Alunos e pais que antes apoiavam o movimento agora começam a mudar de opinião

Apoio à greve dos professores começa a sofrer debandada

14/11/2017 21:07

70 DIAS DE PARALISAÇÃO

professores da Escola Diva estão unidos e vão até o final do movimento

Seguindo orientação do comando geral de greve do Cpers, os professores estaduais gaúchos seguem com a greve que completa 70 dias nesta quarta-feira.

Boa parte dos alunos e pais que apoiavam o movimento grevista no começo, agora já mudou de opinião, com medo de que o ano letivo seja perdido. O Jornal do Povo traz nesta reportagem duas entrevistas de alunas que apoiavam o movimento, mas agora estão ansiosas pelo retorno das aulas, querendo evitar o desgaste – na melhor das hipóteses – de recuperar as aulas durante o forte do verão.

A maioria dos professores estaduais retornou ao trabalho em Cachoeira do Sul nesta segunda-feira. Uma parte já havia retornado na segunda-feira da semana passada. Em Cachoeira o principal foco de resistência segue sendo o Colégio Diva Costa Facchin, em greve desde o início do movimento, deflagrado em 5 de setembro.

Na escola, que fica na entrada do Bairro Ponche Verde, 100% dos alunos do ensino médio e do ensino fundamental continuam sem assistir aulas. São 55 professores e 15 funcionários que seguem firme na greve no Colégio Diva.

Apenas, no curso técnico em contabilidade, oito professores se solidarizaram ao apelo dos alunos e retomaram às atividades no início da semana passada. Segundo o vice-diretor  Colégio Diva Costa Facchin, Orlando Kilian Corrêa, há 19 anos na instituição, os professores que retornaram levaram em conta o anseio dos alunos que aguardam pelo diploma para tentar ingressar no mercado de trabalho e já haviam pago inclusive as despesas de festa de formatura.

SEM MOTIVAÇÃO POLÍTICA

Orlando Correa garante que os professores seguem se reunindo a cada nova orientação do Cpers e estão cada vez mais unidos. “Não se trata de orientação político-partidária de esquerda, ou qualquer outra. Somos um grupo de pessoas esclarecidas que está descontente com a falta de atenção e os desmandos do governo estadual”, garante o vice-diretor do Diva.

O segundo pilar da greve em Cachoeira do Sul fica na Escola Borges de Medeiros, próximo à Cinco Esquinas, que está dividida, mas ainda ostenta um número considerável de professores e funcionários em greve desde o dia 6 de setembro, que vem se revezando em escalas para manter parte das aulas. Na Escola Borges de um total de 68 professores, 41 continuam em greve, ao lado de 11 funcionários, da equipe de 18, que a instituição possui, conforme informou a vice-diretora Maristela Mallet.

Onde a greve iniciou forte e depois enfraqueceu foi no Ciep Virgilino Jayme Zinn, no Bairro Preussler. Lá, segundo a supervisora pedagógica Odete Dutra, que conta com 22 anos na escola, a greve iniciou dia 12 de setembro com mais de 70% do corpo de professores e alunos aderindo ao movimento.

Contudo, após o último dia 6 os professores, principalmente, começaram a retomar as atividades. Ela informa que atualmente, são apenas sete grevistas de um total de 52 docentes, e 13 funcionários parados, de um total de 26.

MUDANÇA DE ESCOLA

No Colégio Diva Costa Facchin, Orlando Corrêa, vice-diretor disse não saber o número exato de alunos que pediram transferência para outras escolas que não aderiram à greve. Entretanto, ele observa que a solução não é tão simples como parece, pois na medida em que os alunos e/ou seus pais optam pela troca de colégio, naturalmente acabam ficando com uma lacuna, referente ao período que ficaram em greve, enquanto nas novas escolas não houve paralisação.

No Ciep, a supervisora Odete Dutra confirma o que falou Corrêa. Conforme Odete, seis alunos do 9º ano pediram transferência para outras instituições, porém dois deles acabaram retornando, por conta das dificuldades, seja na adaptação, ou no acompanhamento das disciplinas nas novas escolas.
 

