Blog dos Espíritos

Perdoar setenta vezes sete

27/05/2024 09:26 - por Rosane Sacilotto

Perdão incondicional
Vamos encontrar no Evangelho de Mateus, capítulo 18, a lição do Mestre Jesus a Pedro, na seguinte passagem: “Então Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: ‘Senhor, quantas vezes deverei perdoar a meu irmão quando ele pecar contra mim? Até sete vezes?’. Jesus respondeu: ‘Eu digo a você: Não até sete, mas até setenta vezes sete”.

Chico Xavier estava atendendo as pessoas, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, quando uma mulher que sofria com o marido, alcoólatra, veio até ele e lhe disse: “Chico, se eu contar as vezes que já perdoei ao meu marido nestes trinta anos de casada, dá mais de 490 vezes; sendo assim, já estou liberada!”.

Ao que o Chico lhe respondeu: “Emmanuel está aqui, do meu lado, dizendo que Jesus mandou perdoar setenta vezes sete cada ofensa que venha perturbar o nosso coração. Esse número é simbólico, significando que o perdão deve ser constante e incondicional, como ensinou o Cristo em todos os atos de Sua estada entre nós, mostrando como se faz, fazendo”.

Perdão e evolução
A Doutrina Espírita nos ensina que temos dificuldades em perdoar porque somos espíritos imperfeitos. E ainda, a partir do momento em que nos tornamos vítimas, a dor parece ficar incurável e maior do que aquela que podemos provocar no outro. Por isso, temos que começar a reconhecer nossos erros e nos colocarmos no lugar do outro, para que assim, consigamos perdoar.

O Espiritismo não nos obriga a nada. Ele nos convida para o autoconhecimento e o despertar interior. Assim, perdoar é algo fundamental para seguir adiante com mais leveza. Mas para perdoar é preciso aceitar o ocorrido como essencial para a nossa evolução.

Dessa maneira, poderemos processar aquela dor como um combustível na melhoria de quem somos. E nesse processo, estaremos buscando o autoconhecimento, trazendo informações e sabedoria essenciais também para outros campos da nossa vida.

Além de fazer bem para a alma, o ato de perdoar é uma das maneiras de liberar a ira, o ódio, o ressentimento e outros sentimentos negativos, além de ser um sinal de maturidade, passa uma sensação de liberdade, já que deixamos de ser prisioneiros de um sentimento que antes nos dominava e abrimos o nosso coração para a paz, alegria e emoções positivas.

Perdoar na realidade é: compreender as motivações do outro que nos causou mal. Isso não significa compactuar com o mal e não fazer nada para evitá-lo e até mesmo deixar impune quem o pratica. O melhor mesmo é que nós consigamos escolher o verbo “relevar”, ao invés do verbo “revidar”.  O melhor ainda é não ter o que perdoar, e sim, ter a fórmula chamada: compreensão. Afinal, ninguém é definitivamente mal, somos todos filhos de Deus. A compreensão quando bem entendida, bem praticada dispensa o perdão. Quem compreende não se ofende. Era o que Jesus fazia. 

Para Emmanuel “quem perdoa, esquecendo o mal e avivando o bem, recebe do Pai Celestial, na simpatia e na cooperação do próximo, o alvará da libertação de si mesmo, habilitando-se a sublimes renovações. Aprendamos a perdoar, conquistando a liberdade de servir. E imprescindível esquecer o mal para que o bem se efetue. Onde trabalhas, exercita a tolerância construtiva para que a tarefa não se escravize a perturbações. Em casa, guarda o entendimento fraterno, a fim de que a sombra não te algeme o espírito ao desespero. Onde estiveres e onde fores, lembra-te do perdão incondicional, para que o auxílio dos outros te assegure paz à vida”.

O perdão na Codificação
Nas obras da Codificação Espírita, também colhemos conselhos e ensinamentos dos Espíritos Superiores, organizados por Allan Kardec. Em O Livro dos Espíritos, na questão 886 (qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus?), nos apresentam a resposta: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”. Complementando a lição, a questão 887: “Jesus também disse: Amai até mesmo os vossos inimigos.

Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais, e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?”. Onde temos a resposta: “É certo que ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus pretendeu dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. Aquele que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca quem procura tomar vingança”.

Já no Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo X - Bem-aventurados os misericordiosos, encontramos mais uma vez essa bela lição de Jesus para calar fundo em nossos corações: “Quantas vezes perdoarei a meu irmão? Perdoar-lhe-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete vezes. Aí tendes um dos ensinos de Jesus que mais vos devem percutir a inteligência e mais alto falar ao coração. Confrontai essas palavras de misericórdia com a oração tão simples, tão resumida e tão grande em suas aspirações, que ensinou a seus discípulos, e o mesmo pensamento se vos deparará sempre” (oração do Pai Nosso em que pedimos que Ele nos perdoe assim como nós perdoamos).

“Espíritas, jamais vos esqueçais de que, tanto por palavras, como por atos, o perdão das injúrias não deve ser um termo vão. Pois que vos dizeis espíritas, sede-o. Olvidai o mal que vos hajam feito e não penseis senão numa coisa: no bem que podeis fazer. Aquele que enveredou por esse caminho não tem que se afastar daí, ainda que por pensamento, uma vez que sois responsáveis pelos vossos pensamentos, os quais todos Deus conhece. Cuidai, portanto, de os expungir de todo sentimento de rancor. Deus sabe o que demora no fundo do coração de cada um de seus filhos. Feliz, pois, daquele que pode todas as noites adormecer, dizendo: Nada tenho contra o meu próximo”. 

O perdão liberta. É necessário seu treino constante, seja nos perdoando ou perdoando ao nosso próximo. Que possamos seguir os ensinamentos do Mestre Jesus, perdoando quantas vezes se fizerem necessárias, para nossa própria evolução e aprendizado.

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
XAVIER, Francisco Cândido – Emmanuel. “Fonte viva”.

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