Blog do Mistério
Um acervo amaldiçoado
A relíquia em madeira escura repousa sob uma redoma de vidro espesso no centro da sala 7 do Museo de Valladolid, cercada por olhares curiosos e sussurros supersticiosos. Com entalhes que pareciam pulsar sob certas luzes, a cadeira de encosto alto e braços robustos tinha uma presença, algo sinistro que ninguém poderia explicar. Era como se estivesse à espreita, esperando alguém suficientemente tolo ou corajoso para desafiá-la.
Dizem que o próprio diabo teria tocado aquele assento através das mãos profanas do médico Andrés de Proaza. A lenda ganhou força quando um garoto de nove anos desapareceu nos arredores da cidade espanhola. A Inquisição, já de olho em Proaza por conta de sua reputação, foi até sua residência e o interrogou. Durante os questionamentos, o médico confessou o assassinato do menino, embora tenha negado com veemência qualquer pacto com o diabo. Apesar da ausência de provas que ligassem diretamente o crime a rituais demoníacos, o caso chocou a população e foi suficiente para condená-lo.
Durante o processo, Andrés de Proaza relatou algo inquietante sobre sua cadeira de trabalho. Segundo ele, ao sentar-se naquele objeto específico para redigir suas observações e conclusões médicas (muitas delas relacionadas a autópsias), entrava em um estado de transe. Nessas ocasiões, dizia experimentar sensações paranormais que lhe concediam um conhecimento incomum, como se forças além da compreensão estivessem agindo por meio dele. O testemunho aumentou a aura maldita em torno da cadeira.
Antes de ser enforcado, Proaza teria alertado que qualquer pessoa que não fosse médico e ousasse se sentar na cadeira sofreria consequências letais. Também afirmou que o objeto reagiria violentamente caso alguém tentasse destruí-lo. Após sua execução, seus bens, incluindo a temida cadeira, foram transferidos para a Universidade de Valladolid, onde permaneceram por séculos.
No século XIX, o caso voltou a ganhar notoriedade após duas mortes misteriosas. Um bedel da universidade, ignorando a fama da cadeira, resolveu sentar-se nela para descansar. Poucos dias depois, foi encontrado morto em circunstâncias inexplicáveis. Outro funcionário, igualmente descrente, repetiu o gesto e teve o mesmo destino. Esses episódios renovaram o medo em torno da peça e reforçaram sua fama de amaldiçoada.
Desde então, ficou decidido que ninguém mais poderia se sentar na Cadeira do Diabo. Atualmente, ela está exposta sob proteção no Museo de Valladolid, onde permanece como uma das atrações mais enigmáticas e controversas do acervo. Antes de ser encerrada em uma redoma de vidro muitas pessoas tentaram sentar-se na cadeira, a maioria médicos, buscando os conhecimentos obscuros de Proaza.
Embora historiadores debatam a veracidade dos relatos, a lenda é muito conhecida, alimentada por séculos de medo, fascínio e superstição.
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Morte no cemitério
O título deste post vai remeter a um romance de Agatha Christie, mas infelizmente é pura realidade.