Blog do Mistério

Um conto de Halloween

24/10/2024 09:24 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Aconteceu em uma cidade pequena no interior dos Estados Unidos, há dez anos ou talvez trina.

 Era noite de Halloween, uma névoa densa estranha pairava sobre todo o pequeno município, escondendo os campos de milho. As crianças, alheias ao mundo como é comum no Halloween, corriam pelas ruas fantasiadas, batendo de porta em porta em busca de doces. Mas, em uma fazenda isolada nos arredores, o verdadeiro terror estava prestes a acontecer.

Um bandido chamado Sam, foragido da justiça, caminhava pelas estradas desertas, com os olhos fixos na casa de um fazendeiro local. Ele precisava de um lugar para se esconder até a noite cair e, ao avistar o espantalho no campo de milho, teve uma ideia diabólica.

Sam trocou de lugar com o espantalho, colocando o boneco de palha no chão e vestindo as roupas esfarrapadas. Seu plano era perfeito: ficaria ali parado, imóvel, até que a família fosse dormir. Sob a luz da lua, ele parecia apenas mais uma figura estática entre as fileiras de milho, com os braços estendidos e o chapéu de palha cobrindo seu rosto. Ninguém perceberia que, no lugar do espantalho, havia um homem pronto para invadir a casa. O vento frio balançava suavemente suas vestes, mas Sam se mantinha firme, aguardando o momento certo.

Quando as luzes da casa finalmente se apagaram, ele desceu silenciosamente do poste de madeira. A escuridão era sua aliada enquanto ele cruzava o campo, passos leves sobre o solo macio. Ao se aproximar da janela dos fundos, viu que estava entreaberta, como se o destino o estivesse ajudando.

Com agilidade, Sam entrou na casa. O som distante do vento e o ranger das tábuas antigas eram a sintonia da noite, mas ele seguia cauteloso, sem fazer barulho. Sabia que a família estava dormindo no andar de cima e que tinha tempo de sobra para procurar o que quisesse.

Dentro da casa, Sam vasculhou gavetas e armários, encheu seus bolsos com joias, relógios e dinheiro. Porém, enquanto se movia pela sala de estar, algo estranho aconteceu. Um frio inesperado tomou conta do ambiente, e as sombras nas paredes pareceram ganhar vida. Ele ouviu o que parecia ser o farfalhar de palha vindo de trás dele. Virando-se rapidamente, não viu nada. Mas o som continuava, como se o espantalho estivesse se aproximando. Seu coração começou a bater mais rápido. Ele sabia que estava sozinho, mas a sensação de ser observado o envolveu completamente.

De repente, um barulho alto soou no andar de cima, como se alguém tivesse caído da cama. O pânico tomou conta de Sam. Ele correu para a porta, mas ela estava trancada. Desesperado, tentou a janela, mas, por algum motivo, não conseguia abri-la. Foi então que percebeu: o som de palha se arrastando pelo chão estava agora ao seu redor.

Ele olhou para a lareira e viu o reflexo de algo horrível – o espantalho que ele havia deixado no campo estava ali, parado no canto da sala, com seus olhos de botão brilhando na penumbra. Mas aquilo não era o espantalho de antes. Era uma criatura sombria, feita de palha e raiva, que se movia como se estivesse viva.

Sam gritou, mas foi abafado pelo som do vento que uivava lá fora. Quando a família desceu na manhã seguinte, encontrou a casa revirada, mas não havia sinal do ladrão. Apenas um novo espantalho estava parado no campo, com um chapéu de palha e roupas rasgadas, braços estendidos, como se guardasse algo muito mais sinistro do que simples espigas de milho.

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