Blog da Poesia

Poemas sobre Cachoeira do Sul

10/06/2020 09:54

O XXIII Prêmio Paulo Salzano Vieira da Cunha de Poemas está com as inscrições abertas. Os textos podem ser enviados até o dia 20 de junho. Ou postados nos Correios até a referida data ou então deixados na recepção do Jornal do Povo.

Para este ano, uma novidade. Em homenagem ao nosso município, que completa 200 anos de emancipação, nosso concurso será temático. Ou seja, os poemas inscritos nesta edição do certame deverão versar sobre Cachoeira do Sul. Sua história, locais, personagens, enfim... usem a criatividade!

Eis um pouco de informação... Cachoeira do Sul foi o quinto município criado no Rio Grande do Sul e um dos 14 municípios farroupilhas. Nossa cidade está localizada geograficamente no centro do estado, à margem esquerda do Rio Jacuí, distante 196 km de Porto Alegre, capital dos gaúchos.

Contando com terras férteis e a presença de um caudaloso rio, o povoado conhecido como capital nacional do arroz teve e tem como principal atividade econômica a agricultura e a pecuária; Nossa população é uma mescla de várias etnias (entre as quais, açorianos, índios guaranis, alemães, italianos, árabes, palestinos, japoneses...)

O nome, entretanto, surgiu no século XVIII e deve-se à Cachoeira do Fandango, uma das corredeiras que existiam no Rio Jacuí, nosso Tejo ou Tigre como sugere um de nossos grandes poetas.

A cidade que tem como festa máxima a Fenarroz é rica em história e cultura, foi berço de nomes importantes e relevantes, entre os quais, João Neves da Fontoura, Liberato Salzano Vieira da Cunha, Ramiro Barcelos, Balthazar de Bem, Neto Moura, entre outros tantos...

Este post do nosso blog traz como referência alguns poetas locais e fotos e poemas que fazem menção a Cachoeira do Sul e que podem servir de inspiração para novas escritas...

Boa leitura!

Por: Tiago Vargas



O relógio

Lá na praça tinha um relógio...
... Solitário...
... Imponente...
Marcava nossas vidas
Nossos dias...
... Eu passei
... Acidade passou.
E o relógio se foi...

Hoje; escondido ele marca as horas num tempo perdido
A cidade cresceu desumanizou.
- E pela praça solitária
Todos passam...
... As horas, os anos...
E a cidade sonha...
Mas só o tempo em meu relógio de pulso continua o mesmo.
... E minha praça segue seu rumo.

Jorge Ritter

 

A Cachoeira Dos Meus Encantos

Não brotei em tuas terras,
Não sou filha deste pago,
Mas me recebestes nos braços,
No calor do mate amargo!
Eu brinquei em tuas várzeas,
Nos dourados arrozais,
Matei a sede em teu rio,
E não parti nunca mais!
Fui menina pelas tuas ruas,
Adolescente cheia de sonhos,
Conheci palavras nuas
Nos versos que hoje componho!
Virei "poeta do vale",
Na minha Cachoeira Princesa,
E não há nada que me separe
Da tua majestosa beleza...
A cidade encantada,
É o melhor lugar do mundo
E por mais que o tempo passe,
Não te esqueço um só segundo!

Mara Garin



Cachoeira do meu coração
Brinco escondido
Nos campos proibidos
De minha infância distante,
Tenho lembranças
De ti Cachoeira
E recordo-me com saudades
Das praças e dos balanços
Onde fui feliz.
Tenho saudades
Minha Cachoeira
Dos teus campos floridos,
Do teu fruto consagrado
Que se curva em tua terra
Com pendões amarelo-ouro,
Tenho orgulho
De ser teu filho
E herdar toda força
E coragem de tua gente
Hostil e animado,
Companheiro e sonhador
Longe estou
Mas tenho-te no peito
Minha Cachoeira do Sul.
Marion Cruz

 

