Gestão pública de Cachoeira do Sul é considerada ineficiente em pesquisa inédita da Datafolha

Cachoeira do Sul ocupa a 4.264º posição no ranking nacional que aponta a eficiência da gestão dos municípios. Os resultados levam em consideração as Prefeituras que entregam à população mais saúde, educação e saneamento gastando menos.

De acordo com o resultado dos indicadores, a gestão pública municipal de Cachoeira do Sul foi considerada ineficiente. A cidade mais eficiente do país fica em Minas Gerais.

A pesquisa inédita foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo em conjunto com o instituto de pesquisa Datafolha. O Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha (REM-F) apresenta dados de 5.281 municípios - 95% do total de 5.569 cidades brasileiras.

INDICADORES

Entre os critérios avaliados em cada município estiveram o número de crianças de 0 a 5 anos matriculadas na escola, o número de médicos a cada mil habitantes, o percentual de residências atendidas pela rede de água encanada, esgoto e coleta seletiva de lixo e até o número de funcionários públicos a cada 100 habitantes.

FONTES

Os dados analisados são referentes ao período 2010/2015 e foram coletados no Censo do IBGE 2010, no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) da Organização das Nações Unidas (ONU) e no Tesouro Nacional.

Somente a evolução no número de funcionários públicos é referente ao período 2004/2014. Cada cidade foi avaliada em uma escala de 0 (ineficiência) a 1 (eficiência máxima) nos critérios saúde, educação, saneamento e receita total.

MENOS DA METADE DAS CIDADES SÃO EFICIENTES

Apenas 24% dos municípios ultrapassam 0,50 e, por isso, podem ser consideradas eficientes segundo a pesquisa. Cachoeira do Sul ficou na escala 0,378. As prefeituras brasileiras que prestam mais serviços básicos à comunidade usando o menor volume de recursos financeiros se enquadram nos critérios de maior eficiência. As três primeiras colocadas estão em Minas Gerais, Paraná e Espírito Santo.

PARÂMETROS

De acordo com as escalas, os municípios foram classificados como ineficientes (0,108 a 0,395), pouco eficientes (0,396 a 0,453), alguma eficiência (0,454 a 0,499) e eficientes (0,500 a 0,656). 5% dos 5.281 municípios pesquisados, entre eles Cachoeira do Sul, ficaram no intervalo de 0 a 0,3; 71% ficam entre 0,3 e 0,5; e 24%, entre 0,5 e 1 .

Cachoeira do Sul perdeu em todos os critérios

Destaques mais negativos foram a saúde e o saneamento básico

Cachoeira do Sul com 85.830 habitantes e economia predominantemente agrícola, obteve pontuação 0,378, ficando abaixo do Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha (REM-F) que é 0,5.

No topo do ranking, está o município de Cachoeira da Prata (MG), com pontuação 0,656. A cidade tem 3.727 habitantes e heranças deixadas pelo passado industrial forte. O município fica na região metropolitana de Belo Horizonte.

Nas últimas colocações do ranking de eficiência estão cidades do Norte, Centro-Oeste e do Rio Grande do Sul. A última colocada entre as 5.281 cidades pesquisadas é Placas (PA), na região norte do Brasil, com índice de eficiência 0,108 e 27,7 mil habitantes.

Em relação a primeira colocada, Cachoeira do Sul perdeu em todos os critérios avaliados. A maior diferença foi referente à eficiência na saúde. Neste critério, Cachoeira do Sul obteve índice 0,287 enquanto Cachoeira da Prata (MG) ficou com 0,687.

Pesou nesta avaliação o número de médicos a cada mil habitantes (são 0,4 médicos em Cachoeira do Sul contra 2,7 médicos em Cachoeira da Prata(MG)) e a cobertura por equipes de atenção básica de saúde que é de 54% em Cachoeira do Sul contra 100% em Cachoeira da Prata (MG).

Em relação ao saneamento, 30% dos domicílios de Cachoeira do Sul são atendidos pela rede de esgoto, enquanto em Cachoeira da Prata (MG), essa cobertura chega a 93%.

DINHEIRO

Já no critério finanças, o Produto Interno Bruto (PIB) de Cachoeira do Sul em 2013 foi de R$ 1,8 bilhão e a receita total foi de R$ 171,4 milhões contra um PIB de R$ 41,8 milhões e uma receita de R$ 11,8 milhões em Cachoeira da Prata (MG).

Para a pesquisa da Datafolha, maior receita não significa melhor eficiência. Pelo contrário, apresentam-se com melhor desempenho no REM-F aqueles municípios que com menos recursos, fazem mais.

FUNCIONALISMO TAMBÉM INFLUENCIA

O Ranking de Eficiência dos Municípios - Folha (REM-F) revelou que quanto maior o percentual de aumento do número de servidores públicos entre 2004 e 2014, pior a eficácia das prefeituras nas áreas de saúde, educação e saneamento.

Entre os 5% dos municípios com índice de eficiência de até 0,30, o funcionalismo cresceu 67%, em média, entre 2004 e 2014. Em Cachoeira do Sul o número de funcionários públicos aumentou 32% neste período de 10 anos totalizando 2.359 servidores em 2014 (2,7 a cada 100 habitantes). Já em Cachoeira do Prata (MG) o número de servidores cresceu apenas 18% em 10 anos e chegou a 286 em 2014 (7,7 a cada 100 habitantes).

PARA SABER MAIS

Três entre cada quatro municípios do Brasil (76%) não são eficientes no uso dos recursos disponíveis para as áreas básicas de saúde, educação e saneamento, segundo os critérios e análises dos resultados do REM-F.

Em termos de atividade econômica, são mais eficazes na gestão as cidades onde predominam os serviços e a indústria. As menos eficientes dependem mais da agricultura ou da própria administração municipal.

METODOLOGIA DA PESQUISA

O REM-F quantifica o cumprimento de funções básicas do município, previstas em lei, segundo os recursos disponíveis. A lógica leva em conta a confiabilidade das fontes, o potencial de rastreabilidade (disponibilidade dos dados para os mais de 5.000 municípios), a possibilidade de comparação e a facilidade de compreensão dos resultados.

Após pesquisas e testes, foram selecionadas, segundo essas diretrizes, oito variáveis, subdividas em quatro categorias: educação, saúde, saneamento e finanças. Em todas elas, considerou-se a taxa de cobertura de políticas claramente vinculadas às atribuições municipais.  

Para combinar parâmetros e grandezas tão distintos, utilizou-se a padronização de escalas (neste caso de 0 a 1) com base em valores máximos e mínimos, a exemplo do que acontece na composição do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, amplamente divulgado pela ONU. A grande maioria dos dados provém do Censo 2010 do IBGE e não depende de informações oficias dos municípios.