen BookData divulgaram a 2ª. Edição do Panorama do Consumo de Livros, uma pesquisa que revela como estão as coisas no ramo livreiro do país. Segundo o levantamento, 84 por cento da população brasileira não comprou nenhum livro nos últimos doze meses. Entre os consumidores de livros, 55 por cento prefere comprar livros em lojas on-line e 39 por cento prefere comprar em lojas físicas. A pesquisa também perguntou qual a preferência se o preço fosse igual nos diferentes canais de venda. A maioria (49 por cento) afirma que compraria em lojas físicas contra 44 por cento nas lojas virtuais.
DOAÇÕES DE LIVROS
Instituições gaúchas afetadas pelas enchentes podem se inscrever para receber doações de livros para reconstruir seus acervos, em uma iniciativa do Sesc/RS, que vai realizar a distribuição de cerca de 100 mil livros para escolas, bibliotecas públicas e comunitárias, espaços de leituras, ONGs e projetos sociais que tiveram perdas na tragédia climática que afetou o Estado. As inscrições podem ser feitas até 18 de fevereiro no site do Sesc. O resultado das organizações contempladas será divulgado no dia 28 deste mês.
Leituras:
“Já vou deixar registrado que se a idade média voltar, eu estou do lado das bruxas.”
(Clarice Lispector, 10 de dezembro de 1920/9 de dezembro de 1977, escritora e jornalista brasileira nascida na Ucrânia, autora de romances, contos e ensaios, considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX).
Destaques:
O PRIVILÉGIO DA SERVIDÃO
Autor: Ricardo Antunes
Neste livro, o autor apresenta uma visão da dinâmica de reestruturação do capitalismo global e um discernimento do que estas mudanças significam para os trabalhadores. Ele demonstra os mecanismos pelos quais o trabalho tornou-se mais fragmentado e precário e os processos que fazem os trabalhadores perderem poderes, revelando, ainda, o impacto de tais mudanças sobre o bem-estar físico e psicológico das pessoas. Ricardo Antunes é autor, entre outras obras, de “Os sentidos do trabalho” e “Adeus ao trabalho?” e organizador da coleção “Riqueza e miséria do trabalho no Brasil.”
Editora Boitempo. 325 páginas. R$ 59,90.
SUA CULPA
Autora: Mercedes Ron
Quando Noah se apaixonou por Nick, já sabia que a relação deles não seria fácil: os dois pareciam opostos e, quando estavam juntos, soltavam faíscas. A paixão foi mais forte do que o orgulho, mas a diferença de idade, a faculdade, as festas, seus pais e os fantasmas que assombram os dois continuam a desafiá-los, como uma bomba prestes a explodir. A autora é referência na literatura romântica juvenil, com mais de um milhão e meio de exemplares vendidos. O salto para a fama começou com a publicação da série “Culpados,” um fenômeno editorial que foi traduzido para dez idiomas.
Editora Universo dos Livros. 384 páginas. R$ 69,90.
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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