Travessia

Minha cidade tem um rio
Ele lava e tudo leva
Consome gente e traz terra.
Ontem o cruzei a nado,
Era como atravessar o universo
Noutro tempo espaço.
Transpor um oceano
Obstáculo imposto a todos,
Por tanto tempo.
Ele é um canal
O sangue da mãe Terra,
Sumo das nuvens.
Meu rio é um mito
Isso é coisa grande,
Minha aldeia tem um rio
E ontem o cruzei a nado
Braço após braço
Em sucessivos abraços.
O Jacuí é meu Tejo
O rio da minha vida.
Meu rio é uma lenda,
Todos os Homens do passado
Tremeram ao cruzá-lo,
Sim, eu também senti,
Tantos foram absorvidos,
Tragados e partidos.
O rio enlaça a cidade
A urbe indolente o abraça.
E ele não é uno,
São seres em conjunção
Naturais, metafísicos, invisíveis.
Deuses e demônios,
Índios mortos,
Vozes silenciosas,
Sobreposição de coisas indizíveis
Que nos foge a compreensão
Mas, é um rio
Um rio é um rio
Como o Ganges, o tigre, o Tejo.
Seriam apenas rios
Não fossem magnos canais
No baixio dos terrenos
Para onde derramam as águas do céu.
Cruzei meu rio a nado,
Com medo de não voltar
Abraço pós braço
Na água turva,
Desse tempo em que vivo
Assim o rio da minha cidade
Corre silencioso
Em múrmuros
No eterno caminho
Rumo ao mar.

Bagual Silvestris

 

Cachoeira dos arrozais
Cachoeira do Sul,
Terra dos arrozais
Tem patrões e minerais
Tem Peões e trabalhadores rurais
Terra das águas dançantes
Jacuí dos navegantes
Ponte que cruzam o progresso
Fandango dos pescadores
Temos a ponte de pedra
Símbolo que marcou o passado
Temos o Joaquim Vidal
Esporte dos colegiais
Cachoeira acolhedora
Terra de irmãos cordiais
Vultos que já se foram
Para os assentamentos dos anais
Temos o poeta escondido
O escritor de momentos
Temos grandes intentos
Que no tempo já esqueceram
Temos a Matriz Catedral
Templo de Nossa Senhora
Chateau-Deau monumento
Que embeleza ao natural
Cachoeira hospitaleira
Beleza natural
Inspiradora de poetas
Que você procriou.
Jorge Corrêa

 

Cachoeira de quando criança

Ando pelo mundo
calçadas alheias
enquanto a saudade na alma passeia
vago pelos jardins floridos
das primaveras de maio
nos invernos de dezembro
Ventos empurram barcos com leveza
cantam os gondoleiros de Veneza.
Não vejo açucenas nos jardins da Inglaterra
nem margaridas que lembram minha terra
Relógios desmarcam as horas do meu país
não me encontro mais
sigo pelas ruas e canais.
Passos se cruzam
cruzam-se os braços
não acenam mais as mãos trepidas e geladas
ouço vozes não entendo nada
a natureza esplêndida não me encanta
não encontro meus pratos preferidos
nos cafés não estão os amigos.
Quero voltar aos verões de dezembro
as primaveras de setembro
as calçadas nuas
que revestem minha rua
doces lembranças da minha infância
Cachoeira de quando criança
dos pais sempre a nossa espera
sentados na varanda
olhando a ciranda
que parou de rodar.
Quero voltar, dar as mãos
aos meus irmãos
e ver a ciranda cirandar.
Janice de Franceschi

 

Mar de Cachoeira

Em Cachoeira não existe mar:
Mas navego em águas sem margens.
Em Cachoeira não existe mar
Mas te procuro no horizonte sem fim.
Sinto o barulho do vaivém das ondas,
Levito sobre um mar profundo
Como meu amor.

E, na imaginação de poeta
Vejo um navio que te traz de volta.
Sara Claveaux de Jardim





Foto: César Roos

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Cachoeira

Ione Sanmartin Carlos em 10/06/2020 às 17h30

Parabéns, Tiago. Muito bom! Tenho dificuldade de ler a letra de Netuno.abs.

12/05/2021 09:01

Dia das mães

05/05/2021 08:49

Viviane Mosé

28/04/2021 08:44

Charles Baudelaire

21/04/2021 08:38

Machado Bantu

14/04/2021 08:23

Eugénio de Andrade

07/04/2021 08:20

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31/03/2021 08:19

DIEGO PETRARCA

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