Blog do Mistério

Um tesouro jesuíta perdido no RS

19/09/2024 09:29 - por Gisele Wommer giwommer@gmail.com

Foto: Turismo no Rio Grande

A cidade de Lagoa Vermelha, no noroeste do RS, carrega em seu nome e em sua fundação uma lenda e um mistério. Dizem que há anos, um certo tesouro jesuíta foi perdido na região, nunca foi e nunca poderá ser encontrado.

A história nos relata que os padres jesuítas que se dispuseram a catequizar os indígenas do sul do Brasil não tiveram vida fácil. Somente sua fé não era suficiente para o tamanho do projeto que tinham em mente. A rotina de formação de uma redução iniciava após a conversão de alguns indígenas, na sequência plantavam lavouras e construíam moradias.

A instalação de uma igreja era o quarto passo, mas muitas vezes este não chegava a ser dado, pois as futuras reduções eram frequentemente atacadas por bandeirantes, que saqueavam tudo que pudessem carregar e ainda levavam os bugres como escravos. Aqueles que resistiam, sendo padres ou indígenas, eram conduzidos a fazer suas reclamações ao pai celestial, pessoalmente.

Quando bandeirantes eram avistados se aproximando, padres e índios fugiam, tentavam salvar tudo o que fosse possível. O que não podiam levar consigo, destruíam ou enterravam, de modo que os invasores não encontrassem nada. Plantios, construções e até mesmo igrejas foram incendiadas e aniquiladas antes mesmo que se pudesse colher frutos dos empreendimentos. 

Em uma dessas futuras reduções, não sendo possível precisar em qual, a igreja pretendia construir uma grande catedral. O material todo havia chegado ao local diretamente da Europa. Eram castiçais, candelabros, cruzes de ouro e prata, algumas até mesmo incrustadas de joias e também o dinheiro para pagar aos artesãos pelo seu trabalho: muitas moedas e ouro em pó. Mas a construção nunca aconteceu, os bandeirantes estavam no rastro da riqueza chegada naqueles cafundós e logo encontraram.

Desesperados, os jesuítas colocaram tudo o que puderam em carreta, puxada por mulas, pegaram alguns bugres e tentaram fugir. Também não tiveram sucesso. As mulas logo cansaram e os padres enxergavam ao longe a fumaça da aldeia em chamas, era questão de tempo até serem dominados. Ao chegarem às margens de uma lagoa profunda, os fugitivos perceberam que não poderiam continuar.

Sem outra escolha, soltaram e espantaram as mulas e lançaram a carreta, carregada de riquezas, nas águas da lagoa. Para garantir que o local do tesouro permanecesse em segredo, os padres mataram os índios que os acompanhavam, jogando seus corpos nas águas.

Reza a lenda que o sangue dos índios tingiu a lagoa de vermelho, dando origem ao seu nome. A partir desse momento, a lagoa passou a ser chamada de Lagoa Vermelha, e a cidade que ali se formou herdou esse nome. 

Os moradores locais acreditam que a lagoa guarda mistérios, e não se atrevem a nadar ou pescar em suas águas. Segundo a tradição, o fundo da lagoa é inacessível, e o nível da água nunca muda, mesmo diante de fortes secas ou tempestades. Um parque histórico foi erguido ao redor da lagoa. 

Uma outra versão da lenda conta que a verdadeira lagoa onde os fatos ocorreram foi aterrada para a construção da cidade. Para encontrar o tesouro é necessário que se escave Lagoa Vermelha e ninguém faz ideia de onde procurar.

 

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