Blog dos Espíritos

Princípios básicos do Espiritismo

24/06/2024 09:07 - por Rosane Sacilotto

A Doutrina Espírita foi codificada por Allan Kardec a partir de 1857 e conta com cinco obras básicas ditadas pelos Espíritos Superiores e organizadas pelo Codificador Kardec. A primeira dessas obras, “O Livro dos Espíritos”, apresenta os princípios básicos que norteiam a doutrina dos espíritos e que guiam todos aqueles que decidem segui-la e vivenciá-la, ao que acrescentamos também outros pontos importante e norteadores para o Espiritismo. São eles:

Existência de Deus
Deus existe.  É a origem e o fim de tudo.  É o criador, causa primária de todas as coisas.  Deus é a suprema perfeição, muito mais do que conseguimos imaginar e descrever. É eterno, imutável, imaterial, único e onipotente. Deus é soberanamente justo e bom, suas leis e seus princípios são perfeitos.

Jesus modelo e guia
Jesus representa para o Espiritismo o governador espiritual do planeta Terra, modelo e guia para a humanidade, o ser mais puro que já esteve encarnado entre nós e que nos legou as lições de amor e caridade através do exemplo. Na questão 625 de “O Livro dos Espíritos (Qual o tipo mais perfeito que Deus já ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?), os Espíritos Superiores revelam: “Jesus”, e Allan Kardec adiciona: “Para o homem, Jesus constitui o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo, e a doutrina que ensinou é a expressão mais pura da lei do Senhor, porque o espírito divino o animava, e porque foi o ser mais puro de quantos têm aparecido na Terra”.
Imortalidade da alma

O espírito é o princípio inteligente do universo, criado por Deus, simples e ignorante, para evoluir e realizar-se individualmente pelos seus próprios esforços. Como espíritos, já existíamos antes de nascermos e continuaremos a existir, depois da morte física. Quando o espírito está na vida do corpo, dizemos que é uma alma ou espírito encarnado.  Quando nasce para este mundo, dizemos que reencarnou; quando morre, que desencarnou. Desencarnado, volta ao plano espiritual ou espiritualidade, de onde veio ao nascer. A vida na Terra, portanto, é apenas uma passagem. O mundo espiritual é nossa origem e nosso verdadeiro lar.
“A alma do homem sobrevive ao corpo e conserva a sua individualidade após a morte deste”. (“Obras póstumas”)

“O Livro dos Espírito” vem nos elucidar: “A doutrina da reencarnação, ou seja, aquela que consiste em admitir para o homem muitas existências, e a única que corresponde à ideia que fazemos da justiça de Deus, com respeito aos homens que se encontram numa condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois ela nos oferece o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas.  A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam”.

Pluralidade das existências
Criado simples e ignorante, o espírito é quem decide e cria o seu próprio destino. Para isso, ele é dotado de livre-arbítrio, ou seja, capacidade de escolher entre o bem e o mal. Assim, ele tem possibilidade de se desenvolver, evoluir, aperfeiçoar-se, de tornar-se cada vez melhor, mais perfeito. Essa evolução requer aprendizado, e o espírito só pode alcançá-la reencarnando quantas vezes necessárias, para adquirir mais conhecimentos, através das múltiplas experiências de vida. A reencarnação, portanto, permite ao espírito viver inúmeras existências no mundo, adquirindo novas experiências, para se tornar melhor, não só intelectualmente, mas, sobretudo, moralmente, aproximando-se cada vez mais do que estabelecem as Leis de Deus. 

Quando reencarnamos, trazemos um planejamento reencarnatório, compromissos assumidos na espiritualidade perante nós mesmos e nossos mentores espirituais, e que dizem respeito à reparação do mal e à prática de todo o bem possível.  Dependendo de nossas condições espirituais, poderemos ter participado ou não dessas escolhas, optando por provas, sofrimentos, dificuldades ou facilidades, que propiciarão meios para nosso desenvolvimento espiritual.

