Londres, com suas ruas estreitas e envoltas em neblina, sempre foi palco de histórias assombrosas, mas poucos locais possuem uma atmosfera tão carregada quanto o Ten Bells Pub. Este estabelecimento histórico, localizado em East End, é conhecido não apenas por seus tijolos desgastados pelo tempo, mas também pelas sombras que parecem habitar cada canto. Sua conexão com Jack, o Estripador, um dos assassinos mais notórios da Era Vitoriana, atrai curiosos e corajosos em busca de mistérios e calafrios.

O Ten Bells tornou-se parte essencial da história de Jack por ser frequentado por várias de suas vítimas. Elizabeth Stride, uma das mulheres assassinadas, foi banida do pub em certa ocasião por estar bêbada e criar confusão. Mary Kelly, considerada a última vítima do Estripador, costumava ficar do lado de fora do bar atraindo clientes antes de ser brutalmente assassinada.

Já Annie Chapman, outra mulher que encontrou seu destino trágico nas mãos de Jack, também era uma visitante regular. Esses fatos amarram o pub a uma época em que as névoas londrinas não apenas obscureciam a cidade, mas também escondiam a identidade de um dos criminosos mais enigmáticos da história.

No entanto, os fantasmas que assombram o Ten Bells não se limitam às vítimas de Jack. A história do pub carrega outras tragédias ainda mais antigas e igualmente macabras. Um dos episódios mais perturbadores envolve o assassinato de um bebê dentro do local, um crime que nunca foi resolvido. Há também relatos de que a proprietária do estabelecimento foi morta a golpes de machado.

Dizem que, mesmo após sua morte, ela nunca abandonou os pub. Funcionários afirmam vê-la vagando pelo andar superior, usando um vestido típico da Era Vitoriana, enquanto passos fazem vibrar o assoalho antigo e choros inexplicáveis são ouvidos nas noites mais silenciosas.

A névoa da Londres industrial do século XIX, conhecida como "pea soupers", era tanto uma bênção quanto uma maldição para Jack. Misturando poluição e bruma natural, ela permitia que ele desaparecesse após cada crime, tornando-o quase um fantasma humano. Os assassinatos de East End não apenas aterrorizavam a população, mas também reforçavam a desigualdade social e o abandono enfrentado pelas mulheres pobres da época. É por isso que a história de Jack continua viva em tours a pé pelas ruas de Londres, sendo o Ten Bells a ligação de épocas e a prova viva da vulnerabilidade daqueles tempos.

Hoje, o pub é uma mistura de passado e presente, um ponto de encontro tanto para moradores quanto para turistas fascinados pelas lendas. Mas a pergunta persiste: quem entra no Ten Bells à procura de um pint de cerveja sai apenas com isso? Ou talvez leve consigo um frio na espinha, um vislumbre de uma figura feminina no canto do olho, ou o som distante de passos na madeira? Para muitos, não há dúvidas de que o Ten Bells é mais do que um pub; é um portal para a história, e para algo muito mais escuro, inexplicável.

Visitar o Ten Bells equivale a uma caminhada por uma linha tênue entre o real e o sobrenatural. A cada drink servido, cada passo dado sobre o piso antigo, é impossível não se perguntar quantos olhos invisíveis estão observando, quantos sussurros do passado ainda tentam se fazer ouvidos. É um ponto de encontro com os fantasmas da história, sejam eles literais ou metafóricos.