TRANSPORTE COLETIVO

Um dia sem ônibus

30/01/2024 00:01 - por Robson Neves robson@jornaldopovo.com.br

Carros voltam a circular hoje após acordo judicial

Avenida Brasil: pontos de ônibus vazios ontem pela manhã / Robson Neves

Depois de seis dias de operação padrão, Cachoeira do Sul amanheceu sem transporte coletivo urbano ontem por causa da greve dos funcionários da Transportes Nossa Senhora da Graças (TNSG), que decidiram cruzar os braços por falta de acordo com a empresa sobre o reajuste do vale alimentação. A greve iniciou no mesmo dia em que a passagem de ônibus subiu de R$ 5,60 para R$ 6,00 em Cachoeira, mas o protesto durou pouco. No final da tarde de ontem houve um acordo em uma audiência judicial e hoje os funcionários da TNSG voltam a trabalhar, colocando os ônibus nas ruas para atender a população.

O protesto vinha sendo ensaiado há dias pelos trabalhadores e foi deflagrado na noite deste domingo, quando a categoria recusou a oferta da TNSG. De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário, Luiz Aníbal Vieira Machado, os funcionários pediram 10%, mas acabaram aceitando o reajuste salarial de 7% proposto pela TNSG.

No entanto, faltava ainda um ajuste sobre o valor do vale-alimentação, que hoje é de R$ 300,00. A primeira oferta da TNSG foi de um reajuste do mesmo percentual aplicado para o salário, mas os trabalhadores não aceitaram. Depois a concessionária ofereceu um complemento de R$ 50,00, prometendo passar o vale para R$ 350,00, oferta também rejeitada pela categoria. Os funcionários da concessionária exigiam que o benefício fosse elevado para R$ 400,00.

IMPASSE E BRAÇOS CRUZADOS
O diretor operacional da TNSG, Waldir Souza, anunciou ontem pela manhã que a empresa estava disposta a pagar os R$ 400,00 a partir de março, usando para isso a arrecadação de fevereiro, o primeiro mês após o aumento do preço da passagem. “Olha, nós fomos surpreendidos”, observou Souza sobre a greve, embora admita que estava ciente de que o movimento vinha tomando uma posição mais radical. Ele argumenta que até mesmo para pagar o reajuste de 7% não será fácil para a empresa, observando que a inflação no período foi de 4,2%. “Não temos caixa para liberar um reajuste à altura do que o nosso funcionário merece, mas aos poucos estamos resgatando isso”, frisou Souza. 

Existia então um conflito neste ponto do vale-alimentação, pois Machado destacava que a categoria queria o pagamento retroativo a janeiro. Diante deste impasse, foi iniciada a greve e sem os coletivos nas ruas da cidade, ontem pela manhã os pontos de ônibus estavam vazios. Isso indica que os passageiros da TNSG usaram veículo próprio, conseguiram carona, usaram transporte acionado por aplicativo, táxi ou se deslocaram a pé pela cidade.

Audiência coloca ponto final na greve


TNSG: trabalhadores da concessionária cruzaram os braços em Cachoeira / Divulgação

Uma audiência virtual de mediação presidida pelo desembargador Alexandre Corrêa da Cruz, do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, que reuniu ontem representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Cachoeira do Sul e da TNSG com a prefeita Angela Schuh e o procurador jurídico Helinho, resultou no encerramento da greve. A audiência encerrou com um acordo entre TNSG e o sindicato, que representou os trabalhadores da empresa prestadora de serviço de transporte urbano de Cachoeira.

Convidado para a audiência, o juiz do Trabalho de Cachoeira, Carlos Henrique Selbach, ajudou a mediar o conflito. Ele sugeriu que o pagamento do vale-alimentação seja retroativo a janeiro, mas a partir do mês de março, com a diferença paga em três parcelas (março, abril e maio). A sugestão foi aceita pelos trabalhadores e pela TNSG. No acordo ficou definido também que o dia de trabalho de ontem não será descontado. A frota volta para as ruas às 5h de hoje.

IMPORTANTE

O Diretório Central de Estudantes da UFSM/Cachoeira do Sul agendou para a tarde de hoje, às 15h, uma manifestação na frente da Prefeitura para protestar contra o aumento do preço da passagem de ônibus, que ontem subiu para R$ 6,00. Na convocação para o protesto, o DCE destaca que apoia a greve dos funcionários da TNSG “que vêm sofrendo com as graves condições do transporte público de Cachoeira”.

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