Empresários cobram urgência na recuperação da rótula da Rua Ricardo Schaurich

A cada nuvem mais espessa que paira no céu sobre Cachoeira do Sul, os empresários e comerciantes das proximidades da rótula da Rua Ricardo Schaurich ficam com o coração na mão. Eles estão criticando a demora da Prefeitura para desentupir a canalização e tapar a cratera que foi aberta no trevo e permanece cheia de água há mais de 30 dias.

De acordo com o secretário de Obras, Jéferson Silveira, o que estaria impedindo o conserto é o fato de que a Prefeitura não dispunha de uma bomba para fazer o recalque da água. Segundo ele, sem fazer a drenagem não há como fazer o conserto.

Na manhã desta segunda-feira, a Prefeitura conseguiu uma bomba para puxar a água, mas o serviço não foi iniciado, causando ainda mais indignação dos comerciantes. "Eles tratam a gente como gado no brete, vão empurrando e só nos resta aceitar os desmandos", dispara o proprietário da Ferragem Trevo, Francisco Severo Alves, um dos pontos comerciais que foi mais atingido.

Ele afirma que seu prejuízo já ultrapassa os R$ 20 mil. Além de materiais e equipamentos estragados, Alves investiu em uma obra emergencial, construindo duas bocas de lobo e um muro de contenção defronte à sua loja, para tentar desviar a água por outro caminho, em nível mais baixo do terreno que passa ao lado e permite ligação direta com a sanga que desce nas imediações da Rua Barão do Viamão.

PROBLEMA RECORRENTE

Na metade do mês passado, uma chuvarada que se abateu sobre o município provocou um alagamento de grandes proporções, causando prejuízos consideráveis nas empresas instaladas no local. Ao todo sete comerciantes das redondezas se reuniram para montar um relatório que será encaminhado ao Ministério Público, pedindo providências.

"Queremos que eles notifiquem a Prefeitura, pois a qualquer momento pode haver uma nova chuvarada e não queremos amargar sozinhos os prejuízos novamente. A Prefeitura sabe cobrar impostos e multar, mas para arrumar um problema que pode ser consertado em dois dias, eles ficam se amarrando e levam meses", critica Francisco Alves, aparentando estar bastante nervoso.

"Eles trouxeram a bomba hoje (segunda-feira) pela manhã, mas porque não iniciara o serviço? Isso já é desleixo demais, pois pode cair um toró a qualquer momento. Ficou difícil o acesso para os caminhões descarregarem, nossa clientela diminuiu porque fica mais difícil chegar. Os carros já estão entrando na contramão, já deu brigas, e há risco para pedestres e motoristas", desabafa o comerciante.
 

Arquiteto critica justificativa da Prefeitura

Müller: desculpa esfarrapada é um insulto à inteligência dos cachoeirenses
 

O arquiteto André Müller, que já foi diretor de Obras na década de 90, veio à redação do Jornal do Povo para dar sua opinião, como cidadão, sobre o assunto.

"O atual secretário de Obras não tem a mínima competência para gerenciar a pasta. É inadmissível dizer que não pode fazer o conserto por falta de uma bomba de sucção. Isso podem pegar emprestado com a Corsan, com os Bombeiros, ou com qualquer empresário. Trata-se de uma desculpa esfarrapada, é coisa de quem não quer trabalhar", reprova Müller.
 

Empresários sugerem parceria para construção de nova galeria

Alves: comerciantes cobram solução definitiva
 

A sugestão dos empresários da região é abrir uma nova galeria na rua de cima, paralela à Marcelo Gama, para permitir que parte da água da chuva seja desviada da canalização que entupiu. "Se cortar a rua antes e fizer uma nova galeria, vai aliviar a boca de lobo que sempre entope, pois vai dar ligação com a mesma sanga para onde o encanamento desemboca a água", avalia.

Francisco Alves frisa que os empresários já se ofereceram para cotizar o custo dos canos de cimento para a construção da nova tubulação, porém a Prefeitura não deu andamento à proposta. "Já nos oferecemos para custear a obra e descontar do IPTU, mas nem assim a Prefeitura aceitou. O que mais nos deixa irritados é a inércia do poder público", completou.

Segundo ele, não basta desobstruir a rede de esgoto pluvial na rótula de acesso ao Bairro Cohab. "É necessário construir uma galeria auxiliar para evitar que empresas novamente sejam invadidas pela água a cada duas enxurradas, como ocorre há mais de 10 anos", pondera.

"Desde 1998, quando inaugurei a loja aqui na Rua Ricardo Schaurich, a cada chuva forte sofremos com alagamento, coisa que a Prefeitura resolveria facilmente com a troca da canalização da sanga. Eu já me propus a comprar os canos, mas não se interessaram pela proposta", lamenta Alves.
 

Prejuízos são maiores do que o informado

Provenci: os empresários não querem perder credibilidade com os clientes
 

O proprietário da oficina mecânica Top Car Auto-center, Adroaldo Provenci, que ficava ao lado da Ferragem Trevo, e também foi atingido fortemente pela enxurrada de meados de outubro, revelou que seu prejuízo supera os R$ 45 mil. Ele teve de indenizar seis veículos que ficaram avariados com a água, que atingiu cerca de um metro acima do nível da calçada no interior da loja.

Além do prejuízo com os clientes, Provenci alugou o prédio em frente - onde antes funcionava um mercado que abandonou o local por causa dos alagamentos - para onde transferiu sua oficina, na esperança de que os alagamentos sejam menores.

Ele revela que em muitos casos os empresários preferem não revelar o valor dos prejuízos para não perder credibilidade e afugentar ainda mais clientes.

"Eu tive que arcar com despesa de alvará e outros documentos para poder me transferir, mas pelo menos posso falar, porque já não estou no mesmo local. Mas, outros empresários são forçados a não informar o valor real dos prejuízos para não deixar a freguesia com medo.