Blog da Poesia

Machado Bantu

21/04/2021 08:38

Rodrigo Abrahão Machado Gomes ou simplesmente Machado Bantu nasceu em Porto Alegre em 1976. É filho de uma cozinheira e de um motorista. A origem de sua labuta literária vem do Slam, forma poética que abarca a ideia da oralidade como pressuposto. Perspicaz e visceral em seu conceito semântico o texto de Bantu retrata e ressignifica nossos dias de modo capcioso e instintivo num registro denso repleto de metáforas e efeitos de metalinguagem.

Outros vaguares é sua primeira publicação. Original na escrita e no formato. Trata-se de uma obra produzida pela Editora porto-alegrense Bestiário nos moldes de plaquete. Um livro modelo conciso, de pequena espessura, de conceito minimalista e que teve origem no simbolismo francês do final do século XIX.

No dia que poemas
acertarem na loteria
e virarem chacota
(a ponto de serem catalogadas em
dicionário como o Bizarro).
Eu irei ter meu livro-arbítrio-antígeno
e assim pugilarei
com toda obviedade se necessário
por minhas sementes
de dentro t’seus ramos
identitários.
Machado Bantu

Projeto o amor
fora do peito
na épice
na epiderme
de um amigo
no filtro lunar
no haikai de poemas
nos lençóis, paineiras
no teto, congar.
Em afetos, nas cristas
das ondas.

Projeto o amor
Numa selfie
Num flash
Na folha de um jacarandá
E do que dele se reflita.
Projeto o amor
Que se alastre
E se perca
Sem conta ou cláusula
De sangue
Com testemunhas de quero-quero
E gaivotas crianças.
Primavera/2017
Machado Bantu


Estradas solitárias

Quando estamos às voltas com a culpa
De tempos de respostas
Adentramos estradas solitárias
Sombrias
África, Brasil, Brasil, África
Séquitos de tragédias que emanaram dos arroubos
De cortes decadentes
“peças’’ de mercado, braços ilimitados
Correntes, chicotes e até “filhos bastardos’’
Retroalimentam a peste da posse e da exaustão.
O mundo católico apostólico romano calou
A “liberdade’’ veio sem identidade
Profissão? Escolha? Terra?
Memórias obliterada
Marias e Josés da África
No novo tempo
Sobreviveram acima da conta não paga.
Ainda.
Renate Elisabeth Schmidt

Porto Seguro
Quero escrever um poema
Que me aperte em teus braços
E te afague em meus beijos...
Que termine num enlaço
E realize nossos desejos

Um poema que não seja
Nem certo ... nem errado
Que atinja o teu coração
Deixe o resto de lado
E todo o mal sufocado

Ah ... um poema
Que percorra teu corpo
Invada tua alma
Sem passado, nem futuro
Se alimente só do presente
E, nas tristezas da gente
Seja nosso porto seguro
Neícla Bernardes

Ritual
Tempo de seguir
O ritual das lavadeiras
Alvejar a alma
Banhar sonhos no rio
Quarar as memórias no sol
E deixar desejos ao vento
Marion Cruz

De volta!
Andava colhendo
Feijões azuis ...
Aqueles que
Nascem acima
Das nuvens.
Medo de queimar
As asas?
Uma neblina sutil
Envolvia minhas visões
Parei rodeio
De borboletas monarcas
Cenas que deixam marcas
E a mônada
Em regozijo.
Liane Korberg

Madruguei,
Levantei cedo.
E a passarada em festa,
Cantava no arvoredo.
Por favor,
Não me aponte o dedo.
Pois eu já sei rumo,
E assim eu me aprumo.
Por que caminho sem medo
Claudionor Freitas

Encontrou algum erro? Informe aqui

Faça seu login para comentar!
12/05/2021 09:01

Dia das mães

05/05/2021 08:49

Viviane Mosé

28/04/2021 08:44

Charles Baudelaire

14/04/2021 08:23

Eugénio de Andrade

07/04/2021 08:20

Diego Grando

31/03/2021 08:19

DIEGO PETRARCA

24/03/2021 08:57

Celso Gutfreind

10/03/2021 08:44

Todo dia é dia da mulher

03/03/2021 09:56

Armindo Trevisan

24/02/2021 08:14

Wilson Alves-Bezerra