Blog dos Livros
Uma mulher excepcional
Leopoldina de Habsburgo é uma personagem decisiva na história do Brasil. No entanto, sua vida íntima é pouco conhecida. Na obra “A biografia íntima de Leopoldina” (Editora Planeta, 289 páginas, R$ 44,90), o historiador Marsilio Cassotti revela a vida da imperatriz que conseguiu a independência do Brasil, contando as experiências desde a infância da pequena quiduquesa austríaca, durante as guerras napoleônicas contra a Áustria até o Congresso de Viena, quando se aventa o seu casamento com um príncipe em um país que ela estava predisposta a amar.
Baseada no que contam e ocultam as cartas de Leopoldina, em um tom intimista e ágil, a obra é um relato sentimental e político, de transcendência europeia, mas ambientada no Brasil. É a biografia de uma mulher excepcional, que mudou o país, escrita com rigor histórico mas com uma leitura de romance.
Leopoldina chega ao Brasil em 1817. O príncipe dom Pedro, mesmo alheio à escolha de uma esposa, esmera-se para agradá-la, enquanto parte da realeza a trata com frieza. Como quase todas as esposas da época, Leopoldina sublima a vida conjugal em constantes gestações e na criação de seus filhos, desabafando as mágoas em cartas a sua irmã mais velha.
Depois da partida de dom João VI e seu séquito para Portugal, em 1821, o príncipe se apaixona por uma bela paulista, Domitila de Castro. Leopoldina deixa de lado o rancor e assume a tarefa de convencer o marido a declarar a independência do Brasil. Quando consegue, colabora com a organização do novo Império do Brasil enquanto Pedro nomeia Alteza Real a filha que teve com sua amante.
Segundo o livro, Leopoldina herdou o pragmatismo paterno e também as características físicas tradicionais dos Habsburgo do ramo austríaco. Era loura, de pele muito branca, e tinha os olhos azuis, de uma beleza que jamais perderia.
O historiador e escritor Marsilio Cassotti estudou Ciências Políticas com especialização em Relações Internacionais na Universidade Católica de Buenos Aires, e Língua Francesa no Instituto Católico de Paris. Publicou várias obras, entre elas “Infantas de Portugal, rainhas em Espanha,” “D. Tereza, a primeira rainha de Portugal,” “Carlota Joaquina, o pecado espanhol” e “A rainha adúltera –crônica de uma difamação anunciada,” biografias que foram favoravelmente acolhidas pelo público e pela crítica.
Trecho:
“Por senso de dever, ou porque Leopoldina era dotada de um pragmatismo que não costuma ser muito considerado ao se falar dela, os problemas conjugais de caráter íntimo parece que não a impediram de colaborar com seu marido em outros aspectos. O senso prático da imperatriz, ou simplesmente o fato de que servia a seu marido como uma espécie de secretária-intérprete, serviço do qual ele não podia –ou não queria- prescindir, manifestar-se-ia na carta que ela escreveu.”
(página 221)
SUPERANDO OBSTÁCULOS
De autoria de Barbara Parente, “O reciclador de palavras” (Palavras Projetos Editoriais, 32 páginas, R$ 32,00) conta a história de um retirante cearense que busca na reciclagem o sustento para a família deixada no sertão e descobre nos livros um novo sentido para a vida. A obra é voltada para crianças a partir dos oito anos e busca mostrar a potencialidade da leitura e da literatura para a superação de obstáculos da vida.
LAURENTINO DESPONTANDO
O escritor Laurentino Gomes concluiu a sua trilogia sobre a escravidão com “Escravidão –Volume 3: Da Independência do Brasil à Lei Áurea” (Globo Livros) e esta sua obra já aparece nas listas dos mais vendidos no país. Lançado na última semana, o livro está em segundo lugar entre os não ficção e décimo na lista geral, com potencial para ocupar o topo do ranking. Outro recém-lançado que vai crescer nas vendas é “Luiza Trajano –Mulher do Brasil” (Editora Gente), biografia de Luiza Trajano escrita pelo jornalista Pedro Bial.
Leituras:
“Não subestime ninguém. Trate sempre com respeito. A vida é uma dança de cadeiras. Um dia sentado; noutro, de pé!”
(Fabrício Carpinejar, poeta, cronista e jornalista gaúcho, nascido em Caxias do Sul em 23 de outubro de 1972, filho dos também poetas Maria Carpi e Carlos Nejar, com 43 livros publicados e detentor de mais de 20 prêmios literários).
Destaques:
O PODER DO QUANDO
Autor: Michael Breus
O objetivo deste livro é ajudar o leitor, com dicas fáceis e exercícios simples, a atingir seus objetivos, conduzindo-o rapidamente a uma vida mais feliz, saudável e de sucesso. Autor de diversos livros sobre auto-ajuda, Michael Breus é psicólogo clínico, diplomata do Conselho Americano de Medicina do Sono e membro da Academia Americana de Medicina do Sono. Escreve regularmente para jornais e revistas.
Editora Fontanar. 387 páginas. R$ 49,90.
AS RECEITAS TRADICIONAIS DE IRMGARD ERNA MAHLKE STRENZEL
Autores: Marlisa Marlene Strenzel, Geraldo Mario Rohde e Erika Thereza G. Rohde
O livro apresenta receitas culinárias baseadas no caderno de receitas de Irmgard Erna Mahlke Strenzel, descendente de imigrantes alemães que residia na Linha Contenda, em Paraíso do Sul. O livro foi escrito em 2020 pela filha de Irmgard, Marlisa, pelo genro, Geraldo Mario Rohde, e por Erika, mãe de Geraldo, casada com o ex-prefeito de Paraíso do Sul, Aldo Rohde.
Um dos livros mais impactantes deste autor, “Ensaio sobre a lucidez” fala sobre os rituais da democracia e da fragilidade do sistema político e das instituições. O que ele propõe não é a substituição da democracia por um sistema alternativo, mas o seu permanente questionamento. Nascido em 1922, de uma família de camponeses do Ribatejo, em Portugal, José Saramago exerceu diversas profissões -como serralheiro, desenhista, funcionário público e jornalista- antes de se dedicar à literatura. Prêmio Nobel de Literatura em 1988, escreveu dezenas de obras relevantes do romance contemporâneo. Faleceu em Lanzarote, Ilhas Canárias, em 2010.
Editora Evangraf. 63 páginas. Companhia das Letras. 32862,90
(As obras apontadas no Blog dos Livros podem ser encontradas junto à Revistaria e Livraria Nascente, na Rua Saldanha Marinho, 1423, Cachoeira do Sul)
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