Dificuldade para recuperar aulas



Bianca e Isabel: "chega de greve"

Bianca Pettermann, 13 anos, aluna do 7º ano do Colégio Diva, e sua mãe Isabel Pettermann, disseram que apoiaram a greve dos professores desde o início.

Contudo, passados 70 dias, elas agora mudaram de opinião. Bianca disse que já está enjoada de ficar em casa sem ter muito o que fazer, e também mencionou que tem medo de perder o ano letivo pois sonha em concluir o ensino fundamental e tentar buscar uma vaga como estagiária pelo programa Primeiro Emprego, por isso não quer perder tempo.

Sua mãe Isabel ainda comenta que possui uma filha mais nova, que pretende colocar na escola a partir do ano que vem, e fica pensando na dificuldade enfrentada pelas mães que têm outras atividades para complementar a renda familiar e precisam deixar seus filhos na escola.

“Hoje em dia já é difícil para encontrar vagas em creches. E para os filhos que não têm mais idade para creche, a saída é a escola para muitas mães e pais deixarem seus filhos. Como fica a situação dessa gente? A greve foi válida, foi justa, mas acho que já está na hora de os professores voltarem, para que ainda dê tempo de recuperar as aulas”, opina.


Medo de ficar sem faculdade


Cassia Nunes: antes a favor, agora contra a greve


A aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Diva, Cassia Nunes, 17 anos, não esconde que apoiou com entusiasmo o movimento grevista do magistério. Ela conta que chegou a discursar na Câmara dos Professores em favor dos docentes da sua escola.

No entanto, ela observa que aos poucos o movimento foi adquirindo feições político-partidárias, razão pela qual ela agora deixou de apoiar a causa, e vem fazendo postagens na internet neste sentido.

“Percebo que a coisa foi indo para o lado do partidarismo, a causa é justa, mas vejo que agora há outros interesses por trás, há outros objetivos, por isso não posso mais me sujeitar a apoiá-los”, ressalta a estudante.

“A greve agora já está saturada, não está mais dando e não vai dar mais nenhum resultado, virou mais questão política. Além disso, o prejuízo é muito grande, em especial para estudantes na minha condição. Estudei meses, desde o início do ano numa rotina de 12 a 13 horas por dia de leitura para chegar bem na prova do Enem, foram incontáveis finais de semana sem sair, dedicada aos estudos, e agora como é que eu fico? Se eu não puder terminar o ano letivo, como vou poder ingressar numa faculdade?”, critica Cassia.


POR DENTRO


* Salários integralizados

Com os salários integralizados desde sexta-feira e algumas reivindicações do sindicato atendidas pela Secretaria de Educação (Seduc) ao longo da semana passada, o movimento grevista começa a enfraquecer em todo o estado.


* Sem punição

O Cpers exigia que nenhum servidor em greve fosse punido, o que a Seduc já garantiu que não vai acontecer. Outro pedido da categoria era que fosse retirada a urgência de votação do projeto que trata da reestruturação do Instituto da Previdência Estadual (IPE) na Assembleia Legislativa, também aceito pelo governo.


* Portas da Federasul

Todavia, nesta terça-feira, o Cpers trancou as portas da Federasul, em Porto Alegre,  como forma de pressão para que o governo recebesse o Comando Estadual de Greve. Depois houve, manifestações em frente ao Palácio Piratini, mas sem resultado.


* Perdas salariais

A ordem é para que os 42 núcleos do sindicato espalhados pelo estado mantenham a greve. A categoria não abre mão da reposição salarial de 21,85%, pagamento do 13º até o dia 20 e a garantia de que os salários do magistério não serão mais parcelados.
 

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APOIO A GREVE DOS PROFESSORES SOFRE DEBANDADA

Jose Gladimir Lopes em 16/11/2017 às 10h13

seg. sei que nao é maioria, mas acho que ja esta se tornando maioria, professores filiados ao Cepers sindicato que sao esquerdistas ferrenhos, e fazem a cabeça das crianças que convencem os Pais a serem favoraveis a greve. Acontece que com essa crise se agravando e mesmo o Governo pagando em dia quem ganha até 3 mil e poucos reais, os cabeças do Cepergs, agora ja provado em video ,que é campanha para proxima eleiçao , ficam tentando levar essa greve adiante e prejudicando todo mundo.

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