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XVII Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de Poemas, ainda dá tempo de participar!

12/06/2024 08:48 - por Tiago Vargas

Estão abertas as inscrições no XVII Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de Poemas. Ainda é possível participar. Os trabalhos deverão ser entregues na recepção do jornal até o dia 24 do presente mês. Trata-se de um certame histórico e tradicional que já premiou mais de cem poetas entre vencedores e menções honrosas.

O concurso divide-se em três categorias; infantil, juvenil e adultos. Cada participante poderá concorrer com um poema inédito, nunca publicado nem mesmo em redes sociais. O poema poderá ter no máximo 25 versos (linhas) e deverá ser entregue dentro de um envelope grande com a seguinte inscrição  XVII PRÊMIO PAULO SALZANO VIEIRA DA CUNHA DE POEMAS, a categoria pertencente e a indicação de escola se o participante for aluno.

Os poemas deverão estar digitados com título em fonte Times New Roman, tamanho 12, em 3 vias, tendo somente como assinatura o pseudônimo. Em um envelope menor, devidamente lacrado (dentro do envelope grande) deverá constar as informações pertinentes ao participante, entre os quais, nome do poema, pseudônimo, nome verdadeiro do autor, categoria, escola e professor se for estudante, endereço completo e telefone para contato.

Na parte externa deste pequeno envelope deverá ser mencionado somente o nome do poema, o pseudônimo e a categoria. Serão premiados os dois vencedores de cada categoria. O regulamento completo pode ser conferido aqui mesmo, no site do Jornal bem como todos os poemas já premiados. 

A procura
Procuro palavras
sem plumas
nas ruas
certeiras e nuas
cobertas de penas
Procuro palavras
com senhas
secretas
que levam direto
ao centro da fome
Procuro palavras
ao cego de letras
que vive
sem ser
olhando sem ver
Com tantas palavras
em alvos gigantes
contemplo montanhas
ouvindo seus ecos.
Iara Ramos
Vencedor em 2004 

O menino tagarela
Tanto tagarelou, até que um dia acreditou
Que sua vida tudo podia animar.
Papeou, soltando verbos
Adjetivando provérbios.

No início, receoso,
Com medo da repressão,
Sussurrava baixinho as palavras
Que vinham do coração.

Quando em solitude se encontrava, bradava,
Na certeza de seu olhar despertar.
Depois, apenas relaxava e ao sono tranquilo se entregava
Para, no outro dia, novas palavras encontrar.

Tanto tagarelou que, numa noite em sonho,
Encontrou um tempo para prosear com o vento.
Este, abraçou seu intento e retribui as letras
Que lhe inspiraram um concerto

Desperto, não mais tagarela escondido
De mãos dadas com o vento, navega o tempo
O intento fortalecido
Cantarola liberto.
Gisela Purper Barreto
Vencedor em 2023

Fome
Ventos rondam minhas proximidades,
percorrem meus relevos
e penetram surdamente...
...no silêncio das minhas palavras,
onde encontram sossego
e descobrem a poesia secreta
que sacia a minha fome.
Marion Cruz
Vencedor 2003

Vento nosso
Nas ruas da minha aldeia o vento dorme
às vezes ele envolve algum cão
em outras tantas não
quem sabe um bêbado caído
lá o vento vá como agasalho
pegando força na curva do rio
é o ofício do sopro da terra
quando entra às ruas da cidadela
que é só cicatriz na paisagem
ventania vira aragem
acaricia ou bate
e que assim seja
temos ao menos o vento.
Diogo de Souza Lindenmaier
Vencedor em 2018


Diogo Lindenmaier

Rio da Vida
Há em mim uma ingrata angústia inata...
É de minha própria natureza sentir tristeza.
O rio da vida retrata uma falsa mata
De uma dissimulada beleza simulando pureza.
O rio da vida insiste em me refletir triste...
A distância que separa minha infância
Consiste em banhar a saudade que assiste
Em nítida inconstância meu delírio e ânsia.
Parece que o rio também espelha saudade
Da absorta memória de outra idade
Onde nem tudo era turvo e sombrio.
Saudoso tempo aquele que prazenteira mocidade
Na qual das águas escoavam com claridade
Na superfície límpida desse mesmo rio.
Luiz Carlos Gama
Vencedor 2002

Senhora
Netuno te guarda sob as Graças de Conceição
Em leito de areia, se aforam tuas ruas
No teu riso da praça, dançam tuas águas
Em ti,
Paraíso é semeado,
Quedas erguem Pontes,
Pedras ladrilham o tempo,
Lares e Centros emanam a fé.
Teus casarões sombreiam pajés descalços,
Filhos herdeiros das cestarias.
Tua identidade e tuas Comunidades Remanescem
Tua terra plural alimenta e tuas histórias nutrem.
Ainda te faltam esquinas para refugiar quem chega
E sobram nas paredes as faces da despedida.
Tua alma tem rugas de coragem.
Teus filhos, novos sobrenomes,
Tuas lágrimas, gosto de rio.
Tua voz, Cachoeira, é o violino que ecoa
A prece materna nos ares do Sul.
Gabrielly Vieira Ribeiro
Vencedora em 2020

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