Blog da Poesia

Armindo Trevisan

03/03/2021 09:56

Armindo Trevisan nasceu no dia 6 de setembro de 1933, em Santa Maria, Rio Grande do Sul/RS. Trata-Se de um dos maiores poetas brasileiros da metade do século XX, autor de obras como ‘’A imploração do nada’’, ‘’Corpo a corpo’’, ‘’O rumar do Sangue’’, ‘’dança Do Fogo’’, entre outras. Possui poemas e ensaios traduzidos em alemão, italiano, espanhol e inglês. Influencia por Ezra Pound, sua obra literária apresenta como característica basilar o uso de um vocabulário culto, clássico.

No entanto, a estrutura de seus poemas abarca prioritariamente um teor minimalista, ideia de concisão, atrelada a um conceito de raciocínio de percepção contemporânea e moderna. Reflexões existenciais humanas são os temas mais comuns em sua escrita. Armindo Trevisan, clássico e fundamental.  

Clareira
Quando depois do amor
ela está estendida
para o céu
e as pernas
reluzem
e a boca
tem o ar
de uma bicicleta junto
a uma macieira
e seu corpo
se move
e os seios
estão no tanque
dentro da sombra
tomo-a
mil vezes
e lhe sopro na boca
o ar
que esfriou na distância
que separa
a fruteira de cristal
dos lábios
que a moldaram
Armindo Trevisan

Moças na Praia
Nem sombra de mangas penugem
sol talvez a asa de uma andorinha
(a ferir guitarra).
Brilhando no meio dos peixes as pernas folhas
que a noite aconchegou.
A distância (ao vivo) entre a humidade e o
desejo inapreensível.
Os seios (o alvo) rumor de bebidas no parque
à espera do conhecimento hora e corpo
(os corpos) a crescerem maduros
contra a morte.
ARMINDO TREVISAN

A Amante é um Sol
A amante é um sol que rodopia
um focinho de animal que se
levanta os corpos para o
vento a amante é um prato
azul uma romã entre os dentes
um búfalo num poço uma
fenda de bambu sobre a cauda
do inverno sim a harmonia da
carne último gole de
ar nas narinas
do mundo.
ARMINDO TREVISAN

Funileiro do universo
Queria ser como tu, Funileiro
que num jardim de aço
desenha flores de lata
derretendo moldes
em conchas de prata.
A frieza do aço nu
da verdadeira nudez
aquela que não tem sexo
a nudez que ignora
Queria mostrar a epiderme
como tu se desnuda de si
essa crosta de aço enferrujada
Funileiro do universo.
Bagual Silvestris

Passará
Bem-te-vi
Quero-quero
Beija-flor
Sabiá
Sabia que não dá.
Ainda quero quero
Bem te ver
Assobiar como sabiá
Quem sabe um dia dá.
Mariana Carlos

O sol cai lá fora
A Lagoa desliza trêmula
Como lágrima
A casa embebida
De silêncio
A música de Bethoven
Entra em mim
E eu permaneço inteira,
Zaira Cantarelli

Posfácio
Já não é mais um adeus
Seria como um amanhecer que preenche a janela e me faz renascer
Já não é mais uma despedida
Seria como um evocativo
Que nos chama a trilhar diferentes caminhos
Ora, perguntas -jura-me, não me ama mais?
E eu o digo não há como jurar um sentimento que sempre permanecerá comigo
O amor independe do interlocutor
Ele pode ser contínuo sendo soberano aos epílogos
Veja, isso não é um final
Apenas uma nova chance de continuar a amar
Abra as cortinas
Pois um novo dia se aproxima e o Sol logo já brilha lá em cima.
Clara Gabriela

MANÉ
A gente não vê
com clareza
tudo aquilo que a gente é.
Precisamos do olhar do outro,
o que não é pouco.
Não sou Zico, Falcão,
não sou Pelé.
Não sou Renato Aragão
e nem sou o Dedé.
Não ando
na ponta
do pé!
E mesmo quando creio
que sou muito,
não passo de um simples...
Mané!
Mauro Ulrich

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