Blog do Mistério
Um conto de Halloween
Aconteceu em uma cidade pequena no interior dos Estados Unidos, há dez anos ou talvez trina.
Era noite de Halloween, uma névoa densa estranha pairava sobre todo o pequeno município, escondendo os campos de milho. As crianças, alheias ao mundo como é comum no Halloween, corriam pelas ruas fantasiadas, batendo de porta em porta em busca de doces. Mas, em uma fazenda isolada nos arredores, o verdadeiro terror estava prestes a acontecer.
Um bandido chamado Sam, foragido da justiça, caminhava pelas estradas desertas, com os olhos fixos na casa de um fazendeiro local. Ele precisava de um lugar para se esconder até a noite cair e, ao avistar o espantalho no campo de milho, teve uma ideia diabólica.
Sam trocou de lugar com o espantalho, colocando o boneco de palha no chão e vestindo as roupas esfarrapadas. Seu plano era perfeito: ficaria ali parado, imóvel, até que a família fosse dormir. Sob a luz da lua, ele parecia apenas mais uma figura estática entre as fileiras de milho, com os braços estendidos e o chapéu de palha cobrindo seu rosto. Ninguém perceberia que, no lugar do espantalho, havia um homem pronto para invadir a casa. O vento frio balançava suavemente suas vestes, mas Sam se mantinha firme, aguardando o momento certo.
Quando as luzes da casa finalmente se apagaram, ele desceu silenciosamente do poste de madeira. A escuridão era sua aliada enquanto ele cruzava o campo, passos leves sobre o solo macio. Ao se aproximar da janela dos fundos, viu que estava entreaberta, como se o destino o estivesse ajudando.
Com agilidade, Sam entrou na casa. O som distante do vento e o ranger das tábuas antigas eram a sintonia da noite, mas ele seguia cauteloso, sem fazer barulho. Sabia que a família estava dormindo no andar de cima e que tinha tempo de sobra para procurar o que quisesse.
Dentro da casa, Sam vasculhou gavetas e armários, encheu seus bolsos com joias, relógios e dinheiro. Porém, enquanto se movia pela sala de estar, algo estranho aconteceu. Um frio inesperado tomou conta do ambiente, e as sombras nas paredes pareceram ganhar vida. Ele ouviu o que parecia ser o farfalhar de palha vindo de trás dele. Virando-se rapidamente, não viu nada. Mas o som continuava, como se o espantalho estivesse se aproximando. Seu coração começou a bater mais rápido. Ele sabia que estava sozinho, mas a sensação de ser observado o envolveu completamente.
De repente, um barulho alto soou no andar de cima, como se alguém tivesse caído da cama. O pânico tomou conta de Sam. Ele correu para a porta, mas ela estava trancada. Desesperado, tentou a janela, mas, por algum motivo, não conseguia abri-la. Foi então que percebeu: o som de palha se arrastando pelo chão estava agora ao seu redor.
Ele olhou para a lareira e viu o reflexo de algo horrível – o espantalho que ele havia deixado no campo estava ali, parado no canto da sala, com seus olhos de botão brilhando na penumbra. Mas aquilo não era o espantalho de antes. Era uma criatura sombria, feita de palha e raiva, que se movia como se estivesse viva.
Sam gritou, mas foi abafado pelo som do vento que uivava lá fora. Quando a família desceu na manhã seguinte, encontrou a casa revirada, mas não havia sinal do ladrão. Apenas um novo espantalho estava parado no campo, com um chapéu de palha e roupas rasgadas, braços estendidos, como se guardasse algo muito mais sinistro do que simples espigas de milho.
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