Blog da Poesia

Shakespeare

08/04/2020 09:45

Entre 1603 e 1613, surtos periódicos de peste bubônica mataram quase um décimo da população de Londres, na Inglaterra. Quando os óbitos passavam de 30 por semana, sistematicamente, as autoridades responsáveis baixaram quarentena. Bordeis e teatros eram fechados. E os doentes, trancafiados em suas casas por um período inicial de 28 dias, podendo se estender, se necessário fosse. As residências das pessoas em isolamento ficavam sob a vigilância de guardas que pintavam um cruz vermelha em suas portas. A doença que causava febre e dores tão terríveis e insuportáveis (matava a partir do décimo dia), que pessoas em desespero se jogavam da janela.

Nesse cenário de caos, o maior dramaturgo e poeta de todos os tempos, William Shakespeare passou escrevendo. E, nessa conjuntura de horror, o bardo, em sua fase madura produziu suas obras mais relevantes, entre os quais, O rei Lear, Macbeth e Antônio e Cleópatra. Em Macbeth, um de seus personagens lamenta que naqueles dias, expiravam-se “As vidas dos homens de bem antes de fenecerem as flores de seus chapéus’’.

Sempre é tempo de ler Shakespeare. E de assistir suas peças. Enquanto ainda não podemos voltar aos teatros, podemos recorrer ao Youtube e ver encenações e filmes baseados na sua dramaturgia. Ou reler seus sonetos.

Poemas reflexivos. Introspectivos. Que combinam com nossos dias.

Por: Tiago Vargas

 

Soneto 116

De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.

Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.

Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,

Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.

William Shakespeare

 

O amor é dos suspiros a fumaça;
puro, é fogo que os olhos ameaça;
revolto, um mar de lágrimas de amantes...
Que mais será?
Loucura temperada, fel ingrato, doçura refinada.

Shakespeare



 

Poesia

A poesia
é como a vida,
nem sempre
bem vivida,
nem sempre
bem escrita,
mas quando
lida, sentida.

A poesia
é como o amor,
nem sempre
bem amada,
nem sempre
bem descrita,
mas sempre
bela e bonita.

Enio Santos

 

Em exilio
Rente ao céu
Abarca mundo ausente
Sobremaneira
Sem refúgio
Na grafite fria
Da escrita.

Cris Mb

 

Em tempos de solidões
Palavras são companheiras
Que trazem notícias
Beijos de amor
Abraços sinceros...
Em tempos de isolamentos
Palavras invadem os comodos
Da casa e da alma
Preenchem as horas
Ocupam os espaços...
Em tempos de dores
Palavras curam
Conectam, afagam e unem
E respiram e transpiram
Suaves e sinceras orações...
Em tempos de medos
Palavras trazem segurança
E mandam a cada amigo
Meu mantra de esperança.

Mara Garin
(Poetizando o tempo do covid-19)

 

ÍNDIA BRANCA

Sonhando acordada numa parada de ônibus...
embarcando no sonho ,ela estuda e trabalha
e o suor vale mais do que a lágrima de mágoa.
Não fale mais nada,
a pele tatuada é a sua vontade eternizada,
coberta pelos cabelos crespos,
belo crepúsculo do fim do dia.
Descobri o Brasil em seus olhos negros,
índia branca dos cabelos crespos.
Vivemos o tempo e a vida que temos
tem sempre dois lados,
dia e noite e o horizonte dividiu as nossas vidas,
ontem à noite eu conheci uma linda índia.
De volta pra casa com as costas sem asas
se atira na cama fingindo que ama.
Enquanto ela dorme eu perco o sono,
então se transforme na minha insônia.
A porta fechada e ela enrolada
em um lençol de lua minguante
e mesmo cansada sorri pra madrugada
esperando o sol do dia seguinte.

Cleiton Leal

 

Mundo superficial

Um pintor morreu de fome
porque uma paisagem morta e artificial
despertou mais atenção do que sua obra de arte.
Metáforas da linguagem e a construção
de ideias inteligentes foram substituídas
por palavras vazias e sem significado.
A criatividade esvaiu-se pelo caminho fútil
construído pelo “copiar e colar”.
O tempo psicológico acelerou o relógio
que completou seu ciclo
antes que o poeta alcançasse inspiração.
O palhaço perdeu a graça,
a anedota já não faz mais sentido
e a imaginação cessou de construir castelos na areia.
As ciências exatas ,em desvio de função,
ofuscaram o brilho da pintura abstrata
tentando explicá-la com a lógica.
A harmonia e beleza das notas musicais do piano
cederam lugar ao caos de sons desconexos e desordenados.
O caminho verdadeiro foi pervertido
pelas “teclas de atalho” que levam
ao destino almejado de forma instantânea.
Gabriela Vidal Domingues

 

Cruz

Foi numa cruz
Num madeiro
Que aconteceu
O fato mais verdadeiro
Jesus crucificado
Uma cruz que significa
A entrega de um legado
De submissão e amor
E Jesus está a entregar
Sem reservas, sua vida, sua vontade
E o derramar de seu sangue revela
Sua verdadeira identidade
Um ato final
Que não encerra sua história
Daquele dia em diante
Sempre se traz a memória
O túmulo vazio,
A ressurreição,
A vida que venceu a morte
O poder que a cruz gerou
Ultrapassa gerações
A cruz silenciosa percorreu o calvário
E hoje percorre o tempo
Sua mensagem continua a mesma
Falando aos nossos corações
Ela nunca mudará
O poder da cruz é o mesmo
Capaz de romper algemas
Libertar, curar, salvar
Sua vida transformar
Essa é a mensagem da cruz
Um amor que transcende o tempo
Revelado puramente
No santo nome de Jesus.

Cristina Gomes

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Tiago Vargas

Enio Santos em 08/04/2020 às 11h58

Grande Amigo e Excelente Poeta sempre divulgando a nossa poesia para o Brasil e quiçá para o mundo, elevando assim a nossa amada Cachoeira do Sul. A ti me curvo em agradecimento, deixando-lhe o meu Fraterno Abraço!

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Armindo Trevisan