Blog do Cinema (antigo)

Ponto Vermelho (2021)

18/02/2021 08:41

Existem vários motivos para amar os serviços de streaming: facilidade, variedade e na minha opinião, o principal: acesso a produções estrangeiras (não americanas).

Com as grandes produtoras de Hollywood lançando seus próprios serviços de streaming, plataformas como Netflix, Amazon Prime Vídeo e Globoplay estão perdendo grandes obras do cinema e séries cultuadas. Isso obriga eles a procurarem filmes mais independentes, fora do circuito comercial, geralmente em países diferentes, onde o foco não é agradar Hollywood, nem mirar um Óscar.

A única coisa que importa para os países menos populares no cinema é poder lançar seu filme, e encontraram nos serviços de streaming essa oportunidade. Como sabem, Netflix não é produtora de filmes, e sim, distribuidora.

Ela contrata uma produtora, ou diretor, encomenda o filme e tem direito exclusivo de apresentá-lo. Em alguns casos, filmes já prontos e que não foram lançados por nenhuma outra distribuidora, também entra na mira e eles compram os direitos direto da produtora, e o filme passa a se tornar um ‘original Netflix’, mesmo que ela só tenha comprado o filme e nada tenha a ver com a produção do mesmo.

O Filme
O filme dessa semana é uma dessas produções encomendadas, vindo da Suécia, chamado Ponto Vermelho (Red Dot, 2021). David e Nadja são um casal de namorados até ele pedi-la em casamento e se mudarem para Estocolmo, onde ela estuda Medicina. Um ano e meio de convivência já foi o suficiente para a relação se tornar tensa e cheia de conflitos. Para apaziguar o casamento, eles resolvem passar um fim de semana nas frias montanhas cobertas de gelos no norte da Suécia, onde Nadja pretende contar a David que está grávida.

Na viagem, eles cruzam o caminho de dois caçadores, e um pequeno e bobo incidente vira uma rixa, onde o casal foge após arranhar o carro dos caçadores. Já nas montanhas, com o acampamento arrumado, num cenário branco que chega a cegar, eles acordam no meio da noite e enxergam uma mira a laser vermelha percorrendo a barraca. Inicialmente acham que são jovens brincando, mas quando o cachorro deles foge e um tiro é ouvido, eles percebem que estão encurralados.

Novos tiros se seguem e a única alternativa é fugir. Neve para todos lado, frio congelante, lagos congelados se quebrando, um urso e o misterioso ponto vermelho são algumas das dificuldades que o casal vai enfrentar. Agora eles são a caça e precisam lutar por suas vidas, para logo descobrir que dois caçadores mal-humorados são o menor de seus problemas. O passado retorna para cobrar seu preço, o presente é um inferno, e só Deus sabe se haverá futuro para o casal e o bebê que ela carrega.

Tenso, mas não aterrorizante
Li alguns comentários pela internet, e muita gente falou que o filme é de causar pesadelos, tirar o sono, que quem faz um filme assim é louco, que a Netflix deveria alertar sobre ‘gatilhos’ no início do filme, mas achei tudo isso um exagero. Ponto Vermelho passa longe de ser um filme de terror como Wolf Creek: Viagem Ao Inferno, ao qual vem sendo comparado. Para ter pesadelos com esse filme, só se você nunca assistiu algo além das novelas do SBT, pois o filme é somente tenso, mas nada assustador.

O diretor Alain Darborg revelou que o filme surgiu em sua cabeça quando ele e a mulher foram tirar férias nas montanhas, e ele imaginou que seria muito louco se alguém começasse a caçá-los como nos filmes de terror. Da imaginação fértil surgiu Ponto Vermelho, que logo na estreia se tornou muito popular entre os assinantes da Netflix. Tanto pelo seu clima tenso, belo cenário (embora eu odeie frio), e com uma reviravolta final que nos faz pensar novamente sobre a diferença entre justiça e vingança, o filme é um ótimo e curto passatempo (menos de 90 minutos), além de conhecer um pouco da Suécia, sua cultura e suas músicas.

Por isso amo tanto cinema estrangeiro, a possibilidade de ver algo mais “original”, atores não conhecidos, histórias não repetitivas, e culturas e hábitos interessantes. Vale a pena dar uma chance em um mercado que vai crescer muito em 2021. Esperem para ver tramas do mundo todo em cartaz nos streamings. Basta lembra do sucesso turco Milagre Na Cela 7, dos terrores poloneses Sem Conexão e Todos os Meus Amigos Estão Mortos, do italiano Rosa & Momo, e veremos que muita novidade vem por aí. Bom para a equipe do filme, bom para os países mostrarem sua arte, bom para nós, telespectadores, vermos algo feito por amor à arte, e não para ganhar bilheteria.

Finalizando
A Suécia já nos presenteou no passado com a perfeita trilogia Millennium: Os Homens Que Não Amavam as Mulheres (que infelizmente ganhou um remake americano inferior que ficou só no primeiro mesmo!), então já dá para perceber que talentos existem lá, só faltava oportunidades, e agora ela chegou. Vale lembrar que o magnífico Ingmar Bergman (do maravilhoso O Sétimo Selo) é um dos nomes mais conhecido do cinema mundial, e era sueco. De uma chance aos filmes estrangeiros, principalmente para esses países com menos visibilidade e oportunidades, assim como o nosso cinema nacional, que também está crescendo e chamando a atenção lá fora! Existe cinema além de Hollywood, pode apostar!

Se gostar e quiser bater um papo sobre o filme, entre no meu grupo Cine Clube Patrick no Facebook (https://www.facebook.com/groups/221933446146985), ou na página O Mundo Anda Muito Louco (https://www.facebook.com/patrickprade666). Até semana que vem e bons filmes!

Trailer legendado: https://youtu.be/7N20pnoxf24
Trailer dublado: https://youtu.be/dBUsVqqDhsY

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