A reencarnação, portanto, como mecanismo perfeito da Justiça Divina, explica-nos porque existe tanta desigualdade no destino das criaturas na Terra. Pelos mecanismos da reencarnação, verificamos que Deus não premia ou castiga. Pela misericórdia divina, somos nós os articuladores do próprio destino, por vezes necessitando de sofrimentos que nos instigam à melhora e crescimento, pela Lei de Causa e Efeito, ou de Ação e Reação.

Pluralidade dos mundos habitados
"Deus povoou de seres vivos os mundos, concorrendo todos esses seres para o objetivo final da Providência. Acreditar que só os haja no planeta que habitamos fora duvidar da sabedoria de Deus, que não fez coisa alguma inútil. Certo, a esses mundos há de Ele ter dado uma destinação mais séria do que a de nos recrearem a vista. Aliás, nada há, nem na posição, nem no volume, nem na constituição física da Terra, que possa induzir à suposição de que ela goze do privilégio de ser habitada, com exclusão de tantos milhares de milhões de mundos semelhantes." (O Livro dos Espíritos, questão 55)

Nem todas as encarnações se verificam na Terra.  Existem mundos superiores e mundos inferiores ao nosso. A Terra é um mundo de provas e expiações, haja vista o panorama em que se encontra a humanidade. Contudo, ela está sujeita a se transformar numa esfera de regeneração, quando os homens se decidirem a praticar o bem e a fraternidade reinar entre eles. Quando evoluirmos, poderemos renascer num planeta de ordem elevada. O Universo é infinito e como já nos ensinou Jesus, “há muitas moradas na casa de meu Pai”.

Comunicabilidade dos Espíritos
A comunicação entre o mundo físico e o espiritual é um dos princípios essenciais da Doutrina Espírita. Essa interlocução é possível através da mediunidade que é “faculdade inerente ao homem. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos espíritos é, por esse fato, médium”. (“O Livro dos Médiuns”)

De acordo com o Espiritismo, todos os indivíduos têm potencial mediúnico, mas nem todos desenvolvem a habilidade em alto grau ao longo da vida terrena. Pelo médium, o espírito desencarnado pode comunicar-se, se puder e quiser.  Essa comunicação depende do tipo de mediunidade ou de faculdade do médium. Mas toda e qualquer comunicação não deve ser aceita cegamente, precisa ser encarada com reserva, examinada com o devido cuidado, para não sermos vítimas de espíritos enganadores. A comunicação depende da conduta moral do médium. Se for uma pessoa idônea, de bons princípios morais, oferece campo para a aproximação e manifestação de bons espíritos. 

É preciso ficar alerta contra as mistificações e contra os falsos médiuns, que tentam iludir os menos avisados em troca de vantagens ou fama. Por isso, é importante o estudo, o conhecimento adequado da Doutrina Espírita e principalmente a finalidade dessas comunicações, se servem para o bem comum ou apenas têm o propósito de servir a interesses pessoais. “O fim providencial das manifestações (dos Espíritos) é convencer os incrédulos de que para o homem nem tudo acaba com a vida terrena, bem como dar aos crentes ideias mais exatas sobre a vida futura”. (“O que é o Espiritismo”)

A Doutrina Espírita é, ainda, um convite ao exame de consciência e à reforma íntima, nos mostrando quem somos e para onde vamos, nos convida a refletir sobre o que estamos fazendo com nossa oportunidade neste planeta, se estamos apenas deixando os dias passarem ou se estamos aproveitando ao máximo toda oportunidade que nos é concedida de evolução e aprendizado.

KARDEC, Allan. “O Livro dos Espíritos”; “O que é o Espiritismo”; “O Livro dos Médiuns”; “Obras póstumas”; “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Faça seu login para comentar!
16/09/2024 10:54

Viva a vida, seja vida

09/09/2024 09:26

As virtudes: caridade

02/09/2024 09:48

As virtudes: fé

26/08/2024 09:25

As virtudes: perdão

19/08/2024 09:33

As virtudes: humildade

12/08/2024 09:28

As virtudes: paciência

05/08/2024 11:01

Pai: o valor do exemplo

29/07/2024 09:03

Espiritismo e meio ambiente

22/07/2024 10:38

Os espíritos protetores

15/07/2024 09:24

Desigualdade das riquezas

08/07/2024 09:24

A prece