Blog do Cinema (antigo)
Sol Da Meia-Noite (2018)
Existe uma doença genética chamada Xerodermia Pigmentosa, onde o organismo do doente não consegue combater o dano causado pela radiação ultravioleta do sol. Se expor ao sol, mesmo que por segundos, causa queimaduras e feridas que duram semanas, envelhecimento precoce, degeneração do sistema nervoso, cegueira, perda de audição, tremedeiras, e três tipos de câncer de pele.
Essa doença atinge aproximadamente uma pessoa em cada 200.000. E é sobre uma dessas pessoas que Sol da Meia-Noite fala. O filme de 2018 está disponível na Amazon Prime, ou para aluguel no Youtube e Google Play. O elenco é perfeito, composto pela linda e talentosa Bella Thorne (que eu sou fã apaixonado) e pelo filho de Arnold Schwarzenegger, Patrick Schwarzenegger. Os dois formam o par romântico principal, mas todos no filme dão um show de interpretação, incluindo Rob Riggle, como o pai viúvo que cuida da filha doente.
O Filme
Katie perdeu a mãe quando criança e é criada pelo pai. Desde então ela vive em sua casa, com vidros escuros, dormindo de dia e passando a noite acordada, escrevendo músicas e tocando violão, fazendo cursos online e sendo educada em casa. As crianças da rua costumam dizer que ela é uma vampira, e poucas pessoas na verdade já a viram pessoalmente. Isso porque Katie tem XP (Xerodermia Pigmentosa), do tipo A, a mais grave, onde a expectativa de vida não passa dos vinte anos.
Quando criança, Katie viu um menino passar de skate em frente à sua casa, Charlie, e desde então ela espera todos os dias o momento de ver o garoto passar em sua rua, sem poder vê-la através da janela escura. Isso por dez anos seguidos, até que em uma noite, Katie está tocando violão em um banco na estação de trem e Charlie ouve, e se aproxima. Katie fica assustada de estar frente a frente com o garoto que tem sonhado desde criança, mas logo eles começam uma amizade, que evidentemente evolui para um namoro. Porém Katie evita a todo custo encontros com Charlie durante o dia, inventando desculpas, sem contar a verdade: que o sol pode matá-la!
Prepare o lenço
O romance entre os dois é divertido, com uma química incrível, onde um apoia o outro em seus projetos: ele na natação e ela em suas músicas. O pai fica preocupado com o romance que parece estar cada vez mais sério, e vendo a filha cada vez mais feliz com Charlie, mas escondendo a verdade dele. Até que um dia eles perdem a hora e Katie se desespera diante do nascer do dia. A verdade vem à tona e Katie começa a mostrar sintomas mais graves: feridas surgem em sua pele e uma tremedeira constante que a impede de tocar seu violão, uma paixão para ela.
Com isso, ela decide que o melhor a fazer é se afastar de Charlie, já que ela não tem uma expectativa de vida muito grande e ele merece ser feliz. Desse momento em diante, o filme é emotivo e triste, levando as lágrimas os telespectadores mais sensíveis (tipo eu!). Chorei muito do meio para o final, mas isso não conta muito porque choro até em comercial do O Boticário. O filme agrada bastante quem gosta do gênero romance teen, como A Culpa é Das Estrelas e Um Amor Para Recordar. Embora tenha uma grande preocupação em mostrar como é a vida dos portadores de XP, inclusive mostrando sites com informações sobre a doença nos créditos finais.
O filme é baseado no livro de mesmo nome de Trish Cook, e já foi adaptado para o cinema em 2006 no Japão, que depois virou uma minissérie de 10 episódios no mesmo ano, também no Japão. Em 2015 uma minissérie também foi feita no Vietnã.
Sobre o XP
A doença mostrada no filme, Xerodermia Pigmentosa, é real e costuma mesmo atingir uma em cada 200.000 de pessoas (no filme, eles falam “uma em um milhão”, mas os números aumentaram desde a publicação do livro). É um defeito no DNA, onde as células atingidas se acumulam e não se recuperam, causando assim problemas degenerativos, como as tremedeiras mostrada nos filmes, além de cegueira devido a exposição solar e surdez por degenerar células cerebrais. Não há tratamento, não há cura. A única maneira de prolongar a vida é evitar o sol, e assim ter uma qualidade de vida sem dores e problemas maiores. São divididos em cinco tipos, sendo o tipo A o mais grave, que é o que Katie no filme sofre.
Curiosamente, no Brasil, em Goiás, no povoado de Araras, existe a maior incidência de XP no mundo: uma em cada trinta pessoas na cidade são afetadas pela doença. Isso se dá porque algumas pessoas podem ter o gene defeituoso que causa a doença e não ter sintomas, assim, ela passa para os filhos e as chances vão aumentando de geração em geração. Muitas pessoas da cidade evitam se “relacionar” com pessoas das proximidades, procurando namorados e maridos em outras cidades, para evitar filhos com XP. Araras é um pequeno povoado que vive de agricultura, o que torna bem difícil a vida de quem é afetado pelo XP.
Alguns paciente que buscam ajuda em outras cidades relatam que uma simples viagem pode causar um câncer na pele. Estudos são realizados na cidade e pacientes de outros estados vão para Araras em busca de informações e consultas com dermatologistas que estudam os casos. Estudiosos esses que chegaram à conclusão de que os casos em Araras são frutos do “azar”: duas famílias diferentes que fundaram o povoado carregavam o gene sem desenvolver a doença, mas se relacionando, passaram para os filhos, e assim virou uma bola de neve.
Finalizando
Sol da Meia-Noite é um filme bonito, bem feito e reflexivo sobre o aproveitar o momento presente, sem deixar nossos sonhos e planos sempre para o amanhã, que pode nunca chegar. É um drama misturado com romance, e alguns momentos musicais, onde Katie canta suas composições. Um filme emocionante que serve para todas as idades, e ideal para ver com a família (devido ao relacionamento entre Katie e o pai) ou com o crush do lado. Veja os trailers e bom filme. Até semana que vem!
Trailer legendado: https://www.youtube.com/watch?v=bc1WWuC8WiE
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