Blog do Cinema (antigo)
O 3º Andar: Terror Na Rua Malasaña (2019)
Muitos filmes atualmente se vendem com a etiqueta de “Baseado em Fatos Reais”, mesmo os mais absurdos, com bonecas amaldiçoadas e meninas possuídas que andam pelo teto. Quando vi a frase no filme espanhol O 3º Andar: Terror Na Rua Malasaña, já vi que seria uma perda de tempo, e então fui investigar os jornais espanhóis da época, mas pouca coisa foi digitalizada, e ficou bem difícil ter algo concreto.
A maldição do prédio em Madrid não chega a ser real, mas muitos crimes violentos ocorreram no local e o deram fama de amaldiçoado. Pode-se dizer que a casa em Madrid seria o equivalente espanhol da casa de Amityville, nos EUA, que ganhou fama mundial após crimes terríveis e fenômenos estranhos, originando livros, documentários e uma série de mais de dez filmes. Antes de falar do filme, vou dar um resumo dos crimes e dos mistérios que rondam o tal prédio assombrado.
(Foto 1: Jornais da época mostrando o caso mais sangrento já registrado)
Os Crimes
Diferente do filme, o prédio maldito não fica na Rua Malasaña, nº 32, na verdade esse número nem existe. O verdadeiro prédio que inspirou o filme fica na Rua Antonio Grillo, no bairro de Malasaña, e é até hoje o local com mais mortes por metro quadrado de Madrid. Foram mais de dez crimes violentos e um número muito maior de vítimas.
Um dos piores casos documentado aconteceu em 1962, quando José Maria Martinez vivia com sua esposa e cinco filhos (o mais novo de um ano e o mais velho de quatorze), no 3D, no terceiro andar. Conta os jornais da época que ele estava endividado e para poupar a vergonha da família, matou todos, cada um com um material diferente: um martelo, uma faca, uma barra de ferro e uma pistola.
O mais terrível aconteceu depois, quando expôs os cadáveres na varanda, gritando para a multidão apavorada o que havia feito. Depois disso ligou para a polícia e confessou os crimes, a polícia chegou ao local e conversou com José pela porta, que ele só abriria para um padre, pois a família estava “descansando em paz”. Com a chegada do padre, José se confessou e depois atirou em si mesmo, na cabeça, morrendo pouco depois.
(Foto 2: Notícia de uma briga entre ex-namorados termina em morte.)
Outros crimes
Estima-se que o terror da Rua Antonio Grillo começara no século XVIII, quando ainda se chamava Rua Das Beatas. Um homem foi encontrado morto de forma violenta no mesmo ano em que outro homem contratou um assassino para matar a facadas sua esposa.
Depois da guerra, foi encontrado também em uma vinícola, na casa de nº 09, um cemitério clandestino de fetos e bebês, possivelmente uma clínica de aborto clandestina funcionava por ali. Em 1915, um homem encontrou sua ex-noiva com o novo namorado na esquina do prédio em questão, e matou o rapaz degolado.
Mais recentemente, em 1945, no mesmo prédio onde José matou a família, porém no primeiro andar, um homem foi encontrado com a cabeça destroçada por golpes feitos por um candelabro, o caso foi arquivado como roubo e o culpado nunca foi encontrado. Três anos depois, em 1948, outro homem foi encontrado nas mesmas condições, com a cabeça destroçada e novamente ninguém foi preso.
Já em 1964, também no primeiro andar, uma mãe solteira de 20 anos, que escondeu sua gravidez, matou seu bebê recém-nascido estrangulado e escondeu o corpo pendurado em um armário, para “esconder sua vergonha”, segundo ela. O bebê foi encontrado três dias depois pela irmã da assassina. Rumores falam que também existia um cemitério clandestino no terreno onde foi construído o prédio, na rua mais maldita e sangrenta de Madrid.
Alguns anos atrás, uma médium foi levada ao prédio e afirmou apenas sentir energias muito ruins. Dos vinte moradores atuais, apenas um aceitou conversar com repórteres e garantiu que nunca aconteceu nada de estranho, como vozes ou objetos se moverem sozinhos. Ele mora exatamente no mesmo apartamento do massacre familiar de 1962.
(Foto 3: o prédio original onde ocorreram os crimes)
O Filme
Mudando o endereço por questões óbvias, o filme se passa em 1976, quatro anos após ocorrer uma morte no terceiro andar. Um casal com três filhos e o avô senil se mudam para o apartamento, e já nos primeiros dias coisas estranhas acontecem. O filme não explora os assassinatos ocorridos ao longo dos anos, e sim, tenta dar uma explicação sobrenatural para os eventos ocorrido no prédio assombrado.
Embora use muitos clichês, como portas que se fecham sozinhas, luzes piscando, reflexos assustadores, o filme tem seus pontos altos, como o misterioso desaparecimento de um membro da família, uma médium cadeirante com paralisia, e uma explicação um tanto curiosa quanto ao motivo dos espíritos estarem ali.
O filme tem curta duração e não demora para emplacar, começando os sustos logo nos primeiros minutos. Não é uma obra prima do cinema de terror, se assemelha bastante a outros tantos filmes de casa assombradas. Se tivesse investido nas histórias reais dos crimes, como fez Amityville, talvez fizesse toda a diferença no final, despertando ainda mais a curiosidade e o medo do telespectador.
O filme tem reestreia essa semana nos cinemas no Brasil (em março teve algumas projeções, mas foram interrompidas por conta da pandemia). Então escolha sua companhia e vá ao cinema, pois a experiência de ver a trama num telão em uma sala escura deve deixar o clima ainda mais assustador! Bons sustos e até semana que vem!
Trailer dublado: https://www.youtube.com/watch?v=QypqNM1Q4zE
Trailer dublado 2: https://www.youtube.com/watch?v=Mn5-9N10rOo
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