Blog da Poesia

Charles Baudelaire

28/04/2021 08:44

No mês de comemoração do bicentenário de Baudelaire, o literário faz uma pequena alusão ao poeta, teórico e critico parisiense, autor de obras clássicas como “Paraísos Artificiais’’ e “Flores do mal’’ e considerado por especialistas como fundador da poesia moderna. Escritor insurgente. Rebelde, controverso, intenso. Notório boêmio.

Baudelaire foi o precursor do movimento simbolista francês e influencia ou um sem fim de poetas, entre os quais Rimbaud, Verlaine e Stéphane Mallarmé. De originalidade ímpar, sua escrita se caracterizou pelo uso de elementos místicos, pela subjetividade, pela valorização do inconsciente. Pela introspecção. Pela musicalidade, uso abundante de reticências, pelo teor majoritariamente pessimista e sobre tudo, pelo rigor formal. Poesia atemporal, que ressoa, emancipa, incita. Reverbera.

“... Liberdade e fatalidade
São contrarias uma a outra,
Vistas de ferro e de longe,
São uma só vontade....’’
Charles Baudelaire

Correspondências
A Natureza é um templo onde vivos pilares
Deixam sair às vezes palavras confusas:
Por florestas de símbolos, lá o homem cruza
Observado por olhos ali familiares.
Tal longos ecos longe lá se confundem
Dentro de tenebrosa e profunda unidade
Imensa como a noite e como a claridade,
Os perfumes, as cores e os sons se transfundem.
Perfumes de frescor tal a carne de infantes,
Doces como o oboé, verdes igual ao prado,
– Mais outros, corrompidos, ricos, triunfantes,
Possuindo a expansão de algo inacabado,
Tal como o âmbar, almíscar, benjoim e incenso,
Que cantam o enlevar dos sentidos e o senso.

. Correspondances
La Nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles;
L’homme y passe à travers des forêts de symboles
Qui l’observent avec des regards familiers.
Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.
II est des parfums frais comme des chairs d’enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
— Et d’autres, corrompus, riches et triomphants,
Ayant l’expansion des choses infinies,
Comme l’ambre, le musc, le benjoin et l’encens,
Qui chantent les transports de l’esprit et des sens.
Charles Baudelaire

ed non satiata
Bizarra divindade, escura como as noites,
Em mesclado perfume de almíscar e havana,
Obra de algum obi, o Fausto da savana,
Ventre de ébano, bruxa em negras meias-noites,
Eu prefiro ao constance, ao ópio ou ao nuits,
O elixir dessa boca onde o amor se engalana;
Quando a ti meus desejos vão em caravana,
Teus olhos, a cisterna onde eu bebo aos açoites.
Por estes grandes olhos negros em fervor
Por ti, demo sem pena! A mim, menos calor;
Não sou o Estige a nove vezes te abraçar,
E aí! eu sem poder, Megera libertina,
Para quebrar teu brio e então te encurralar,
No inferno de teu leito a virar Proserpina!
Charles Baudelaire

Sinto tua presença
no meu poema
quero renascer-te
mas já é tarde.
Infiltro-me
na tua ausência
quero teu cheiro secreto
teu beijo teu abraço
e a possibilidade
que me deste
... mas era vidro
e se quebrou.
Zaira Cantarelli

A independência foi um falsete de um cantor de karaokê
Brasileiros limpando o chão imundo do novo mundo
O rolo compressor moendo sonhos democráticos
A América Latina em hemorragia
Imperialismo, iphone e reality show
Distopia sequer imaginada por Orwell ou Morus
I have a dream, um sonho americano
Sonho de uma noite de verão
Tendências que chegam atrasadas
Importadas do Norte
Netflix, sertralina e ifood
A terra desolada, a terra desmatada, a terra maltratada
A terra-mãe que chora por Caim
Cidades fantasmas e almas perdidas
Correndo para lugar nenhum
Quanto fica a prazo?
Mestres e doutores pedalando para entregar comida
A selva, a alucinação
Síndromes de pânico
A grande corrida para o túmulo
Enfim… FIM!
Diga-me tu: como viver sem tudo isso?
Por isso eu voltei para a cidade
Lá na praia não acontecia nada
Pippo Pezzini

ILÓGICO I
No inefável
Das ações concretas
Há anjos
Que jogam
Rúgbi...
Na terra
Desabrocha a flor
No mundo
Dos homens a guerra
Não que o destino
Não tenha criado vida
Ele é o todo
E o em si.
Nas partituras
Particulares de nossas
Óperas secretas
Escondem-se
Quem sabe tesouros.
Quandoao descerrar
Da noite nos vem
Essas questões próprias
Da finitude humana
O hoje se torna
Cada vez mais incerto
E talvez a maior luta
Seja manter-se vivo.
Félix Korberg

Na penumbra,
entre um copo e outro,
entre vencidos e excluídos
esses babacas com seus títulos,
suas poses e posses.
Eu penso em Piva, no bigode,
Na ironia de Piva.
Teton Beat

Sou Cachoeira, corredeira do Jacuí, Terra fértil dos Arrozais
A ponte do Fandango me une ao mundo, a de Pedra ao passado
Fui índio na Aldeia, escravo na Charqueada, farroupilha na Revolução
Passados presente no Paço, futuro presente no campus universitário
Pra quem nasce sou maternidade Hospital de Caridade
Pros que descansam, sou Irmandade
A Catedral da Conceição é templo de oração
O Castelo das Águas, meu mais majestoso cartão
César Roos

Encontro das almas
Menina
Diga lá
Que riso é esse que trazes aberto
Em seu rosto.
Que riso é este
Que vem a pairar
Em minha estação.

Verás
Que a cruz que carregas
Não pesará mais
Ao encontro das almas.
Santa criatura
Que trazes nas costas
Todo peso da loucura.

E quando a distância aumentar
Junto à saudade
Estarei com você menina
Faremos amor por telepatia.
E depois
Menina diga lá
Que riso traz pra mim...
Jorge Ritter e kako Gama/ 05-10-79

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