A tecnologia é o grande salto da evolução humana. Não importa o setor, hoje tudo depende de algo tecnológico, seja na saúde, na educação, no trabalho, até no lazer. Principalmente no lazer! E é sobre essa dependência cada vez maior de estarmos conectados “sem utilidade” que o filme Sem Conexão vem abordar, porém de uma forma bem sangrenta!

O filme, vendido como ‘o primeiro filme de terror polonês’, e com pouco orçamento, iria ser lançados nos cinemas da Polônia na sexta-feira 13 de março de 2020, mas devido a pandemia não foi possível, e a distribuição ficou com a Netflix. Na verdade existem outras produções de terror no país, mas Sem Conexão é o primeiro slasher polonês que honra o gênero. Slasher para quem não sabe, é um subgênero do terror, onde um assassino ou assassina, mata um por um dos personagens. Esse gênero ganhou fama com Sexta-Feira 13, Halloween e A Hora Do Pesadelo nos anos 80, e muitos deles são homenageados em Sem Conexão, em algumas cenas de assassinatos. Mas então vamos para a história!  

O Filme
Um grupo de jovens são obrigados pelos pais a participarem de um fim de semana em um acampamento para viciados em internet, jogos e filmes. Como em todo bom filme de terror, esse acampamento fica distante, no meio de uma floresta, e todos os internos são obrigados a entregar seu aparelhos eletrônicos ao chegar. Literalmente, ficando sem conexão nenhuma com a civilização. Os jovens são separados em pequenos grupos, e usando outro clichê básico nesse tipo de filme, o grupo menor é formado por tipos diferentes: o atleta, o nerd, a gostosona, a estranha, o piadista e por aí vai. Nada de novo, mas ainda assim te faz querer seguir em frente. Por ser de um país em que pouco se conhece (eu pelo menos nunca pesquisei no Google como é a Polônia!), o filme explora temas interessantes antes da matança começar, como a dificuldade de se assumir gay no país, por exemplo.

Outros assuntos comuns também são abordados, como a aparência é importante para conseguir as coisas, como pré-julgam alguém pelas roupas ou peso, e assim por diante. Algo típico de um filme teen, que muda radicalmente depois que um dos campistas desaparece, na morte mais legal do filme na minha opinião, e que homenageia o filme Sexta-Feira.

13 - Parte VII.  

Muitas mortes e muitos clichês
Depois do desaparecimento do personagem, o grupo resolve se separar (lógico!), e então um à um são caçados por dois irmãos gêmeos deformados por um motivo bem sem sentido, numa cena mostrada em flashbacks. Criados acorrentados no porão, eles são alimentados pela mãe com animais e pessoas, e após a morte da mãe, conseguem fugir e assombrar a floresta, no melhor estilo Pânico Na Floresta (outra homenagem do filme: uma das mortes é filmada igual ao de uma personagem de Pânico Na Floresta, onde é partida ao meio, na vertical, por um machado.) Do meio para o final, os personagens parecem, como sempre, tomar as decisões mais estúpidas, mas nem por isso perdemos interesse no filme.

Quem é acostumado com filmes de terror aprende a lidar com a estupidez dos personagens, que tem várias oportunidades de matar o vilão, mas resolvem ficar parados. Tanto pela curiosidade, como pelas mortes e personagens secundários, Sem Conexão é uma boa experiência diante de tantos filmes de terror lançados mundialmente. A estatística de que 15 mil pessoas desaparecem por ano na Polônia, e um terço delas é na floresta, torna a experiência ainda mais real. A atuação dos jovens ajuda muita, e é algo bem difícil de se ver em filmes do gênero. O diretor polonês Bartosz M. Kowalski mostrou que tem talento.

Sem Conexão tem um orçamento menor que seu filme anterior, Playground (2016), outro filme que super indico que conta a história de uma menina de 12 anos que no último dia de aula resolve declarar seu amor pelo colega, ela então mente que tem uma reunião, e sozinha com o garoto, as coisas vão sair do controle. Nos minutos finais o filme quase chega ao terror, mas não ultrapassa o limite. Kowalski inclusive não descarta a possibilidade de uma sequência para Sem Conexão, o que seria interessante para explicar direito a história dos gêmeos, que ficou bem meia-boca, parecendo que eles tiveram a ideia na hora, que precisavam de um motivo para os dois serem deformados e improvisaram aquilo. Mas o restante do filme salva e a gente até perdoa esse deslize. 

Finalizando
Sem Conexão já está disponível na Netflix e vale a pena assistir. Passa rápido, é um terror leve, com a maioria das cenas durante o dia (algo raro no gênero) e que merece uma chance. Como diz o título original (tirado de uma famosa canção): Ninguém Dorme Na Floresta Esta Noite, mas garanto que você vai conseguir dormir depois, pois o filme não se preocupa em assustar. Assista o trailer (eu odeio falar isso, pois trailers dão muitos spoilers), e decida se gosta ou não do que vê. 

Desejo para todos os leitores um Natal cheio de paz e saúde, que é o principal nessa época tão conturbada. Que venham muitas felicidades e muitos filmes para fugirmos um pouco da dura realidade lá fora! Até semana que vem.

Trailer legendado: https://www.youtube.com/watch?v=9Qd6bXLRngY 

Trailer dublado: https://www.youtube.com/watch?v=ASnIR0nrnhU